Na audiência de custódia realizada na tarde desta terça-feira, a Justiça manteve a prisão do pai e da filha que agrediram uma médica no Hospital Municipal Francisco da Silva Teles, localizado em Irajá, zona norte do Rio.
O que aconteceu:
André Luiz do Nascimento Soares, de 46 anos, e Samara Kiffini do Nascimento Soares, de 23 anos, tiveram sua prisão em flagrante convertida em preventiva na Central de Custódia de Benfica. Eles foram detidos sob acusação de agredirem a médica Sandra Lúcia Bouyer Rodrigues no último domingo (16).
A Justiça fundamentou sua decisão na “gravidade dos fatos delituosos, cometidos com violência ou grave ameaça contra a pessoa”.
“Os custodiados foram capturados em flagrante logo após causarem danos no hospital, agredirem a única médica de plantão Sandra Lúcia na unidade hospitalar no momento, além de influenciarem diretamente na morte da vítima Arlene Marques da Silva que se encontrava em estado grave.” – Trecho da decisão do TJRJ
O caso
Pai e filha chegaram à emergência do hospital na madrugada de domingo, aproximadamente às 3h30. De acordo com informações da polícia, os dois estavam claramente alterados, e o homem buscava atendimento devido a um pequeno corte na mão.
Dado o grande número de pacientes na unidade, cerca de 60, o homem recebeu a orientação para aguardar ou buscar outro hospital, já que os casos mais graves seriam priorizados.
A investigação revelou que o homem reagiu, afirmando estar armado. Ele teria invadido a Sala Vermelha, onde a médica da unidade estava atendendo, e agredido a profissional com um soco na boca.
Após a agressão à médica, uma paciente de 82 anos sofreu uma parada cardiorrespiratória às 4 horas e faleceu. A confusão se estendeu por cerca de uma hora, e os funcionários do hospital chegaram a contatar a polícia pelo menos dez vezes.
![Pai e filha que agrediram médica em hospital permanecem detidos no RJ](https://osegredo.com.br/wp-content/uploads/2023/07/Screenshot_679.jpg.webp)
A polícia esclareceu que Samara causou vandalismo na sala de espera, quebrando vidros de portas, janelas e cadeiras. Ambos foram presos em flagrante por homicídio doloso, e o homem também foi autuado por lesão corporal. A investigação está a cargo da 27ª DP (Vicente de Carvalho).
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De acordo com o delegado Geovan Omena, que lidera as investigações, pai e filha permaneceram em silêncio durante o interrogatório na delegacia. Nenhum dos dois possuía registros criminais anteriores.
Lesões da médica
A médica Sandra Lúcia estava em atendimento a pacientes quando André invadiu o espaço exigindo atendimento imediato. Ele atingiu Sandra com um soco na boca.
O laudo do exame de corpo de delito constatou cinco lesões: uma na orelha direita, duas nos antebraços (esquerdo e direito), uma na coxa esquerda e outra no tórax, além da lesão na boca, informou a Polícia Civil.
Sandra estará em licença médica por oito dias para se recuperar, mas ela informou que pretende retornar ao hospital. “Estou com medo, mas não posso permitir que isso prejudique minha carreira”, disse ela.
Durante o ocorrido, a médica estava responsável sozinha pelo plantão no hospital. Sandra relatou que, teoricamente, cinco profissionais deveriam estar atendendo no plantão.
O que diz a defesa
Em entrevista ao UOL, o advogado de Samara e André, Claudio Luiz Rodrigues de Souza, descreveu a decisão da Justiça como “no mínimo absurda”. Ele também afirmou que há “dúvidas” sobre o ocorrido, pois, segundo ele, houve uma confusão generalizada no hospital. “O Estado está agindo com excesso, os réus preenchem todo e qualquer requisito para responder ao processo em liberdade”, declarou.
A respeito da acusação de invadir salas do hospital, Claudio afirmou que “não é verdade” e argumentou que a família está sendo “injustiçada pelo clamor social equivocado”.
A defesa ressaltou, ainda, que não existem provas que sustentem a versão apresentada pelo delegado encarregado do caso. “Cadê as filmagens do local? É só pegar e vão verificar que isso não aconteceu. Eles também foram agredidos. E sequer foi feito um exame de corpo de delito nos réus. Estão cheios de hematomas pelo corpo”, argumentou o advogado.