A mãe da professora Vitória Romana Graça, de 26 anos, relatou à polícia que sua filha telefonou ‘aos prantos’ para informar que havia sido sequestrada. A chamada ocorreu no dia seguinte ao desaparecimento, por volta das 5h da manhã.
Quando questionada sobre a identidade do sequestrador, ela simplesmente alegou não poder revelar. No sábado passado, autoridades policiais da 35ª DP (Campo Grande) prenderam Paula Custódio Vasconcelos em flagrante e detiveram sua filha, de 14 anos, por suspeita de sequestro e assassinato da professora.
Desde a última quinta-feira, Vitória estava desaparecida e seu corpo carbonizado foi localizado em uma residência na Comunidade Cavalo de Aço, na Zona Oeste do Rio.
A mãe da professora relatou em depoimento ter recebido ameaças por telefone e exigiram R$ 2 mil como resgate pela sua filha. Paula teve sua prisão convertida em preventiva após audiência de custódia realizada no domingo.
Vitória era professora contratada pela prefeitura por um período de quatro meses e ministrava aulas na Escola Municipal Oscar Thompson, localizada em Santíssimo. Segundo as averiguações, Vitória teve um envolvimento amoroso com a adolescente detida.
Um colega da profissional relatou, em depoimento, que Vitória optou por se distanciar da jovem devido à crença de que a mãe da mesma estava explorando o relacionamento visando ganho financeiro.
Segundo esse conhecido, Vitória mencionou que a geladeira na residência de Paula frequentemente estava sem alimentos, e para auxiliar, a docente adquiria cestas básicas e produtos domésticos para a família.
Conforme a apuração, as duas utilizaram a conta bancária da vítima para realizar uma transferência e quitar uma compra em uma mercearia.
Uma testemunha relatou que, no dia do sumiço, Paula e o irmão dirigiram-se à escola onde Vitória estava empregada. Quando questionada pelo conhecido sobre o motivo da visita, a docente respondeu que Paula a procurara para discutir o término do relacionamento e solicitara que ambas conversassem “fora do seu local de trabalho”.
Conforme o relato do amigo da vítima às autoridades, ele aconselhou Vitória a encontrar-se com a mulher em um espaço público, “de preferência um shopping, onde tem muitas pessoas”.
Na mesma data, a professora esteve na residência de sua mãe cerca de às 21h. Ao deixar o local, teria dirigido-se ao encontro de Paula e desapareceu desde então. Naquela jornada, diversas transações foram efetuadas através do telefone de Vitória para o irmão de Paula. Até o presente momento, as autoridades não conseguiram localizar o paradeiro dele.
Mandado de prisão em aberto
De acordo com informações da 35ª DP, Paula já se encontrava com um mandado de prisão pendente por roubo qualificado. No domingo passado, ela esteve presente em duas audiências de custódia. Uma delas referente ao caso do sequestro e óbito da educadora, e a segunda devido à sua condenação em 2014, na qual recebeu uma pena de seis anos de detenção por um assalto.
No processo, está registrado que ela cometeu quatro assaltos em curto intervalo, em companhia de um menor infrator. Uma parte da determinação naquele período menciona que Paula empregou “um simulacro de arma de fogo, o que denota a extrema ousadia da acusada e denota sua conduta social distorcida”.
Passado de crimes
Existem três anotações na ficha de histórico criminal de Paula. A primeira data de 2010, quando ela foi acusada de “lesão corporal decorrente de violência doméstica”. Entretanto, em 2021, um magistrado decretou a extinção de sua responsabilidade penal, ou seja, cancelou a perspectiva de prisão.
No ano de 2013, Paula foi detida por roubo junto com um menor de 18 anos, caracterizando o crime de “corrupção de menor”, um fator que aumenta a pena.
Em 2014, ela recebeu uma sentença de mais de 6 anos de encarceramento, dos quais executou 1 ano e oito meses em regime semiaberto. A decisão judicial permanece pendente.
O derradeiro registro se refere ao delito pelo qual ela foi detida em 12 de sábado, classificado como “extorsão mediante sequestro”. A Polícia Civil está em processo de investigação do homicídio da professora, que pode estar ligado ao mesmo incidente.