Apenas a sete dias do Natal, a jovem Maya Siek, de 6 anos, adoeceu. De acordo com sua mãe, Magdalena Wisniewska, de 26 anos, a criança apresentava sinais de cansaço, fraqueza, falta de apetite e suor frio. Decidiu agendar uma consulta para o dia seguinte, no entanto, enquanto se preparava para levá-la, a criança desmaiou.
Por conseguinte, foi levada às pressas ao serviço de emergência do Hospital Queen Elizabeth The Queen Mother (QEQM) em Margate, onde a família reside, no Reino Unido.
Após a avaliação médica, os profissionais receitaram antibióticos para tratar a amigdalite, uma infecção na garganta, e informaram que ela estava liberada para retornar para casa.
“Perguntei ao médico sobre a dor de barriga de Maya, a língua branca, a cor pálida e o corpo gelado ao toque, mas ele disse que isso era normal com amigdalite”, compartilhou Magdalena em uma entrevista ao The Mirror.
Devido ao fato de Maya também ter vomitado, ela recebeu uma injeção para controlar as náuseas antes de ser liberada.
Contudo, o quadro de saúde da menina não apresentou melhora. Magdalena relatou que Maya passou a noite sem dormir, mesmo tendo tomado as duas doses prescritas do medicamento, e continuou a queixar-se de dores abdominais.
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Ela também sentia intensa sede e tontura. Na manhã seguinte, Magdalena fez uma ligação alarmada ao hospital, visto que a jovem encontrava-se tão debilitada que mal conseguia se manter em posição vertical. Maya retornou à emergência no pronto-socorro, sendo conduzida por uma ambulância.
Após sua chegada, os médicos requisitaram um exame de covid-19, com resultado negativo. Assim, a jovem, permanecendo pálida e com sensação de frio, obteve diagnóstico de gripe e passou a receber soro. Devido a queixas de intensas dores abdominais e ausência de micção por 48 horas, sua internação ocorreu aproximadamente às 15h.
Os profissionais de saúde asseguraram à família que os sintomas de Maya não suscitavam preocupações substanciais, afirmando que ela poderia retornar ao lar no dia subsequente.
A mãe sustenta que insistiu na observação de que a filha não se encontrava em boas condições. Em determinado instante, conforme relato de Magdalena, a jovem mencionou avistar macacos inexistentes, indicando um estado delirante.
Após mais uma noite sem conseguir dormir, a jovem suplicava por água. Os médicos solicitaram moderação no consumo do líquido. Inquieta, a mãe requereu nova conversa com a equipe e salientou que a respiração da criança estava desordenada, sua pele apresentava palidez e ela enfrentava episódios de desorientação.
A resposta obtida indicou apenas a necessidade de um adequado repouso. Posteriormente, os membros da equipe teriam removido o monitor cardíaco de Maya, sob a suposição de que os sinais sonoros do dispositivo poderiam perturbar seu sono.
Por volta das 15h, durante a tentativa da equipe de colher uma amostra sanguínea, o coração dela cessou seus batimentos.
“Depois de alguns segundos, Maya ficou em silêncio e meu parceiro descobriu que ela havia parado de respirar”, recorda a mãe.
“Nesse momento, ninguém mais reagiu como se algo tivesse acontecido, mas meu companheiro pediu ajuda. Então, todos os outros funcionários se reuniram em nosso quarto. Eles descobriram que o coração de Maya havia parado de bater”, descreve. Isso ocorreu no dia 21 de dezembro.
A equipe deu início às manobras de reanimação, resultando em breve retorno dos batimentos cardíacos de Maya, porém, posteriormente, houve nova interrupção.
“Desta vez, Maya faleceu”, declara.
“Um dia antes, ela estava muito pálida e me disse ‘mamãe, acho que vou morrer’, e eu disse para ela não falar isso. Pedimos ajuda porque ela estava dizendo coisas estranhas como se pudesse ver um macaco se movendo na parede. Tentamos contar ao médico e à enfermeira, mas ninguém nos ouviu. E então seu coração parou de bater”, compartilha a mulher, desolada.
A família inteira sofreu com profunda tristeza. Um relatório subsequente esclareceu que a jovem faleceu devido a uma necrose miocárdica aguda – a morte das células do órgão.
Entretanto, os patologistas não lograram identificar as origens. Um pediatra comunicou à família de Maya que o quadro, muito provavelmente, teve início a partir de uma sepse, infecção disseminada.
No momento, a mãe batalha por uma figura que aceite a responsabilidade pelo óbito de sua filha. Ela compartilhou que, desde a perda da menina, raramente deixou o lar. A família optou por preservar na sala a árvore de Natal que Maya colaborou para enfeitar, antes de adoecer.
“Éramos apenas uma família feliz, com planos e ambições para o futuro de nossos filhos, mas não somos mais. Perdemos completamente a vontade de viver. Estamos aqui porque para cuidar de outra criança [referindo-se ao irmão de Maya, Nathan, 6 anos], mas nossa vida está arruinada e nunca mais será a mesma”, confessou, devastada.
O padrasto da jovem, Raj Blande, compartilhou que jamais apagará esses instantes da memória.
“Maya deu seu último suspiro em minhas mãos”, recorda-se.
“Eu simplesmente não consigo superar isso – acho que nunca vou superar. Havia várias pessoas tratando dela, mas nenhuma delas conseguiu descobrir o que era, até que foi tarde demais. Nada pode trazer nossa filha de volta e sei que nossas vidas nunca mais serão as mesmas. Como padrasto dela, sinto-me culpado, pois gostaria de ter feito algo diferente, pois quando olho para trás, os sinais vermelhos estavam lá”, afirma.
Em 28 de dezembro, a família se reuniu com Tracey Fletcher, a diretora executiva do East Kent Hospitals Trust, instituição que tratou da menina. Nesse encontro, foram comunicados sobre a instauração de uma investigação sobre o falecimento de Maya.
Em março, um pediatra imparcial afirmou que a menina possivelmente contraiu uma gripe, culminando em sepse, gerando toxinas letais que impactaram o coração de Maya. Uma investigação acerca da morte da jovem foi iniciada no mês anterior, porém, sua realização foi adiada até 25 de setembro, a fim de aguardar a conclusão de uma revisão.
Jane Dickson, responsável pela equipe de enfermagem do East Kent Hospitals, mencionou:
“Sinto muito pela perda da família de Maya. Estamos realizando uma investigação completa sobre os cuidados prestados a ela, para nos ajudar a fornecer respostas à família de Maya, além de garantir que saibamos onde precisamos fazer as coisas de maneira diferente e garantir que as lições sejam aprendidas. Continuaremos trabalhando e atualizando a família de Maya como parte da investigação”.