Um vídeo de um jovem garçom negro denunciando ter sido vítima de racismo no restaurante onde trabalhava na região centro-sul de Belo Horizonte viralizou nas redes sociais no último fim de semana.
O estabelecimento proibiu o rapaz de trabalhar no sábado passado (19) assim que ele chegou ao serviço, devido a ele ter feito tranças no cabelo.
Higor Antero dos Santos Rodrigues, 25 anos, relata que no sábado pela manhã ele compareceu ao trabalho no restaurante com seu novo penteado.
“Quando cheguei, meus colegas falaram que estava bem legal [o cabelo com] as tranças. Porém, quando minha chefe me viu, ela já falou que eu não trabalharia no salão, servindo as mesas. Não levei a sério, mas, quando entrei na cozinha, ela repetiu que não me deixaria trabalhar com o cabelo com as tranças e completou dizendo que daqui a pouco eu ia querer ‘trabalhar do jeito que quisesse'”, descreve o jovem.
O ocorrido deixou Rodrigues em estado de choque.
“Eu não estava acreditando que estava sendo impedido de trabalhar por trançar meu cabelo. Minha vontade era chorar, mas eu segurei”, relata.
O jovem buscou o departamento jurídico da empresa, e a responsável questionou se ele estava “trabalhando na feira hippie”, e também fez comentários negativos sobre seu penteado. Nas mensagens que a funcionária enviou, estava escrito:
“Onde você está com a cabeça de colocar trança no cabelo e ir trabalhar?”; “Você trabalha com japonês, não com brasileiro, que é oba oba”; e “Se não perder o emprego, está ótimo”. Além disso, a funcionária mencionou que ele só poderia trabalhar se tirasse as tranças.
![Garçom é impedido de trabalhar em restaurante de BH por usar tranças no cabelo](https://osegredo.com.br/wp-content/uploads/2023/08/whatsapp-image-2023-08-21-at-17.02.21.webp)
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O jovem relatou que a chefe entrou em contato para se desculpar, mas ele percebeu pela entonação que talvez tenha sido pressionada a fazê-lo.
Diante dessa situação, Rodrigues procurou a ajuda de um advogado e registrou um boletim de ocorrência em uma delegacia especializada em casos de racismo e injúria racial. Ele também pretende entrar com uma ação legal contra o restaurante.
Através de comunicado, a equipe de comunicação do restaurante afirmou que “a empresa repudia qualquer ato dessa natureza, sobretudo por sua origem oriental. O restaurante tem mais de 50% de negros em seu quadro de colaboradores e segue todas as normas e deliberações da vigilância sanitária”.
O estabelecimento também alega que “a conversa apresentada pelo colaborador não foi realizada com a administração ou pessoas que respondem pelo estabelecimento legalmente. Portanto, o fato está sendo apurado internamente com todo o respeito a cultura étnica”.
Veja o vídeo abaixo: