Detido hoje (23/8) por disseminação de material de abuso sexual envolvendo menores, o jovem de 18 anos tinha a intenção de realizar um ataque. Ele planejava utilizar as armas pertencentes a seu pai, um bombeiro militar.
Junto com os itens guardados em computadores, investigadores da Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes Cibernéticos (DRCC) descobriram três armas de fogo na residência do suspeito, situada no Recanto das Emas. As armas incluem um revólver e duas espingardas.
O jovem estuda no curso de áudio e vídeo do Instituto Federal de Brasília (IFB) e, durante o depoimento, revelou ter planejado um ataque na instituição.
Veja o momento da prisão:
O delinquente possuía no mínimo 15 “escravas virtuais”, com idades entre 15 e 17 anos. A averiguação demonstrou que ele demandava que as vítimas o tratassem como “senhor” e produzissem gravações íntimas — o que caracteriza o delito de estupro virtual — e de autoflagelação, inscrevendo palavras em seus próprios corpos usando um instrumento cortante. Além disso, ele as instigava ao suicídio.
![Jovem preso por manter "escravas virtuais" planejava massacre com as armas do pai](https://osegredo.com.br/wp-content/uploads/2023/08/Screenshot_1-283-880x640-1.webp)
“Ele confessou tudo. Identificamos cerca de 15 vítimas, mas ainda não é possível precisar [o total]. Essa é só a ponta do iceberg”, comunicou o chefe da DRCC Tell Marzal.
O detento operava um canal no YouTube, contando com 4 mil seguidores, no qual compartilhava vídeos abordando temas de depressão e orientação pessoal. Através desses materiais, ele construía a confiança das vítimas.
“Ele abordava temas como depressão e autoajuda. Com isso, conseguia unir pessoas com esse quadro [da doença] e passava a persuadi-las. Quando ganhava a confiança, pedia nudes. Depois que recebia, a vítima se começava a ser escravizada sexualmente”, descreveu o delegado da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF).
A investigação das autoridades revelou que o infrator, depois de persuadir adolescentes a compartilhar material íntimo por meio de plataformas de mídia social, virtualmente sujeitava as vítimas.
![Jovem preso por manter "escravas virtuais" planejava massacre com as armas do pai](https://osegredo.com.br/wp-content/uploads/2023/08/Screenshot_3-144.webp)
“Ele disse que teve curiosidade para consumir esse conteúdo há cerca de cinco anos, mas começou a praticar [o crime] intensamente há dois”, complementou o delegado.
Ações disfarçadas
A equipe da DRCC notou o interesse de que o investigado se utilizasse da rede de computadores do IFB para disseminar o material de exploração sexual de menores com menos de 18 anos. Segundo o delegado, isso poderia ser uma maneira pela qual o estudante.
“tentar ocultar o acesso [aos conteúdos], por causa do [endereço de] IP público [do instituto]”.
“Ele ficava muito tempo lá, à disposição do curso. E, quando estava no IFB, ele acessava [os conteúdos criminosos]”, concluiu o investigador.
Na manhã de hoje, o jovem foi detido em flagrante. Durante a busca na residência do jovem, os agentes confirmaram que ele mantinha material de pornografia envolvendo menores, produzido com aparelhos domésticos e no computador da instituição universitária.
![Jovem preso por manter "escravas virtuais" planejava massacre com as armas do pai](https://osegredo.com.br/wp-content/uploads/2023/08/Screenshot_4-121.webp)
“A família dele não tinha conhecimento de nada. Disseram que ele era uma pessoa introspectiva e que ficava muito tempo no quarto, usando a internet”, declarou Tell Marzal.
O conteúdo será examinado pela Divisão de Perícias em Informática do Instituto de Criminalística (IC) da PCDF. A operação contou com auxílio de especialistas forenses da instituição e da equipe de Fiscalização Interna do Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal (CBMDF), unidade de segurança local à qual o pai do investigado está vinculado.
Operação policial
O conceito de “Gaslighting”, título atribuído à operação, está ligado a uma tática de abuso mental na qual as informações são distorcidas a ponto de a vítima perder a confiança em sua própria percepção da realidade.
Caso seja considerado culpado, o suspeito poderá enfrentar uma sentença de até 17 anos de reclusão, devido às acusações de captação não autorizada da esfera íntima sexual, retenção de conteúdo pornográfico infantil, incitação à autotortura e suicídio, bem como estupro por meio virtual.
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Posicionamentos
Por meio de comunicado, o IFB comunicou que “mantém atenção constante sobre as atividades que se desenrolam na rede e nas instalações do instituto, efetuando monitoramentos de maneira sistemática”.
A organização adicionalmente relatou que notificou as autoridades policiais quando surgiram suspeitas de irregularidades.
“Nesse contexto e no que concerne à Operação Gaslighting, cumpre-nos informar que, quando identificamos as atividades suspeitas, imediatamente estabelecemos contato com a Delegacia Especial de Repressão aos Crimes Cibernéticos (DRCC), a qual prontamente deu início a uma investigação completa, contando com o total apoio desta instituição”, ressaltou o comunicado.
“Reafirmamos nosso compromisso em combater veementemente qualquer forma de violência. Por meio da educação, da conscientização e da colaboração com as autoridades competentes, estamos empenhados em colaborar para a construção de uma sociedade segura e inclusiva para todos os cidadãos”, enfatizou a declaração.
Os representantes legais do adolescente detido comunicaram à equipe de reportagem que só se pronunciarão nos trâmites judiciais.