Na quarta-feira (23), José Higino da Silva, de 40 anos e natural de Alagoas, foi transferido de Maceió para São Paulo e encontra-se hospitalizado no Albert Einstein. Ele está aguardando um transplante de coração, sendo prioridade na lista de doação de órgãos.
Devido ao problema cardíaco, José está desempregado e sem plano de saúde. Assim como o apresentador Fausto Silva, ele está contando com o apoio do Sistema Único de Saúde (SUS).
Através do SUS, José terá a internação e a cirurgia cobertas, sendo que ele está sendo tratado em um renomado hospital no país. O SUS também é responsável pelo controle da lista de doação de órgãos no Brasil.
A história de José
Desde março, José Higino está registrado na lista de espera por um transplante de coração em Alagoas. Há nove anos, ele lida com insuficiência cardíaca.
Depois de passar por seis hospitalizações e uma complicação adicional, José Higino foi transferido para a lista de prioridade para transplante. Essa lista abrange indivíduos que não podem aguardar um longo período por um órgão vital.
“Provavelmente não teríamos um doador em tempo hábil, e ele poderia vir a óbito. Por isso foi incluído na lista de transplante em São Paulo. Submetemos o caso de Higino ao Ministério da Saúde, e ele foi aceito”. – Daniela Ramos, coordenadora da Central de Transplantes de Alagoas
No Hospital Albert Einstein, ele está hospitalizado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), onde está passando por uma série de exames. José foi levado por uma equipe médica em uma aeronave da Força Aérea Brasileira (FAB) de Alagoas para São Paulo há dois dias.
“O atendimento aqui é 100%. Toda hora tem alguém me vendo. Estou fazendo exames para deixar tudo pronto, porque o coração pode surgir a qualquer momento, não há prazo. Estou confiante, tenho fé em Deus que vai dar tudo certo. – José Higino, direto da UTI do Albert Einstein
Atuando como vendedor e mototaxista em Maceió, José teve que se afastar de suas atividades devido à condição de saúde. Atualmente, ele está recebendo apenas benefícios do INSS.
Como José conseguiu ir ao Albert Einsten?
Um programa do Ministério da Saúde cobre esse tipo de procedimento. José encontra-se hospitalizado em uma instituição de renome no Brasil para transplantes, conhecida por atender também pessoas de destaque financeiro e celebridades do país.
José de Alagoas foi incorporado ao programa de transplante do Hospital Albert Einstein por meio do Proadi-SUS (Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde). Este programa auxilia os estados no atendimento a pacientes que necessitam de serviços que as unidades locais não conseguem oferecer.
Estabelecido em 2009, o Proadi auxilia com assistência, pessoal, pesquisa, avaliação e gestão necessários ao Ministério da Saúde. Esta iniciativa reúne seis hospitais sem fins lucrativos, todos eles referências nacionais:
- Hospital Alemão Oswaldo Cruz
- Beneficência Portuguesa de São Paulo
- Hcor
- Hospital Israelita Albert Einstein
- Hospital Moinhos de Vento
- Hospital Sírio-Libanês
Durante 13 anos do programa Proadi, foram investidos R$ 7,9 bilhões em recursos no SUS. Conforme o acordo com o Ministério da Saúde, os hospitais contribuem com valores equivalentes à imunidade fiscal que possuem como entidades filantrópicas.
José na lista prioritária
A prioridade concedida a José Higino se deve ao fato de que a lista de espera por transplantes de órgãos é unificada. A ordem em nível nacional é estabelecida através de critérios técnicos, considerando aspectos como gravidade e compatibilidade com o doador.
No caso do Faustão, ele foi internado no mesmo hospital em 5 de agosto e também faz parte da lista de espera por um coração.
“Falta muito doador no país”
“Conseguimos fazer, dentro do Einstein, coisas que alguns hospitais públicos não conseguem. No caso de transplante, as equipes são as mesmas, seguem os mesmos protocolos e usam os mesmos materiais, sejam pacientes do privado ou do SUS”. – José Eduardo Afonso Jr., coordenador médico do Programa de Transplantes do hospital Albert Einstein
No caso de José Higino, ele foi selecionado devido à gravidade de sua condição e à possibilidade de necessitar de recursos para manter sua vida até a disponibilidade de um doador. O hospital Einstein possui tecnologias como o ECMO, que atua como um coração artificial.
O coordenador esclarece que muitos pacientes optam por realizar o transplante em São Paulo devido ao fato de o estado ser o mais populoso do Brasil e estar próximo de outras grandes regiões, onde a disponibilidade de doadores é maior.
No contexto de transplante cardíaco, a urgência é crucial: o intervalo ideal para a captação e implantação de um órgão é de até 4 horas. Esse fator torna desafiador, por exemplo, que um paciente em Maceió receba um órgão a tempo se este for obtido no Sul ou Sudeste do país.
“Mais da metade dos transplantes de coração são feitos em São Paulo. Falta muito doador no país todo, e São Paulo não é diferente. A gente estima que seriam necessários 1.500 transplantes, mas o país só faz 350 por ano”. – José Eduardo Afonso Jr.
Atualmente, 65,9 mil indivíduos aguardam por transplantes no Brasil, sendo 386 deles na busca por um coração. Essas informações foram fornecidas pelo Ministério da Saúde em 16 de agosto.
No território brasileiro, a doação de corações está condicionada à permissão dos familiares de um indivíduo que se encontra em morte cerebral, de acordo com a ABTO (Associação Brasileira de Transplante de Órgãos).