Um bebê com quatro meses de idade faleceu de pneumonia após receber tratamento para o que foi inicialmente considerado um quadro de gases em Florianópolis.
A criança foi levada ao menos quatro vezes a dois hospitais públicos na capital, e de acordo com a mãe do bebê, Camila Guedes Correia, um boletim de ocorrência será registrado hoje, 31 de agosto.
O falecimento foi confirmado no domingo passado, dia 27 de agosto. Em um comunicado ao G1 SC, a Polícia Civil informou que, embora não tenha recebido uma denúncia formal sobre o incidente, está “diligenciando para apurar a situação e investigar a morte”.
Samuel Edson Correia foi levado por seus pais para consulta médica pela primeira vez em 23 de agosto, uma quarta-feira, no Hospital Florianópolis.
Naquela ocasião, um médico informou ao casal que o bebê possivelmente estava sofrendo de problemas gastrointestinais, e, como resultado, ele recebeu tratamento e foi liberado no mesmo dia.
Os pais retornaram com a criança ao mesmo hospital no sábado, 26 de agosto. O bebê ainda apresentava sintomas, incluindo tosse persistente e bastante choro. Ele foi submetido a uma série de exames, mas o diagnóstico não foi alterado.
Após mais uma noite no hospital, a família trouxe novamente o menino para a unidade, mas desta vez ele foi transferido para o Hospital Infantil Joana de Gusmão, onde passou por outro exame de raio X. O diagnóstico anterior foi mantido e, após receber medicação para dor e gases, o bebê foi liberado.
“Falei que a fezes estavam com cor diferente, e o médico disse que era normal. Falei que ele não estava mais mamando, e ele disse que era por causa da dor” contou a mãe.
A mãe admitiu que o bebê permaneceu com dor em casa:
“Não deu nem meia hora e ele acordou gritando muito, com a boca roxa. Logo percebi que estava com falta de ar, corremos para o hospital” comentou.
Ao chegarem, de acordo com Camila, o bebê já não estava mais respirando.
“Ficaram mais de uma hora fazendo reanimação, não adiantou […] o meu filho não voltou, o meu filho morreu nos meus braços, com diagnóstico de gases” relatou Camila.
O Hospital Florianópolis, em comunicado, esclareceu que “os profissionais desta unidade de saúde adotaram todas as medidas previstas nos protocolos clínicos para o caso, buscando salvar a vida da criança”.
Por outro lado, o Hospital Infantil Joana de Gusmão ressaltou que “não foi evidenciada nenhuma prática indicativa de negligência, imperícia ou imprudência”.
Nota do Hospital Florianópolis
“O Instituto Maria Schmitt-IMAS, entidade gestora do Hospital Florianópolis, em respeito à sociedade, imprensa e, especialmente aos pacientes e seus familiares, vem a público informar sobre os atendimentos prestados a um bebê neste último domingo, dia 27 de agosto. Salientamos que de acordo com o prontuário médico, o paciente foi recebido para atendimento no HF no dia 23/08 com sintomas gripais, em bom estado geral, sendo liberado com orientações. Em 26/08 foi reavaliado, permaneceu na unidade para realização de radiografias e exames laboratoriais, sendo constatada estabilidade do quadro naquele momento e sendo realizadas orientações para os familiares. Em 27/08 ao retornar foi constatada a necessidade de encaminhamento ao Hospital Infantil Joana de Gusmão, unidade de referência para atendimento infantil, para avaliação especializada. No mesmo dia, 27/08, após avaliação e alta do HIJG, o paciente retorna à emergência do HF por volta das 22h30 apresentando-se em parada cardiorrespiratória, sendo realizado 70 minutos de manobras de reanimação, contando também com apoio ágil do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência-SAMU. Infelizmente, o paciente faleceu às 23h50 apesar de todos os esforços. A Direção e toda a equipe do Hospital Florianópolis lamenta profundamente pela perda e reforça que os profissionais desta unidade de saúde adotaram todas as medidas previstas nos protocolos clínicos para o caso, buscando salvar a vida da criança. Registre-se que toda a equipe agiu empenhada e comprometida a solucionar o caso, sem indícios de qualquer conduta negligente ou imprudente. No entanto, o estado de saúde, já muito comprometido, do menor evoluiu para o óbito.”
Nota do Hospital Infantil Joana de Gusmão
“A Direção do Hospital Infantil Joana de Gusmão (HIJG) informa que, conforme os registros em prontuário médico, não foi evidenciado nenhuma prática indicativa de negligência, imperícia ou imprudência. Após criteriosa avaliação dos dados registrados em prontuário médico, por todos os profissionais envolvidos, observou-se que o atendimento foi realizado com atenção e zelo”.