A ursa italiana Amarena, que se tornou viral nas redes sociais devido às suas aparições pacíficas próximas a áreas habitadas, foi fatalmente alvejada por tiros de fuzil por um indivíduo em Abruzzo, região central da Itália.
O Parque Nacional de Abruzzo, Lazio e Molise (Pnalm) divulgou a notícia, informando que seus guardas e um veterinário foram despachados ao local, porém, constataram apenas a morte da ursa, ocorrida na quinta-feira (31).
O responsável foi identificado, conduzido às autoridades carabineiras e submetido a interrogatório em uma delegacia.
Conforme os relatos iniciais, ele teria alegado que disparou movido pelo medo e sem a intenção de causar a morte, justificando que encontrou a ursa em sua propriedade e cometeu “um ato impulsivo, instintivo”.
Ele enfrentará um processo movido pelo Ministério Público por crime de crueldade ou morte desnecessária de animais, sujeito a uma pena que varia de quatro meses a dois anos de reclusão, tendo também sua arma apreendida.
“As apurações sobre a dinâmica dos fatos estão em andamento, e a equipe está empenhada em buscar os dois filhotes da ursa para avaliar os próximos passos” declarou o Parque em seu comunicado.
Um contingente de mais de 100 homens está empenhado na busca pelos animais, contando com a assistência de drones.
Ameaças ao atirador
O homem que disparou fatalmente contra a ursa afirmou ontem que tem sido alvo de uma série de ameaças de morte.
“Faz três dias que não durmo nem como. Parei de viver. Recebo continuamente telefonemas e mensagens com ameaças de morte” declarou Andrea Leombruni à ANSA.
O italiano ressaltou que sua família inteira “está sendo ridicularizada” e reconheceu que cometeu um erro ao disparar contra Amarena após encontrá-la em sua propriedade.
“Eu fiz a coisa errada. Percebi isso assim que dei o tiro. Fui eu quem chamou a polícia” declarou ele.
A esposa de Leombruni validou que toda a família estava enfrentando uma “provação” e expressou que “esta violência não está certa”, “uma tortura a que nos estão submetendo”.
Segundo ela, os promotores estão conduzindo uma investigação e irão processar seu esposo.
“Certamente seremos punidos, com razão, mas por que temos que viver com proteção policial? “Por que deveríamos ter medo de viver?” questiona.
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Comoção
As aparições mais recentes de Amarena, que alcançaram grande popularidade nas redes sociais, incluíam a presença de seus filhotes. Essas imagens eram vistas como um símbolo de harmonia entre a comunidade humana e a fauna local.
“O episódio é gravíssimo, causa um dano enorme à população [de ursos do local] que tem cerca de 60 exemplares, atingindo uma das fêmeas mais prolíficas da história do Parque. Obviamente não existem motivações de nenhum tipo para justificar. Amarena, embora já tenha causado danos a atividades agrícolas e zootécnicas – sempre indenizadas pelo Parque – jamais havia ameaçado nenhum ser humano” afirmou o Pnalm.
Em declaração à ANSA, o diretor do Pnalm, Luciano Sammarone, expressou sua indignação:
“Dissemos e repetimos: ‘somos modelo, Abruzzo é modelo’. Não somos modelo de nada. Diante de homicídios que vemos nos jornais, a morte de uma ursa pode não parecer nada, mas não é assim”.
O governador de Abruzzo, Marco Marsilio, manifestou pesar pelo ocorrido e afirmou que a região se envolverá como parte interessada no processo contra o responsável:
“Representa um ato gravíssimo que deixa dor e raiva por um gesto incompreensível. Queremos tutelar a honra de nosso povo”.
Nas plataformas de mídia social, inúmeros admiradores de Amarena compartilharam seus comentários: “É um dia de luto”; “era o símbolo do parque com seus passeios”; “a maldade não tem limites”; “não há paz neste mundo para eles”.