A esposa do motorista de aplicativo que foi atingido no rosto por um tiro disparado por um policial militar à paisana durante um conflito de trânsito no último sábado (30) relatou que Bruno Adão Gomes da Silva, de 33 anos, perdeu o olho esquerdo e passou por uma cirurgia que durou dez horas.
Além disso, há a possibilidade de sequelas neurológicas devido à bala ter atingido o cérebro. O motorista está hospitalizado no Hospital João XXIII, localizado no centro de Belo Horizonte.
Conforme relato da Polícia Militar, o policial, identificado como Aldir Gonçalves Ramos, de 41 anos, foi detido em flagrante por lesão corporal. Ele é cabo da PM e estava fora de serviço e à paisana durante o incidente.
A PM divulgou uma nota neste domingo (1º) informando que, após o incidente, o policial foi conduzido à Delegacia da Polícia Civil, visto que se trata de um crime comum e não de natureza militar.
A Corregedoria da instituição também está acompanhando o caso.
Em resposta a questionamentos, a Polícia Civil de Minas Gerais declarou que está conduzindo as investigações de polícia judiciária para esclarecer as circunstâncias do incidente.
Entenda o caso
O conflito entre o motorista e o policial militar ocorreu na avenida Otacílio Negrão de Lima, próximo ao número 3.450, no bairro Bandeirantes, na região da Pampulha, no início da tarde de sábado.
Bruno estava conduzindo um veículo, enquanto o policial estava em uma motocicleta vermelha. Conforme relatos de testemunhas, uma discussão teve início entre os dois.
Um vídeo capturado por um espectador registra o instante em que o policial desce de sua motocicleta e arremessa uma pedra contra o vidro traseiro do veículo de Bruno. Uma luta física irrompe quando o motorista de aplicativo sai de seu carro. Ambos acabam no chão, e o policial saca sua arma.
Testemunhas presentes no local relatam que, para se defender, o motorista de aplicativo desarmou o cabo da PM e arremessou sua arma para longe. Após desarmar o policial militar, o condutor solicitou auxílio aos guardas municipais que estavam em serviço no local.
A Guarda Municipal esclareceu, em comunicado, que o motorista adentrou a Unidade de Segurança Preventiva (USP) da Guarda Civil Municipal de Belo Horizonte, localizada na avenida Otacílio Negrão de Lima, na Pampulha.
Antes que um guarda municipal pudesse abordá-lo, o policial militar à paisana alegou estar perseguindo o motorista devido a uma tentativa de roubo.
Os dois homens entraram em confronto, resultando em um tiro acidental disparado pela arma do policial, que atingiu o motorista na testa. O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi chamado e transportou o ferido para o pronto-socorro do Hospital João XXIII.