A Polícia Civil e a Polícia Militar do Rio de Janeiro encontraram na madrugada de hoje (6) quatro corpos que acredita-se serem de suspeitos responsáveis por um tiroteio fatal que resultou na morte de três médicos em um quiosque na Barra da Tijuca, na zona oeste da cidade.
Conforme apurado, os quatro indivíduos suspeitos teriam sido julgados e executados pelo “tribunal do crime” – uma prática de punição a infratores dentro de facções criminosas como o PCC (Primeiro Comando da Capital) e o CV (Comando Vermelho).
A polícia está investigando se os quatro foram mortos pelo CV por terem assassinado os médicos por engano.
Eles teriam confundido o ortopedista Perseu Ribeiro Almeida, uma das vítimas, com Taillon de Alcantara Pereira Barbosa – acusado pelo Ministério Público do Rio de fazer parte de uma milícia em Rio das Pedras, também na Zona Oeste do Rio.
![Como é o "tribunal do crime" que teria executado suspeitos do assassinato de médicos](https://osegredo.com.br/wp-content/uploads/2023/10/whatsapp-image-2023-10-05-at-14.28.39-768x499-1.webp)
Como funciona o “tribunal do crime”
A denúncia de atividades criminosas, menção ao nome da facção em diálogos com outras pessoas e até infrações consideradas “mais leves”, como urinar em público, podem levar, dentro da facção, a um julgamento no “tribunal do crime”.
Facções como o PCC possuem um tipo de estatuto, e as punições para os transgressores variam desde suspensões até homicídios.
O júri no “tribunal do crime” é constituído por membros livres e encarcerados. Há uma “discussão” entre os “jurados” antes do “veredicto”, que pode resultar na pena de morte.
As pessoas levadas ao “tribunal do crime” passam por sessões de tortura e espancamento. As vítimas podem ser amarradas e amordaçadas em cativeiro.
Os “tribunais do crime” geralmente acontecem com a participação de membros da alta cúpula das facções no sistema prisional, por meio de ligações ou videochamadas, mantendo contato com as lideranças nas ruas. Os homicídios só são executados com autorização dos líderes.
Morte e consequências
Aqueles considerados “culpados” pela facção podem ser enforcados, baleados ou ter suas cabeças decepadas.
A facção pode deixar os corpos em porta-malas ou locais abandonados, amarrados com pés e mãos a um torniquete e envoltos em cobertores.
Parentes das vítimas, após o crime, tornam-se alvo da facção criminosa. Aqueles que não apresentarem uma cópia do depoimento aos membros do PCC também correm perigo de morte.