Os servidores da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) detidos na Operação Última Milha nesta sexta-feira (20/10) são Rodrigo Colli, especialista na área de Contrainteligência Cibernética do órgão, e o oficial de Inteligência Eduardo Arthur Izycki.
A Polícia Federal (PF) lançou a operação nesta manhã para apurar o uso não autorizado por parte dos servidores da Abin do sistema de geolocalização de celulares.
Juntamente com as duas detenções, os agentes realizaram 25 buscas e apreensões, bem como outras medidas cautelares, autorizadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF), em diversos estados, incluindo São Paulo, Santa Catarina, Paraná, Goiás e no Distrito Federal.
Entre as pessoas que teriam sido objeto de monitoramento, incluem-se jornalistas, políticos e opositores da administração de Jair Bolsonaro (PL).
![Descubra quem são os servidores espiões da Abin presos nesta sexta-feira](https://osegredo.com.br/wp-content/uploads/2023/10/Eduardo-Arthur-Izycki-Abin.webp)
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As equipes também estão apurando a conduta de dois funcionários da Abin que estavam sujeitos a um processo administrativo disciplinar com a possibilidade de serem demitidos.
Conforme as investigações, eles teriam utilizado o conhecimento sobre o uso inadequado do sistema como uma forma de pressão indireta para evitar a demissão.
Os indivíduos sob investigação podem ser responsabilizados por delitos como invasão de dispositivo informático de terceiros, participação em organização criminosa e prática de interceptação de comunicações telefônicas, informáticas ou telemáticas sem autorização judicial ou com objetivos não permitidos por lei.
Em um comunicado divulgado nesta sexta-feira, a Abin declarou que o software de espionagem sob investigação pela Polícia Federal foi descontinuado em maio de 2021.
A agência também informou que desde fevereiro deste ano vem conduzindo uma investigação interna para apurar irregularidades no uso desse programa.
Os resultados dessa apuração interna foram compartilhados com a PF e o STF. Além disso, os afastamentos temporários de servidores ordenados pelo judiciário foram cumpridos.
FirstMile
Os servidores visados pela Operação Última Milha utilizavam um aplicativo denominado FirstMile (“primeira milha”, em tradução livre do inglês) para efetuar espionagem de celulares de maneira ilegal.
A ferramenta possibilita a vigilância de até 10 mil dispositivos móveis a cada 12 meses. Além disso, ela gera registros de deslocamento e emite alertas em tempo real sobre a movimentação dos aparelhos registrados.
Conforme as investigações, o sistema de geolocalização empregado pela Abin é um software que interfere na infraestrutura crucial da telefonia no Brasil. A rede teria sido alvo de diversas invasões, fazendo uso do serviço adquirido com fundos públicos.