Amigo de Renato Cariani, o empresário Fabio Spinola é apontado pela Polícia Federal (PF) como o elo entre o influenciador fitness e o tráfico de drogas.
Ele já foi detido neste ano em outra operação por suposto envolvimento com a venda de entorpecentes e deixou a prisão semanas antes de os policiais apreenderem R$ 100 mil em dinheiro vivo em sua residência, nesta terça-feira (12/12).
Spinola também é apontado como o responsável por manter uma conta de e-mail falsa em nome da AstraZeneca, supostamente criada para simular um contato entre a empresa de Cariani, a Anidrol, e o laboratório, justificando transações de R$ 212 mil em dinheiro vivo que levantaram suspeitas da Receita Federal.
Segundo a PF, ele seria o intermediário entre a indústria química e os traficantes de drogas.
De acordo com as investigações, o esquema do qual o influencer faria parte desviou, ao longo de seis anos, uma quantidade de substâncias químicas suficiente para produzir 15 toneladas de crack.
Estima-se que os produtos teriam um valor aproximado de R$ 6 milhões, e, conforme o delegado Vitor Beppu Vivaldi, as cifras no mercado clandestino poderiam atingir “valores estratosféricos”.
A Polícia Federal suspeita que Spinola tenha agido como um falso representante de multinacionais farmacêuticas, negociando com a Anidrol. Conforme as informações policiais, ele emitia notas fiscais em nome da empresa de Cariani para encobrir a compra de substâncias químicas utilizadas na produção de entorpecentes.
Conforme destacado pelo blog de Fausto Macedo, no Estadão, a Polícia Federal identificou imagens de Cariani e Spinola almoçando juntos, como evidenciado em fotos.
Durante a operação que resultou na prisão de Spinola no primeiro semestre, ele foi apontado como um corretor de imóveis de luxo utilizado para lavagem de dinheiro do tráfico de drogas.
“A investigação começou a partir das notas de dois depósitos em dinheiro vivo feitos para duas multinacionais farmacêuticas. A empresa, no entanto, não reconhecia as transações e dizia não ter relação com a fornecedora e com os supostos funcionários” declarou o delegado Vitor Beppu Vivaldi.
“Essa forma de operar visa justamente dificultar a fiscalização da Polícia Federal. Nesse caso dos produtos químicos, criando essa ferramenta para escamotear as substâncias, você dificulta o trabalho. A ideia de emitir notas em nome das multinacionais era que, por terem movimentações muito grandes, as notas passariam batidas”, acrescentou o chefe da Delegacia de Repressão a Entorpecentes da PF, Fabrizio Galli.
Como noticiado pelo portal Metrópoles, a investigação teve origem em uma denúncia da AstraZeneca, após o laboratório ter sido notificado pela Receita Federal para esclarecer depósitos de R$ 212 mil realizados em seu nome nas contas da Anidrol. A AstraZeneca informou ao fisco que nunca realizou tais transações financeiras.
Durante o mesmo procedimento, Cariani apresentou uma defesa que incluía uma troca de e-mails com um suposto representante da AstraZeneca chamado Augusto Guerra.
Com autorização judicial, a PF acessou a quebra de sigilo telemático dos investigados e descobriu que a identidade informada pertencia a um homem nascido em 1929 e já falecido. Além disso, foram encontradas evidências de que Fabio Spinola havia registrado o e-mail falso.
Nas mensagens trocadas a partir de 2017, o falso representante da AstraZeneca questiona Renato sobre orçamentos para grandes volumes de substâncias, como cloridrato de fenacetina, acetato de etila e lidocaína, em pesagens que chegam a 500 quilos desses componentes. Eles também discutiram as notificações da Receita.
Em comunicado, a AstraZeneca do Brasil confirma que procurou a Polícia Federal em 2019 para “comunicar possíveis fraudes relacionadas a notas fiscais emitidas indevidamente em nome da farmacêutica” e ressalta que “nunca teve qualquer relação comercial com a Anidrol”, empresa de Renato Cariani.
“A farmacêutica esclarece, também, que não realiza pagamentos em espécie a nenhum tipo de prestador de serviços ou fornecedor e que não reconhece o nome de Augusto Guerra, que integra as investigações, como possível colaborador da empresa”, afirma o comunicado da AstraZeneca.
Prisão e advogado de líder do PCC
Este ano, Spinola foi detido em outra operação da PF, chamada Down Fall, que confiscou mais de R$ 2,1 milhões e executou 30 mandados de prisão por tráfico de drogas no Porto de Paranaguá (PR).
Nesse processo, ele foi representado por Eliseu Minichillo, o mesmo advogado de Pedro Luiz da Silva Soares, conhecido como Chacal, acusado de pertencer à alta cúpula do Primeiro Comando da Capital (PCC) e que foi libertado no final de outubro.