Milionária, com um poder bélico significativo e considerada a maior e mais temida facção criminosa do país, o Primeiro Comando da Capital (PCC) sempre teve como um dos principais objetivos garantir a liberdade de Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, líder máximo da organização.
Entretanto, os planos de fuga nunca se concretizaram, sendo sempre frustrados pelas forças de segurança federais.
A fuga histórica de dois membros do Comando Vermelho, rival do PCC, de uma cela de Regime Disciplinar Diferenciado (RDD) na penitenciária federal em Mossoró (RN) chegou ao conhecimento do líder máximo da facção paulista.
No entanto, ao saber da fuga sem precedentes, Marcola não fez nenhum comentário e demonstrou um semblante “apático”, conforme apurado pela coluna Na Mira do site Metrópoles.
Os membros do CV conseguiram fugir de uma unidade federal usando uma estratégia que ainda está sob investigação.
Em 2022, o PCC já havia concluído 90% de um planejamento para realizar um resgate cinematográfico no presídio federal de Porto Velho (RO). No entanto, as autoridades interceptaram a intenção, e a investida foi suspensa pelos membros da facção.
Veja:
![Descubra a reação de Marcola, líder do PCC, ao saber de fuga em Mossoró](https://osegredo.com.br/wp-content/uploads/2024/02/2-Descubra-a-reacao-de-Marcola-lider-do-PCC-ao-saber-de-fuga-em-Mossoro.jpg.webp)
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R$ 60 milhões
Quase como uma obsessão, o desejo do PCC em garantir a liberdade de Marcola tem um preço, e é elevado. A estrutura montada para colocar o plano em prática teria custado aproximadamente R$ 60 milhões.
Essa quantia seria investida na contratação de assaltantes especializados na modalidade criminosa conhecida como “novo cangaço”, que invade e domina pequenas cidades no interior do país, todos especializados em roubos a bancos.
Já a fuga dos detentos faccionados do CV teria sido muito mais econômica. Rogério da Silva Mendonça, 35 anos, e Deibson “Tatu” Cabral Nascimento, 33, sumiram em uma região de mata fechada após escaparem por um buraco no telhado da prisão.
Após cometerem furtos em residências em uma área rural, foram avistados carregando mochilas e usando tênis.
A área é a mesma em que a polícia descobriu indícios de pegadas, roupas, toalhas e lençol. Reforçou-se a vigilância no local. A equipe policial encarregada de capturar os fugitivos concentra as buscas em um raio de 15 km ao redor da prisão.
Drones
Na manhã desta quinta-feira (15/2), a Polícia Federal (PF) deslocou para Mossoró uma série de drones, cães farejadores e helicópteros para as operações de busca. Mais de 300 policiais participam da investigação. Os drones possuem tecnologia avançada e estão equipados com câmeras de infravermelho.
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Por ordem do ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, formou-se uma força-tarefa com membros da PF e da Polícia Rodoviária Federal (PRF) para se juntarem às operações de busca. As forças policiais do Rio Grande do Norte também estão em ação.
Os policiais suspeitam que Rogério e Tatu não tenham avançado muito na fuga, devido ao cerco montado para localizá-los. Na área rural de Mossoró, as equipes identificaram pegadas e recolheram roupas, toalhas e lençóis. Segundo os investigadores, essas peças teriam sido furtadas de uma residência próxima à penitenciária.
Intervenção
A fuga sem precedentes levou o Ministério da Justiça e Segurança Pública a tomar providências. Ainda na noite de quarta-feira (14/2), o ministro Ricardo Lewandowski determinou o afastamento imediato da atual direção da penitenciária potiguar.
Lewandowski designou o agente penitenciário federal Carlos Luis Vieira Pires como interventor na prisão, encarregado de assumir o comando da unidade. Vieira Pires partiu para o local na tarde de quarta-feira, acompanhado pelo Secretário Nacional de Políticas Penais, André Garcia.
A Penitenciária Federal de Mossoró foi inaugurada em julho de 2009 e está localizada em uma área rural do Rio Grande do Norte. Atualmente, 68 detentos encontram-se na unidade.
Rogério e Tatu foram encaminhados para o presídio de Mossoró em setembro de 2023. Ambos estavam cumprindo pena no Complexo Penitenciário de Rio Branco, no Acre, e estiveram envolvidos em uma rebelião no Presídio Antônio Amaro Alves, que resultou na morte de cinco detentos – alguns deles decapitados – em julho de 2023.
Vinculados ao Comando Vermelho, Deibson Nascimento e Rogério Mendonça estiveram “diretamente envolvidos” com a rebelião, conforme declarado pelo governo local.
Defesa
Em relação à determinação do Ministério da Justiça de restringir os benefícios concedidos aos detentos nas prisões federais, o advogado Bruno Ferullo argumenta que um evento isolado não deve ser preponderante para que a decisão impacte todas as prisões federais do país.
“No meu ponto de vista, o direito ao banho de sol é imprescindível para a saúde, integridade física e psicológica dos custodiados, não pode ser restringido por normas ou práticas internas ou por conta de um caso isolado de fuga. Portanto, deve-se assegurar aos custodiados o respeito à integridade física e moral, conforme estabelece o artigo 5º, inciso XLIX, da Constituição, bem como o direito à saúde e a garantia contra a não imposição de penas cruéis ou degradantes que violem a dignidade da pessoa humana”, afirmou.