Desde domingo, 10, a família de Gabriely Gonçalves da Costa vive momentos de angústia.
Aos 22 anos, Gabriely faleceu pouco depois de dar à luz no Hospital Unimed São Roque, no interior de São Paulo. Desde então, seus parentes buscam esclarecimentos sobre as circunstâncias de sua morte. Acusações de negligência médica foram levantadas pelos familiares da jovem.
Poliana Souto, jornalista e familiar da vítima, relata que houve rompimento da bolsa e presença de mecônio no líquido amniótico, considerado normal pela médica responsável pelo parto.
“Segundo ela [a médica], era comum encontrar fezes no útero, e levou aproximadamente duas horas para realizar o parto, mesmo após identificar o resíduo que pode provocar infecções e ruptura uterina. A bebê nasceu enrolada no cordão umbilical, sem respirar. Ela veio ao mundo roxa e sem respiração, e a reanimação foi feita diante dos pais”, descreve.
A equipe médica só teria notado que algo estava errado horas mais tarde. Tersi Bueno, sogro de Gabriely, relatou ao site Terra uma série de “erros graves” que, em sua opinião, poderiam ter contribuído para a morte da nora.
De acordo com Bueno, o parto aconteceu às 15h.
“Vinte minutos após ela ser levada ao quarto, questionamos os médicos sobre a necessidade de intervenção, pois ela não parecia bem. Estava pálida, fraca, com olhos caídos. E somente às 17h20 ela foi examinada”, conta.
Monitoramento em UTI “como precaução”
O sogro menciona que os médicos não detectaram anormalidades no sangramento de Gabriely. Por volta das 19h, entretanto, decidiram transferi-la para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
Segundo o sogro, a equipe médica afirmou que a jovem precisava ser “monitorada como precaução”, já que seu estado era “estável”.
“Realizaram uma curetagem, e havia a possibilidade de perfuração do útero, momento em que ela foi levada ao Centro Cirúrgico”, recorda.
Tersi Bueno afirma que, posteriormente, os médicos lhe informaram sobre a possível perfuração do útero e a incapacidade de estancar a grave hemorragia. A notícia do óbito, decorrente de uma parada cardíaca, só foi comunicada aos familiares às 23h.
A filha de Gabriely, chamada Sophia, encontra-se internada em estado crítico. De acordo com o avô, foi um milagre ela ter sobrevivido, pois nasceu sem respirar e só foi reanimada 15 minutos depois.
Além da demora na identificação e controle da hemorragia, a família questiona se não seria mais adequado realizar uma cesariana, considerando a situação de mãe e filha.
Posicionamento do hospital
Em nota ao site Terra, a Unimed São Roque expressou seu pesar pelo falecimento de Gabriely e afirmou estar “apurando os fatos” por meio de uma sindicância, sem especificar um prazo para conclusão. A nota não abordou as dúvidas da família de Gabriely Gonçalves. Confira a íntegra da nota:
“A Unimed São Roque lamenta profundamente o falecimento de Gabriely Gonçalves da Costa e manifesta sua solidariedade aos familiares e amigos, oferecendo todo o apoio necessário neste momento difícil. Informamos que estamos investigando os fatos através da instauração de uma sindicância e tomaremos as medidas apropriadas após a conclusão efetiva das investigações”.
A família registrou uma denúncia na Delegacia Policial de São Roque na segunda-feira, 11. A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP) informou que as investigações estão em andamento, tendo o companheiro da vítima e outras testemunhas já prestado depoimento.