A Justiça de São Paulo recusou o pedido de prisão temporária de Fernando Sastre de Andrade Filho, motorista do Porsche envolvido em um acidente fatal com um Sandero na capital paulista.
O que aconteceu
A defesa considera “prematuro” fazer julgamentos sobre as causas do acidente. Os advogados Carine Acardo Garcia e Merhy Daychoum afirmam que não se deve tirar conclusões precipitadas enquanto os laudos periciais não estiverem concluídos.
A Justiça considerou que não havia evidências suficientes para justificar uma prisão temporária. Conforme explicou o delegado Nelson Vinicius Alves no início da noite, o pedido de prisão foi inicialmente encaminhado ao Tribunal do Júri.
Posteriormente, foi transferido para um juiz de plantão na esperança de uma decisão mais rápida, ainda nesta segunda-feira, o que não ocorreu. A prisão temporária pode durar de 5 a 30 dias, podendo ser prorrogada pelo mesmo período.
Os advogados argumentam que Fernando não deixou o local. Eles mencionam que, como o socorro às outras vítimas já havia sido prestado, o motorista do Porsche foi “devidamente qualificado pelos policiais militares de trânsito, tendo sido liberado pela PM para que fosse encaminhado ao hospital”.
Os advogados destacam a “necessidade de resguardo do cliente” após o acidente.
Garcia e Daychoum argumentaram que o cliente buscou proteção devido ao temor de sofrer agressões, mencionando a ocorrência de “linchamento virtual” contra Fernando, assim como o “choque causado pelo acidente e pela notícia do falecimento da vítima”.
A defesa também alegou que Fernando compareceu voluntariamente à sede do 30º Distrito Policial em São Paulo na tarde desta segunda-feira.
Pôde, então, prestar depoimento, apresentando sua versão dos fatos.
No entanto, ele se apresentou à polícia mais de 38 horas após deixar o local do acidente.
Fernando está comprometido em colaborar com a investigação, conforme afirmado na nota enviada pela defesa. “Todas as circunstâncias do acidente serão devidamente apuradas no curso da investigação, com a mais ampla colaboração de Fernando”.
A defesa afirmou que irá contatar a família da vítima. Os advogados mencionaram que o objetivo é oferecer “solidariedade” e fornecer toda a assistência necessária.
Obviamente, a perda não será reparada, mas minimamente prestaremos amparo necessário neste momento de tal fatalidade concluíram.
Entenda o caso
Fernando Sastre de Andrade Filho, motorista do Porsche envolvido em uma colisão com um Sandero que resultou na morte de um motorista de aplicativo em São Paulo, foi liberado da delegacia na noite desta segunda-feira (1º) após prestar depoimento. Ele saiu do local acompanhado por seus advogados e partiu em um BMW.
Fernando, de 24 anos, compareceu à delegacia na tarde desta segunda-feira (1º), 38 horas após deixar o local do acidente.
Ele falou só o básico para não se culpar disse o delegado, observando que Fernando permaneceu calmo e sereno durante o depoimento.
O motorista do Porsche foi formalmente acusado de homicídio doloso (quando há intenção de matar). Além disso, enfrentará acusações por fuga do local do ocorrido e lesões corporais, estas últimas devido aos ferimentos do passageiro que estava no veículo com Fernando.
Inicialmente, o acidente havia sido registrado como homicídio culposo (quando não há intenção de matar).
No domingo (31), a equipe jurídica de Fernando declarou que ele se encontrava “em estado de choque”.
Motorista negou ter consumido bebida alcoólica
O delegado informou que Fernando não admitiu ter consumido bebida alcoólica.
Durante a entrevista à imprensa, Alves relatou que Fernando, durante seu depoimento, reconheceu estar conduzindo o Porsche, colidiu na traseira do Sandero e estava em uma “velocidade incompatível” com a avenida Salim Farah Maluf. O limite de velocidade na via é de 50 km/h.
Apesar de negar ter consumido bebida alcoólica, a polícia pretende investigar os bares da região para verificar se Fernando esteve em algum deles antes do acidente. Além disso, mais imagens serão obtidas na via onde ocorreu a colisão.
O passageiro do Porsche, chamado Marcos Vinícius, não deverá prestar depoimento nesta segunda-feira. Conforme informado pelo delegado, ele não está em condições de se comunicar no momento.
[Estava em alta] velocidade em um local daquele, vocês viram o vídeo. Foi um abalroamento [choque] bem forte. Praticamente, ele [Fernando] usou o carro como uma arma. Foi muito forte [a colisão]. Estou convicto plenamente Delegado Nelson Vinicius Alves
Mãe de motorista não deve ser indiciada
A mãe de Fernando prestou depoimento, mas não deverá ser acusada, afirmou o delegado. Conforme consta no registro da ocorrência, Daniela Cristina De Medeiros Andrade compareceu ao local do acidente e conduziu seu filho embora.
Na ocasião, ela informou aos policiais que levaria o filho ao Hospital São Luiz Ibirapuera devido a um leve ferimento que ele apresentava na região da boca.
“É mentira”, afirma o delegado em relação à mãe alegar que levou o filho ao hospital.
Alves reiterou que a mãe não prestou socorro ao filho, apesar de manter suas declarações durante o depoimento.
Questionado sobre o desempenho da PM no evento, o delegado optou por não comentar. Ele mencionou que os agentes serão interrogados.
Comuniquei a Polícia Militar, e essa investigação é atribuição da Polícia Militar declarou.
O que se sabe sobre o acidente
O acidente ocorreu durante a madrugada de domingo (31) na avenida Salim Farah Maluf. Testemunhas relataram à polícia que Andrade Filho fez uma ultrapassagem em alta velocidade — o limite de velocidade na via é de 50 km/h — perdeu o controle e colidiu com a traseira de um Sandero.
O condutor de aplicativo Ornaldo da Silva Viana, de 52 anos, recebeu assistência, porém não sobreviveu aos ferimentos.
Ele foi encaminhado pelos Bombeiros para o Hospital Municipal do Tatuapé, onde chegou com parada cardiorrespiratória. De acordo com o médico que o examinou, a causa da morte foram múltiplos traumas.
Um passageiro de 22 anos do Porsche sofreu ferimentos. Ele foi levado ao Hospital São Luiz do Tatuapé, mas não há atualizações sobre seu estado de saúde.
A mãe de Andrade Filho compareceu ao local do acidente e o acompanhou para casa. Segundo o relatório policial, Daniela Cristina De Medeiros Andrade comunicou aos policiais que levaria o filho ao Hospital São Luiz Ibirapuera devido a um pequeno ferimento na região da boca.
Os policiais foram ao local para obter o depoimento do condutor e realizar o teste do bafômetro, porém foram informados na recepção de que ele não tinha sido admitido em nenhum hospital da rede. A polícia dirigiu-se à residência da família e tentou contatar a mãe e o filho por telefone, mas sem êxito.
A Polícia Militar afirmou que investigará um “possível erro operacional” que resultou na fuga. Em comunicado, a Secretaria de Segurança Pública declarou que examinará a sequência dos acontecimentos. Não foi esclarecido se a investigação será conduzida pela corregedoria.
![Justiça nega prisão de motorista de Porsche; defesa afirma que condutor não fugiu](https://osegredo.com.br/wp-content/uploads/2024/04/2_Justica_prisao_motorista_Porsche.jpg.webp)
Quem é o condutor do carro?
Fernando, de 24 anos, graduou-se em engenharia civil pela Universidade Presbiteriana Mackenzie.
O Porsche 911 Carrera GTS, modelo 2023, tem um valor avaliado em R$ 1,3 milhão, conforme a tabela Fipe.
Conforme o registro policial, o carro, que foi totalmente danificado no acidente, não possui seguro. O veículo atinge uma velocidade máxima de 311 km/h e acelera de 0 a 100 km/h em 3,4 segundos.
O carro está registrado em nome de uma empresa. O veículo é listado como pertencente à F. Andrade, uma empresa cujo proprietário é Fernando Sastre de Andrade, pai do suspeito. Fundada em 1993, de acordo com registros da Receita Federal, a empresa opera no ramo de materiais de construção.
O suspeito é sócio do pai e de outros parentes em uma empresa do setor da construção. Andrade Filho é listado como sócio-administrador da Sastre Empreendimento Imobiliário, cujas operações abrangem a incorporação de projetos imobiliários, negociação de compra e venda, aluguel e loteamento de propriedades. A empresa está sediada e opera na zona leste de São Paulo.