Em apenas uma semana após iniciar uma campanha de financiamento coletivo, Bruna Muratori, 31 anos, que vive com sua mãe, Susane Muratori, 64 anos, em um McDonald’s no Leblon, Zona Sul do Rio, arrecadou R$ 1.352,88.
A vaquinha online, lançada em 3 de maio com uma meta de R$ 10 mil, visa cobrir custos de moradia e educação profissional, conforme anunciado por Bruna nas redes sociais.
No texto de apresentação da campanha, Bruna destaca que sua situação pessoal ganhou atenção pública, resultando em perda de privacidade por conta de matérias e reportagens que, segundo ela, contêm “mentiras e difamações sem autorização”.
Ela esclarece que, ao contrário do que muitos pensam, não reside no McDonald’s, mas frequenta como cliente. Inclusive, ela menciona que o estabelecimento lhe ofereceu um emprego, aproveitando seu domínio do inglês, oferta que ela recusou.
Por conta da repercussão, conheci pessoas maravilhosas e que realmente querem ajudar, o jogo virou. Criando essa vaquinha com ajuda de amigos, idealizo conquistar logo um apartamento, podendo ajudar em caução ou demais gastos escreveu Bruna.
Ela também menciona que os recursos arrecadados contribuirão para sua formação em paramédica e em Direito.
![Vaquinha de mulher que mora no McDonald's com a mãe alcança R$ 1.300 em 11 dias; meta é R$ 10 mil](https://osegredo.com.br/wp-content/uploads/2024/05/Vaquinha_mulher_McDonalds_mae-1.jpg.webp)
Mulheres que moram no McDonald’s do Leblon foram acusadas de cometer fraudes para escapar de dívidas
A mãe e filha que têm passado seus dias no McDonald’s do Leblon, na Zona Sul do Rio de Janeiro, enfrentam dificuldades no mercado imobiliário e hoteleiro da cidade.
Bruna Muratori, de 31 anos, e sua mãe, Susane Muratori, de 64 anos, afirmam estar em busca de um apartamento há cerca de um mês e meio nos bairros mais valorizados da cidade, mas têm um histórico complicado nesse setor.
Bruna refutou alegações de que ela teria sido ré em quatro processos de despejo no Rio de Janeiro, uma informação que foi veiculada em uma reportagem da rádio CBN. A mesma reportagem indicava que ela teria sido despejada de um apartamento em Porto Alegre, sua cidade de origem.
Além disso, mãe e filha aparecem como partes em processos judiciais decorrentes de desavenças com proprietários de imóveis. Elas também são consideradas “personae non gratae” em ao menos três hotéis na zona sul do Rio, onde, segundo funcionários, elas entraram com o propósito de não pagar as diárias.
Quando confrontadas com as cobranças, Bruna e Susane têm denunciado os funcionários por difamação como uma estratégia para evadir-se das dívidas.
Confusões em hostéis
Em novembro de 2018, Susane Muratori registrou uma queixa na delegacia de Ipanema, alegando que uma gerente de um hotel em Copacabana, ambos localizados na zona sul do Rio, a insultou chamando-a de “estelionatária” e “vigarista”.
A acusação surgiu após a gerente solicitar a Susane que se dirigisse à recepção para discutir uma pendência em sua conta de hospedagem.
No depoimento à Polícia Civil, a gerente financeira do hotel relatou que havia convocado Susane para tratar sobre o pagamento das diárias em atraso. Segundo ela, no começo, Susane e Bruna pagaram algumas contas parcialmente, mas posteriormente interromperam os pagamentos, acumulando uma dívida de R$ 30 mil.
Em janeiro de 2019, Bruna relatou à polícia que estava sendo submetida a cobranças humilhantes por parte dos funcionários de outro estabelecimento em Copacabana. Ela afirmou ter pago R$ 16 mil em hospedagem, mas ainda assim foi desrespeitada por um empregado que também exigiu o pagamento das diárias.
Bruna mencionou ainda que itens pessoais, como um notebook, iPad e mochilas, além de seu animal de estimação, foram removidos de seu quarto e que ela havia contraído dengue no local, o que a impedia de deixar o hotel.
A representante legal do hotel comunicou à polícia que Susane e Bruna não haviam efetuado o pagamento das diárias, levando o hotel a negociar um acordo para resolver a dívida e evitar maiores complicações e danos à sua reputação.
Um funcionário do hotel também tentou contatar o ex-marido de Susane e pai de Bruna, que reside no exterior, para acertar os pagamentos das diárias, mas ele se recusou a cumprir o acordo e desistiu de se envolver.
Em julho de 2021, Bruna prestou queixa contra empregados de um terceiro hotel em Copacabana e contra um policial civil que foi chamado ao local. Ela alegou, em processo instaurado pelo Ministério Público, que foi “humilhada, constrangida e exposta” pelo policial, que a agarrou e algemou.
Baseando-se nos depoimentos dos funcionários e do policial, o MP concluiu que não houve violência ou desrespeito na abordagem. Os empregados do hotel afirmaram que Bruna e sua mãe não pagaram as diárias e mencionaram acusações infundadas feitas por ambas em outros hotéis.
Consequentemente, Bruna foi indiciada pelo MP por denunciação caluniosa. Ela não recebeu as várias intimações enviadas, pois não foi localizada no endereço fornecido nem foi possível contatá-la pelo telefone. Após mais de um ano, o processo foi arquivado.
“Preconceito”
Em entrevista ao podcast Fala Guerreiro, Bruna comentou sobre o preconceito enfrentado por ela e sua mãe, ressaltando que o incômodo dos moradores da região foi um fator significativo na repercussão do caso.
Segundo Bruna, o desconforto surgiu porque elas esperavam a reabertura do estabelecimento para passarem o dia no local.
Acho que (no nosso caso) chocou a parte que a gente esperava eles (McDonald’s) reabrirem. Incomodou de todo mundo ver que pode ser uma decisão de qualquer um, pode acontecer com qualquer um, e pode acontecer com pessoas que nem eles declarou na ocasião.
Bruna, que já trabalhou em restaurantes, explicou que é comum alguns clientes passarem o dia inteiro nos estabelecimentos.
Ela sentiu que houve um preconceito, principalmente por parte dos moradores do Leblon:
Aconteceu um preconceito. Esses moradores do Leblon talvez às vezes também não tenham o que comer dentro de casa, não pagam condomínio, não pagam isso ou aquilo. E a gente sabe que acontece, só tem o status, a estética. Muitas das vezes, estão se fingindo afirmou.
Então, incomodou porque chamou atenção até por coisas que talvez eles estão passando e não querem que ninguém enxergue.
Bruna enfatizou que o incômodo veio mais dos moradores do que dos funcionários do McDonald’s, que não se incomodavam com a presença delas. Ambas eram frequentadoras regulares e consumiam no local frequentemente.