Após acusações de violência por parte do pastor Rinaldo Pereira contra sua esposa, a pastora e cantora gospel Denise Seixas, a igreja Bola de Neve tomou a decisão de afastar o líder de suas atividades eclesiásticas.
No último domingo (9), a organização, que possui 560 templos em 34 países, comunicou oficialmente sua decisão.
Denise obteve na Justiça de São Paulo uma medida protetiva contra o esposo após denunciar supostas ocorrências de agressão física, violência psicológica, ameaça, injúria e difamação.
Rinaldo foi ordenado a manter distância de Denise e está proibido de contatá-la de qualquer forma.
Através de sua equipe de comunicação, Rinaldo refutou
Qualquer prática de violência e confia na apuração isenta e técnica de todos os fatos pela Polícia Civil e Ministério Público
Em uma postagem no Instagram, a igreja também divulgou a criação de um serviço de ouvidoria para investigar “possíveis falhas e má conduta”.
É com muito pesar e tristeza que nos dirigimos a vocês para tratar dos fatos que se desdobram nas últimas semanas envolvendo o Ministério Bola de Neve. O Conselho Deliberativo, junto ao Apóstolo Rina [como Rinaldo é conhecido], decidiu pelo afastamento do seu fundador para que se dedique integralmente a esclarecer os apontamentos apresentados e restabelecer sua saúde e a de sua família anunciou o comunicado, acrescentando que o comando da igreja passará para o Conselho Deliberativo
Adicionalmente, a Bola de Neve anunciou as seguintes medidas:
- Criação de um Conselho de Ética para investigar e decidir sobre todas as irregularidades apresentadas;
- Investigação cuidadosa de cada caso reportado (inclusive de natureza pessoal), avaliando a necessidade de afastamento ou exoneração de lideranças;
- Monitoramento das questões levantadas pela investigação interna;
- Revisão do Regulamento Interno para melhor definir as expectativas da congregação e prevenir a repetição de tais incidentes.
Relato de abusos contínuos, afirma vítima
Durante seu depoimento à Polícia Civil, Denise Seixas revelou ter sido alvo de múltiplas formas de agressão ao longo de seu casamento com o pastor, variando entre insultos e agressões físicas.
Em abril de 2023, o filho da pastora compartilhou um vídeo onde Rinaldo afirma que sua esposa está “completamente enlouquecida”. Segundo Denise, essa declaração exacerbou a ira do pastor, levando-a a enfrentar abusos psicológicos intensificados.
Ela relata que, em um dos incidentes, recebeu um soco no nariz. Contudo, optou por não fazer a denúncia devido à influência do marido.
Denise também mencionou que, nos últimos meses da relação, foi coagida a gravar vídeos negando as acusações de agressão contra Rinaldo, numa tentativa de salvaguardar a imagem pública dele.
Quando o vídeo falhou, pois “não deu certo, uma vez que as pessoas perceberam que ela estava lendo”, ela narra que o pastor atirou uma cadeira em sua direção, errando o alvo por ela ter conseguido esquivar-se.
Num outro relato de abuso, o pastor expressou que a esposa não deveria “ficar longe do leito”, mencionando que estava sem relações sexuais há um mês.
Em um momento diferente, Rinaldo solicitou uma conversa com Denise, avisando que aquele seria o “último dia” para ela reconsiderar e retomar a vida sexual com ele.
Denise acrescenta que, nos últimos dois meses, perdeu acesso às suas redes sociais e vive preocupada que alguém possa manchar sua reputação.
Ela também indicou que foi privada do controle sobre suas finanças, dependendo de um intermediário escolhido por Rinaldo sempre que precisa de dinheiro.
Violência contra a mulher
Se você presenciar um episódio de violência contra a mulher ou for vítima de um deles, denuncie o quanto antes através do número 180, que está disponível todos os dias, em qualquer horário, seja através de ligação ou dos aplicativos WhatsApp e Telegram.
O mesmo número também atende denúncias sobre pessoas idosas, pessoas com deficiência, pessoas em restrição de liberdade, comunidade LGBT e população em situação de rua. Além de denúncias de discriminação étnica ou racial e violência contra ciganos, quilombolas, indígenas e outras comunidades tradicionais.