O casal cearense Aldanísio Paiva e Regina Belo, ambos de 50 anos, são conhecidos nas redes sociais como ator e recitador de cordel, e influenciadora fitness e apresentadora de rádio, respectivamente.
No entanto, recentemente foram presos em Fortaleza (CE) durante uma operação da Polícia Civil do Rio Grande do Sul, denominada Operação Dilúvio Moral.
A investigação apura o envolvimento do casal em fraudes relacionadas a falsas chaves pix, através das quais desviaram dinheiro de campanhas de ajuda às vítimas das enchentes históricas no Sul do país.
Segundo os investigadores, Aldanísio Paiva, conhecido artisticamente como Aldo Anísio, e Regina Belo utilizavam documentos falsos para abrir contas bancárias.
A partir dessas contas, criavam chaves pix com códigos semelhantes aos das campanhas legítimas de arrecadação de doações.
![Casal usou o próprio rosto para abrir contas falsas e desviar doações de campanhas para resgate de animais do RS, diz polícia Casal Usou Rosto Próprio Para Abrir Contas Falsas E Desviar Doações De Campanhas Para Resgate De Animais Do Rs, Diz Polícia](https://osegredo.com.br/wp-content/uploads/2024/06/casal_pix.jpg)
O método consistia em alterar apenas um dígito da chave original, com o objetivo de enganar doadores voluntários que pudessem cometer equívocos ao realizar suas contribuições.
A Polícia estima que o casal tenha criado pelo menos 235 chaves pix falsas para desviar recursos destinados às vítimas das enchentes. Aldanísio Paiva e Regina Belo responderão pelos crimes de estelionato, falsificação e uso de documentos falsos.
A prisão ocorreu como parte de uma operação para coibir golpes virtuais envolvendo aproveitadores durante a crise climática enfrentada pelo Rio Grande do Sul.
Nas redes sociais, Aldanísio compartilha frequentemente suas apresentações como cordeleiro, intituladas Cordel Vivo, geralmente realizadas em centros culturais de Fortaleza.
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Ele também posta registros de suas participações em entrevistas em TVs locais e podcasts, destacando-se como recitador, ator e interessado em cinema.
Já Regina Belo se apresenta como influenciadora fitness, abordando temas de saúde, estética e relacionamentos, além de atuar em uma websérie amadora.
Com aproximadamente 26 mil seguidores, ela afirma ser apresentadora do programa Bem-estar na rádio FM Benfica.
Após sua prisão, a emissora emitiu uma nota esclarecendo que Regina não era funcionária da empresa, mas participava de um segmento independente, que foi “retirado da grade”.
A direção da FM Benfica informa, para os devidos fins, que a senhora Regina Jorge Belo da Fonseca não é funcionária desta empresa. O podcast que ela apresentava na FM Benfica era realizado de forma independente, conforme contrato firmado entre ambas as partes. Informamos também que o referido podcast foi retirado da grade da nossa programação, pois não compactuamos com práticas criminosas declarou a rádio
Fraude revelada
Eles obtiveram sucesso em várias transações, um número ainda sendo calculado pelos investigadores.
As influenciadoras digitais Deisi Falci, com 581 mil seguidores, e Paola Saldívia, seguida por 360 mil, começaram a notar que doadores enviavam comprovantes com beneficiários diferentes ou reclamavam de nomes discordantes. Foi quando uma delas decidiu procurar a polícia, revelando o esquema fraudulento.
A polícia foi alertada sobre essa fraude quando as influencers, engajadas na proteção animal, denunciaram campanhas ativas para arrecadar fundos destinados ao resgate de animais em áreas alagadas. Doadores começaram a enviar comprovantes em nome de terceiros relatou o delegado Eibert Moreira, da Polícia Civil do RS, responsável pelo caso
O delegado informou que o montante total do prejuízo ainda está sendo avaliado.
Nós já pedimos à Justiça a quebra do sigilo bancário dos dois, para sabermos quanto dinheiro eles conseguiram desviar através dessas chaves pix falsas informa o delegado
Após serem detidos, o casal optou por permanecer em silêncio durante o procedimento formal, mas informalmente admitiram ao delegado no Ceará a execução dos crimes.
Foram detectadas 235 chaves pix falsas, todas muito semelhantes às utilizadas em campanhas de arrecadação para ajudar desabrigados e resgatar animais. Em maio, eles geraram novas chaves diariamente.
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Durante a busca e apreensão na residência do casal, a polícia encontrou diversos documentos e cartões bancários falsificados em nome de terceiros.
Nos celulares dos suspeitos, havia várias capturas de tela mostrando a criação dessas chaves pix fraudulentas.
Os rastros deixados por eles facilitaram nossa investigação explica o delegado
Ele detalha que as chaves foram geradas usando contas bancárias abertas fraudulentamente com documentos falsos.
As chaves pix eram criadas a partir de contas criadas por eles com documentos falsos. Num dos casos, eles criaram uma conta com o documento de um casal de idosos do Ceará. A partir dessa conta, fomos verificar e descobrimos que eles usaram fotos deles próprios para fazer a autenticação. Então, trabalhamos com a identificação da imagem desses dois golpistas e chegamos até eles
O delegado conclui que, ao contrário de outros casos na operação, este não envolveu nenhuma sofisticação por parte dos fraudadores.
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Nós estamos com uma série de investigações em andamento, e a gente verifica que há golpes bem elaborados, com uso de plataformas de pagamento etc, de gente que realmente conhece o ambiente virtual. Mas há golpes, como esse, muito simplórios, que acabam lesando as pessoas também. Nesse caso específico, foi um modus operandi muito simples: criavam as chaves parecidas com as originais das campanhas e contavam com o erro dos doares
A equipe de reportagem não obteve retorno ao tentar contato com os advogados dos detidos.
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Polícia investiga golpes virtuais no Rio Grande do Sul
O Departamento Estadual de Investigações Criminais (DEIC) destacou uma equipe especial de Delegados e Agentes com a missão de combater os crimes virtuais que exploram a situação crítica do Rio Grande do Sul para obter vantagens ilícitas.
Até agora, segundo informações da polícia, o grupo já revisou mais de 60 casos, com aproximadamente 70% desses já finalizados.
Além disso, foram abertos mais de 30 inquéritos policiais, que ainda estão em fase de diligências investigativas para identificar e responsabilizar os envolvidos.
Entre os casos analisados, já foi possível eliminar 71 páginas, contas e postagens criminosas. Essas medidas evitaram o desvio de grandes somas de dinheiro por meio de fraudes que buscavam enganar a população.
A Polícia Civil, por meio do DEIC, reafirma seu compromisso de conduzir investigações de alta qualidade, especialmente aquelas que visam combater os aproveitamentos indevidos da maior tragédia na história do povo gaúcho, buscando a responsabilização criminal completa dos participantes afirma a instituição