Bruno César Torresi, filho do idoso de 77 anos que foi fatalmente atingido por uma “voadora” em Santos, relatou ao Fantástico (TV Globo) que seu filho de 11 anos lhe telefonou em pânico após testemunhar o avô ser agredido e cair ao chão.
Uma criança de 11 anos viu tudo. Viu o avô caído e me ligou desesperado contou Bruno sobre o trauma vivido pelo menino
No local do incidente, a criança, entre lágrimas, tentou explicar aos presentes o que havia ocorrido, segundo uma testemunha.
Deu uma dó, cara disse um homem, que preferiu não se identificar, ao descrever a cena
Um entregador de aplicativo observou o suspeito, o empresário Tiago Gomes de Souza, tentando escapar do local.
O entregador o confrontou sobre para onde estava indo e, com a ajuda de uma pessoa em situação de rua armada com um cabo de vassoura, impediu sua fuga.
Tiago foi detido em flagrante dentro de um supermercado nas proximidades.
Bruno comentou sobre a relação carinhosa entre avô e neto:
Mimava meu filho. O que a gente não podia comprar porque era caro, ele comprava para o menino, para ‘estragar’ o neto, porque é assim que avô faz. E agora o menino está sem avô. Difícil. (…) Não tenho mais meu pai. A humanidade está muito desumana lamentou Bruno
Após examinar o corpo do idoso, o médico legista saiu do IML (Instituto Médico Legal) e se apresentou na audiência de custódia do empresário envolvido.
Conforme reportado pelo “Fantástico”, o médico destacou ao juiz as sérias lesões encontradas no corpo de César, levando à decisão judicial de converter a prisão em flagrante do empresário em prisão preventiva.
A delegada Liliane Lopes Doretto, que lidera a investigação, afirmou que o golpe sofrido atingiu diretamente o coração da vítima.
De acordo com os peritos do IML, César sofreu um traumatismo cranioencefálico fatal ao bater a cabeça no chão, após três paradas cardíacas.
César estava em Santos para uma visita ao filho e aos netos que residem na cidade. Ele deixa três filhos e seis netos.
Histórico criminal do detido
O programa Fantástico relata que Tiago tem um histórico de passagens pela polícia, incluindo:
- Estelionato, em 2004, quando ele tinha 19 anos;
- Embriaguez ao volante e desacato aos agentes em 2009;
- Lesão corporal e ameaça contra sua esposa, que havia dado à luz há dois meses, em 2014;
- Envolvimento em uma briga em uma casa noturna em 2015;
- Injúria racial, denunciado por um operador de supermercado em 2017;
- Outro caso de desacato em 2021.
- Apesar dessas ocorrências, todos os processos foram arquivados, conforme informado pelo programa, mantendo Tiago como réu primário.
Estratégia de defesa questiona acusação de homicídio
O advogado de Tiago, Eugênio Malavasi, argumenta que seu cliente deveria ser acusado de “lesão corporal” em vez de homicídio com dolo eventual.
Dolo eventual é aquele em que se assume o risco de produzir o resultado por uma ação. Quem chuta um senhor comete lesão corporal, não tinha a intenção de matar. Ele não saiu com o propósito de matar alguém. Os eventos se desenrolaram após o senhor bater no capô do carro explicou Malavasi à emissora
O “tapa” mencionado pelo defensor ocorreu quando César, assustado com a aproximação do veículo sobre ele e seu neto, reagiu batendo a mão no automóvel de Tiago.
O conceito de dolo eventual se aplica quando a pessoa não deseja o resultado (neste caso, a morte), mas aceita o risco de que ele ocorra devido às circunstâncias do incidente.
Reveja o caso
Um idoso de 77 anos, César Fine Torresi, faleceu após receber uma “voadora” no peito enquanto atravessava uma rua em Santos (SP). Segundo relatos de testemunhas, ele estava de mãos dadas com seu neto, de 11 anos, quando um Jeep Commander conduzido por Tiago Gomes de Souza quase os atropelou.
O desentendimento começou quando o idoso, assustado, bateu com a mão no capô do carro. Tiago, de 39 anos, reagiu saindo do carro e atingindo o idoso com um golpe de pé no peito. O incidente ocorreu na Rua Pirajá da Silva, na tarde de 8 de junho.
César caiu e bateu a cabeça, conforme relatado pela Polícia Militar. Um médico que estava próximo ofereceu os primeiros socorros e chamou o Samu. O idoso foi levado para a UPA Leste, de acordo com familiares.
Meu pai se assustou com o carro do agressor, um Jeep Commander, que quase o atropelou. Ele bateu com a mão no capô e o agressor desceu e aplicou uma voadora disse Cesar Fine Torresi Filho ao portal UOL
A reconstituição do crime foi realizada na quinta-feira (13). Durante a simulação, Tiago se ajoelhou e chorou diante dos policiais.
A delegada solicitou a reconstituição, já que não havia imagens do momento da agressão e as versões da testemunha e do suspeito eram divergentes.
No sábado (15), Tiago foi formalmente acusado de homicídio qualificado com dolo eventual. Segundo o UOL, a delegada modificou a classificação inicial do crime de “lesão corporal seguida de morte” para homicídio, adicionando duas qualificadoras: motivo fútil e uso de meio que impediu a defesa da vítima.