Passei a comandar o meu destino no dia que compreendi o poder das palavras. Aprendi que com elas posso quase tudo. Eu disse, quase tudo porque uma escritora que se preze não pode menosprezar as reticências…
E é exatamente no que não foi dito que reside o amor não falado. No entanto me esforço a procura de um contexto capaz de superar a ausência extravagante destes três pontinhos tão amorosos…
Já cheguei a considerá-los como meus cupidos particulares.
A insistência romântica deste trio em fazer parte da minha vida me fez ponderar sobre a relevância de tê-los como aliados. Aliados do amor!
Pensar, refletir, elucubrar, imaginar, devanear, todas estas ações disputam a atenção nas mentes de escritores reticentistas*.
Até mesmo leitores vorazes não conseguem se fixar em um livro que não faça uso destes três pontinhos tão inspiradores.
Eu acredito no amor com reticências e desejo que você também acredite.
Hoje em dia a maioria dos casais se perdem nos enormes parágrafos, congestionados por vírgulas que por sua vez cansam de seu papel e vão logo para o ponto final.
Se você deseja realmente sentir o que venha a ser amor verdadeiro, ame com reticências. Não tenha pressa em entender de imediato o que se esconde nas entrelinhas. Curta o que está oculto nos parágrafos. Não atropele as vírgulas! Descubra que o ponto final na realidade é o início de um novo começo.
…e entre toda a parafernália ortográfica elegantemente intitulada como gramática você encontrará nada mais que três singelos pontinhos a espera de palavras que consigam expressar o que ainda não foi escrito…
*Reticentisas: escritores apaixonados pelo uso demasiado de reticências