Você vive o amor ou o apego no seus relacionamentos?
O amor e o apego podem andar juntos. Aliás, é muito difícil um relacionamento com total desapego. Até um discípulo e seu guru sentem apego um pelo outro. Entretanto, quando exagerado, o apego traz consequências muito, mas muito sérias, podendo bloquear o desenvolvimento dos envolvidos por causa do controle que um exerce sobre o outro.
E o que é o apego? É você ter dependência de uma outra pessoa ou animal de estimação ou de algo como dinheiro, bebida, comida, droga, carro, casa… é você sempre estar com alguém porque não consegue ficar sozinho… é ter medo de ficar sozinho, mesmo que não o admita.
O apego é você sentir a necessidade de estar sempre com o outro, ou a necessidade de ter o outro, como se o outro fosse um pedaço de você. Você não se vê sem o outro. Você não viveria sem o outro. Você ficaria doente. Quando você fica longe da pessoa, você fica desnorteado, perdido, triste. Isso é o apego.
O sentimento de apego não é saudável porque vem de uma crença, talvez inconsciente, de possuir o outro, ou ser possuído, sendo ambos um desequilíbrio. Os relacionamentos de apego geram ciúme, sentimento de posse, desentendimentos, discussões, tristeza, desconfiança, insegurança, violência, traição… e podem ter um final trágico.
O que é o amor? O amor é um sentimento leve, desinteressado, um sentimento de liberdade, de doação que você tem pelo outro. Quanto mais você doa, mais amor recebe.
O amor incondicional de uma mãe pelo filho é o exemplo mais próximo desse exercício de doação, porque a mãe ama o filho independente de como ele se comporta, pois entende que seu amor não está ligado a um comportamento, mas à essência do filho, que é divina.
Agora, por que eu estou unindo o amor e o apego? Porque existe uma confusão muito grande entre amor e apego. E o limiar entre eles é muito sutil. As pessoas, muitas vezes, não conseguem terminar um relacionamento não porque amam o parceiro ou parceira, mas porque estão apegadas, estão acostumadas com o outro. Quando eu verdadeiramente amo meu parceiro, eu desejo que ele seja feliz, mesmo que não seja ao meu lado. Isso exige muita coragem e autoestima.
Por outro lado, em outras situações não queremos encarar a realidade e assumir que não amamos o outro como ele é. Por isso o controle sobre o outro. Eu desejo que ele seja como eu quero. Seres apegados criam raízes tão profundas um com o outro, estão tão dependentes, que não conseguem se ver separados. Isso não é amor. É o sádico e o masoquista. Mesmo quando o relacionamento não está legal, as pessoas continuam a se machucar, mas não se separam.
Elas estão juntas por alguma comodidade. Porque mesmo sendo destrutivo, se você está junto, é porque existe uma troca, existe alguma vantagem para ambos, mesmo que isso seja algo negativo.
No amor apegado um nutre o outro de dependência. Esse relacionamento é tóxico e leva você cada vez mais para baixo, ele não leva à sua evolução.
O ser humano, na falta de amor-próprio, por não reconhecer sua luz divina, talvez por sua história ou descrença, acaba se unindo a indivíduos que reforçam sua baixa autoestima. O Universo sempre nos dá mais daquilo que pedimos, que fica refletido em nossas ações. Ou seja, se eu permaneço por “conforto” em um relacionamento, sem amor verdadeiro, com apego, ele me enviará mais desamor, inclusive em outras áreas da minha vida.
Por outro lado, o sentimento de amor verdadeiro é livre, pois você tem a liberdade de ser você mesmo. Sozinho você está muito feliz. E quando você se une com outro, você fica mais feliz ainda. Você é um inteiro que se une com outra pessoa inteira, mesmo que ainda não tenha descoberto e trabalhado todos os seus aspectos. Afinal, a perfeição é para os Budas.
Não acredito nessa história de outra metade da laranja, porque não são duas metades que vão dar uma, são dois inteiros que vão resultar num terceiro, ou mais.
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E como analisar qual nível de apego eu tenho pelo outro? A distância. Como o apego é medo de perder, então, se você tem um tempo para você no relacionamento, por exemplo, viaja sozinho, sem brigar, sem discutir com o outro, e sem ligar a cada uma hora para saber como ele está, é muito provável que tenha uma relação saudável. Caso contrário, se não permite, ou não tem o consentimento do outro para ficar um tempo longe dele, com certeza, não é saudável, porque existe insegurança.
O nosso objetivo aqui nesse planeta é a evolução, e não há nada mais difícil e ao mesmo tempo mais benéfico do que os relacionamentos para o nosso autoconhecimento e desenvolvimento. O que o outro faz é nos mostrar as partes que faltam ou são insuficientes em nós, para que possamos trabalhar esses aspectos. Relacionamentos são dádivas e grandes oportunidades para nossa evolução.
Que você possa refletir e usar seus relacionamentos como instrumentos para seu desenvolvimento, pois eles são espelhos de nossa alma.