Durante muito tempo vivi focando no pensamento positivo. Qualquer coisa “ruim” que me acontecia eu logo já queria entender o aprendizado e manter meu otimismo de que as coisas em breve mudariam para melhor. É uma metodologia maravilhosa para mentalmente manter a neutralidade diante da realidade. A neutralidade vale ouro em qualquer situação.
Porém, por puro desconhecimento, eu não percebi que o meu melhor otimismo em tempos difíceis, sufocava minhas emoções.
Sem notar, fui criando um poço profundo demais onde eu ia jogando minhas decepções, frustrações, medos entre outros sentimentos que vivia.
Paralelamente, mesmo sendo a pessoa mais alto astral, gente fina e positiva eu era aquela pessoa mais “injustiçada pela vida” porque vivia sofrendo de doenças crônicas. A cada semana, durante anos da minha vida, surgia alguma alergia, sinusite, gripe, o “vírus da moda”, cistite, candidíase, intolerâncias alimentares e mais um monte de nhacas.
Como um cão que corre atrás do próprio rabo, eu batia com minha cabeça na parede: como pode? Eu a pessoa mais boas vibrações, que mais reza para anjos, que mais ajuda as pessoas que eu conheço e só me acontece essas coisas ruins? O pior foi muitas vezes acreditar que uma sinusite ou enxaqueca me aconteciam “por causa da presença de alguém com energias pesadas”. Que tolinha fui eu.
A verdade é que por medo, ignorância ou fuga eu não havia me aprofundado até então nas minhas próprias emoções. Eu trabalhava maravilhosamente bem a mente e meus pensamentos, também o corpo, fazendo exercício, tomando remédios e cada vez adaptando a minha alimentação a alguma dieta milagrosa que me ajudaria a ser sana e saudável.
Porém, eu não olhava, não percebia e não cuidava da peça-chave que liga meu corpo com minha mente: as minhas próprias emoções em cada instante da vida.
Quando comecei a assistir-me e virei observadora não só de meus pensamentos mas também de como me sentia em cada momento, foi duro demais… Custei a aceitar, permitir e olhar de verdade para dentro. Foi difícil demais encontrar respeito e carinho porque no poço onde joguei tantas emoções por tanto tempo, havia: muito medo, muitas críticas, muita possessão, manipulação, raiva, controle, ódio, ciúmes, inveja, culpa,… Reconhecer emoções tão infantis em um corpo adulto foi doloroso demais.
Como a vida é sábia, cada vez que, ao longo do tempo, conforme me apareciam situações e eu fui me permitindo notar o que eu estava sentindo a camada grossa emocional, foi aos poucos afinando, ou seja, as emoções que antes eu chegava a sentir fisicamente de tnao forte (cólicas, ficar vermelha, suar frio, chorar involuntariamente),foi se tornando apenas um pensamento passageiro.
Por exemplo, quando eu eu era criança eu era muito desinibida. Adorava palco, dançar, cantar mas com o tempo, fui ouvindo coisas que eu comecei a acreditar, troquei minha espontaneidade por um medo absurdo de rejeição. “Você é descoordenada”, “você não tem voz nem é afinada”, “você é baixinha e magra demais”, “você não tem talento”, “você será só mais uma” foram os principais padrões que se instalaram em minha mente. Assim, criei a maior timidez do mundo para falar ou me expressar em público. Na graduação eu chegava a fazer um trabalho em grupo inteiro sozinha para não ter que apresenta-lo para a classe. Minha mente e meu coração andavam em descompasso, se um lado meu adoraria dividir conhecimentos, risadas, histórias com pessoas, o outro lado era mais forte e pelas emoções radicais demais, eu me travava fisicamente.
Assim, passei anos, escondida, evitando me expor, evitando falar em grupos, evitando cantar ou dançar em público e achava essa repressão interna super normal.
Naquele momento tive a certeza interna que eu havia superado mais um padrão emocional.
Quando fui a fundo, eu encontrei este padrão e comecei a trabalhá-lo em mim. A cada curso em grupo eu tentava falar, fazer um comentário (mesmo que gaguejando, olhando para o chão). Percebi que me expor era muito importante para curá-lo! Quando criei meu site e superei a vergonha de expor o que eu escrevia, comecei a fazer vídeos, a fim também de trabalhar essa timidez e o medo.
Passados três anos trabalhando este padrão constantemente (porque me acostumei a sair da minha zona de conforto) fui a uma palestra e após uma teoria apresentada pela palestrante, eu compartilhei com o grupo uma história pessoal que vivi e que tinha tudo a ver com o tema. Ao final, quase dez pessoas presentes na classe vieram me cumprimentar por ter contribuído tanto com a aula ao contar a minha história.
Saí de lá feliz, e, quando sentei para tomar um café sozinha me realizei que aquele sentimento de felicidade ia além do “ter contribuído com o tema da aula”, ia além também do sentimento “a minha história serviu para os outros”, mas lá, naquele café, naquele momento eu me dei conta que eu tinha falado e compartilhado em um público com mais de trinta pessoas com a maior naturalidade e espontaneidade possíveis. Não suei. Não tremi. Não gaguejei. Foi natural. Naquele momento tive a certeza interna que eu havia superado mais um padrão emocional. Quantas enxaquecas, torcicolos e dores de barriga precisei até domar este dragão.
Portanto, se você quer viver melhor, a cada dia, lembre-se da importância de encontrar dentro de si mesmo um observador generoso que observa, compreende e aceita cada emoção sua. Elas passam, elas mudam. Tenha a clareza da sua própria orquestra: mente – corpo – emoções e saiba que quando esses três estão em harmonia, você se torna muito mais pleno, calmo, seguro e forte, de dentro para fora.