Você me esperava na esquina. Te avistei logo que saí do estacionamento. Só pode ser ele. Você ainda usava óculos, tinha cabelo mais comprido, jogado pra trás. Segurava uma bolsa de lado e pegava o telefone, ao mesmo tempo que o meu vibrava no bolso. Acho que já te vi.
Foi aí que você me viu também e a gente caminhou um ao encontro do outro. Durante aqueles poucos passos, tentava te decifrar, tentava perceber se era aquela imagem mesmo que eu tinha de você por trás da tela do computador.
Coisa louca essa de conhecer gente pela internet, meus avós diriam. Pois pra mim, foi orgânico. Seu rosto em 3X4 insistentemente pulava na minha tela enquanto navegava pelas, hoje, extintas comunidades. Cliquei uma vez. Li seu texto. O status de comprometido me fez clicar em outras bandas.
Mas seu nome ficou. De alguma forma ficou. Até que cruzei com você tempos depois na mesma tela. A mesma foto 3X4. Você de lado, camiseta roxa. O status do comprometido de repente já não mais fazia parte do cenário. Reli seu texto que te descrevia. Me identifiquei com quase tudo. Não sei se isso é verdade, mas se for, preciso ver de perto.
E naquele dia eu te vi. Sem foto 3X4. Sem tela. Sem textos. A gente se cumprimentou com um beijo no rosto e um abraço – sem, nem sequer imaginar, que aquele seria o primeiro de tantos. A baladinha em Pinheiros que tínhamos combinado de nos encontrar ainda estava fechada, então fomos para um bar. A gente atravessava a rua e eu reparava em todos os detalhes seus, sem sequer imaginar, que aqueles detalhes seriam no futuro, os detalhes mais lindos dentro dos meus olhos.
E a gente falou sobre a vida. Falamos muito, como falamos hoje, com a diferença que naquele momento ainda éramos estranhos. A afinidade, aquela coisa invisível e difícil de explicar, tomava forma.
Você ainda era um estranho, mas, algumas horas e alguns copos de cerveja depois, eu, de alguma forma, sabia que já estávamos enredados, e que seria impossível recuar. Reparava nas suas mãos grandes, nas suas ideias grandes. Queria ficar perto, sem aquela mesa nos atrapalhando. Sempre achava um jeito de tocar em você, de te sentir materializado – na sua mão na hora de recarregar o copo; no seu ombro na hora de levantar para ir ao banheiro; no seu cabelo tirando uma folhinha que tinha ficado presa ali.
O fato é que, as horas se passaram e o buteco de esquina, que seria somente um local de espera, se tornou o cenário principal desse encontro. Caio já dizia que num deserto de almas também desertas, uma alma especial reconhece de imediato a outra. Eu, de alguma forma difícil de explicar, te reconheci. No primeiro segundo, do primeiro minuto. Você sugeriu que levantássemos e que fossemos para o destino inicial. Eu achei estranho, porque já era fim de noite e o papo estava tão aconchegante ali naquele buteco em uma esquina qualquer. Só depois entendi suas más-intenções. Você também tinha percebido que a mesa nos deixava distantes demais.
E a gente se levantou. E nossas mãos, pela primeira vez, se agarraram uma a outra. Mal sabiam elas, que aquele toque seria familiar por muito tempo. Enquanto eu falava mais uma besteira, daquelas de fim de noite, você me puxa e eu, como um estilingue, vou parar no meio dos seus braços e a gente se beija, aquele primeiro beijo de tantos que – felizmente – viriam na sequência. Acho que, de alguma forma, o cosmos comemorava – Isso, garota, você fez tudo certinho. E, de repente, mais ninguém parecia caminhar pela rua, enquanto eu tinha certeza que meu coração, a partir daquele dia, estava ocupado.
Você me olha nos olhos, afasta meu cabelo do rosto e solta um: Não consegui resistir. E eu, dando início àquele que seria nosso segundo beijo, só conseguia pensar: Resistir, para quê?
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Por: Jaque Barbosa – Via: Casal Sem Vergonha