Maria Adelaide Amaral e Fernanda Montenegro não renovam o contrato com a Globo e deixam teledramaturgia órfã.
É notório que a novelista e dramaturga Maria Adelaide Amaral e a atriz Fernanda Montenegro, que também é considerada a grande dama da dramaturgia brasileira, tem um grande impacto com seus trabalhos e suas contribuições para o mercado nacional. Por conta da grande relevância que tem, o fim do contratado das duas profissionais são de longe uma das grandes perdas da Globo.
Maria Adelaide Amaral ficou por 32 anos na emissora, de acordo com o Terra, além de ser uma das poucas mulheres titulares de novelas e séries na Globo, tendo em vista que a escrita de ficção na televisão brasileira é principalmente dominada por homens. Já Fernanda Montenegro é uma das atrizes mais renomadas e queridas do país, eleita como uma Imortal da Academia Brasileira de Letras no final de 2021, além de já ter sido indicada ao Globo de Ouro e ao Oscar, ambos na categoria de Melhor Atriz.
O peso da saída das duas é um grande marco na história da Globo, que deixou a teledramaturgia órfã por conta do grande renome que Maria e Fernanda carregam ao longo do tempo. No caso de Maria Adelaide Amaral, a autora de 80 anos fez obras que ficaram na memória dos telespectadores, como “A Casa das Sete Muralhas” (2003), “Sangue Bom” (2013), além dos remakes de “Anjo Mau” (1997) e “Ti Ti Ti” (2011).
Apesar da dramaturga ter batalhado para a produção de uma minissérie sobre a vida e a obra do compositor Carlos Gomes, autor da ópera “O Guarani”, que foi derrubada em 2020, no fim, Maria já estava sem função na Globo. Ainda segundo o Terra, no final de 2020, a saída de Silvio de Abreu, que atuava na direção de teledramaturgia da emissora, fez com que os projetos da novelista fossem parar na gaveta, sem a chance de produzir algo para fechar o seu ciclo na Globo.
![Saída de Maria Adelaide Amaral e Fernanda Montenegro da Globo gera impacto na emissora](https://osegredo.com.br/wp-content/uploads/2022/12/1-Saida-de-Maria-Adelaide-Amaral-e-Fernanda-Montenegro-da-Globo-gera-impacto-na-emissora.jpg)
Além disso, a dispensa de Maria Adelaide Amaral aumenta a lista de autores, atores e diretores de novelas que deixaram a empresa nos últimos anos, como o premiado Aguinaldo Silva, criador de grandes sucessos como “Roque Santeiro” (1985) e “Senhora do Destino” (2004). A saída da dramaturga certamente fará falta na TV, especialmente pela riqueza de suas produções, caracterizadas por diálogos bem construídos, pesquisas históricas, bons ganchos para os próximos capítulos, além de discussões interessantes.
Em contrapartida, Fernanda Montenegro foi quem pediu para sair do elenco da próxima novela das 21h, “Terra Vermelha”, sem querer renovar seu contrato com a Globo para 2023. De acordo com o Terra, aos 93 anos, a veterana decidiu que não fará mais trabalhos longos, priorizando apenas participações especiais que exijam poucos dias de gravações, focando em sua saúde e nos convites para o cinema.
Com esse desfalque no time da Globo, a empresa fica sem a atriz mais premiada, que foi a única brasileira ganhadora do Emmy Internacional pelo seu papel em “Doce de Mãe”, de 2014, além de também ficarem órfãos da grande dramaturga brasileira, que foi responsável por diversas minisséries de sucesso da emissora.
Apesar do impacto na teledramaturgia da Globo, tanto Maria Adelaide Amaral quanto Fernanda Montenegro estão longe de se aposentarem. Enquanto a dramaturga tem trabalhado em um roteiro de cinema, segundo o Metrópoles, Maria também tem escrito “Em Nome dos Pais”, uma adaptação do livro de Matheus Leitão sobre seus pais, os jornalistas Marcelo Netto e Míriam Leitão, que foram presos e torturados durante a ditadura militar. Já a atriz, ela pretende seguir carreira no cinema, e, inclusive, está para lançar um filme de Walter Salles, inspirado no romance “Ainda Estou Aqui”, que narra a prisão e desaparecimento do pai do autor.