Acabei de sair de uma meditação e eu gostaria que você fosse tocado pelo que presenciei.
Tenho 3 sonhos específicos, a vida toda, e ainda não os realizei, o que me causa uma certa dor que aumenta com os anos.
Hoje eu decidi enfrentar e pagar o preço de um confronto comigo mesma.
Fechei meus olhos e estava em uma linda colina verdejante, seguia ao encontro de mim mesma, do meu medo.
Eu era a coragem, vestia a mesma forma que eu tenho e possuía luz, de enorme sorriso nos lábios e cabeça um tanto inclinada, abri os braços e acalentei em meu peito outra de mim, o medo, ela tem a mesma forma, porém um pouco escura. Ela me apertou forte entre os braços dela…
– Precisamos conversar…
Demos as mãos e saímos… Logo meus pés tocaram areias de uma praia deserta e me vi lado a lado comigo mesma, sorrindo, ambas, de mãos entrelaçadas. Confesso que a emoção de andar de mãos dadas comigo mesma, foi a experiência mais linda, gratificante e apaziguante que eu já vivi.
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Apertamos forte a mão uma da outra e decidimos subir em um rochedo de pedras que inclinava-se para dentro do mar.
A coragem sentou e ficou olhando a minha outra metade de medo, em pé, olhos perdidos no horizonte… Uma suave brisa desgrenhava nossos cabelos.
O medo me olhou, ela me olhou, eu me olhei e perguntou-me:
– Você realmente quer pagar este preço? O preço doloroso de tentar, de entregar-se e correr o risco de sentir dor e machucar-se?
– Sim!
Eu coragem respondi, ainda sorrindo, muito lúcida, calma e feliz.
Eu medo olhou para longe, o mar e voltou os olhos para a EU coragem.
– Sabe que existe a possibilidade da dor. Temos certeza que esses sonhos vão acontecer, algo mais forte que o universo nos diz isto, mas há dor nesta estrada, pois um dia teremos de abandoná-la e ela é maravilhosa demais.
– Um dia todos partimos. Eu CORAGEM estou contigo e só sou coragem porque você medo, me protegeu e cuidou. Transformou-me em quem sou hoje, em coragem. Agora é minha vez de cuidar de você. Estou pronta para levar-nos onde desejamos. Se algo fizer doer, nós crescemos, evoluímos e amadurecemos, saberemos suportar dor e perda e ninguém mais vai morrer nesta história… Não mais… Posso cuidar de você medo. Devo tudo a você!
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Eu medo sentou na pedra, ao meu lado, olhou-me de soslaio e sorriu.
-Quer mesmo pagar este preço?
– Sim, sinto medo, não estou separada de você, sou coragem, mas metade de mim é você, medo. Somos uma só, jamais estaremos separadas. Você me deu suporte quando mais precisei crescer. Agora eu posso te dar o que você sempre desejou e teve de esperar eu crescer para ter. Estou aqui. Estou ao seu lado para sempre. Juntas somos força divina. Separadas somos sombra a vagar pelo mundo.
Eu medo olhou mais uma vez o horizonte e avisou-me:
– Vem um temporal por aí… –
Olhei o céu que enegrecia, o vento que transformava-se em rajadas e o mar agora revolto.
– Adoro temporais. Adoro o cheiro da chuva.
– Eu também… Você sabe que depois desta conversa, teremos estes sonhos realizados. Este nosso encontro, depois de décadas, é uma decisão.
– Eu sei!
– Então vamos pular no mar e aproveitar o temporal? – Convidou-me o Eu Medo.
Eu coragem, olhou aquela escuridão, a água batendo nos rochedos, o vendaval que fazia a chuva fina açoitar nossos rostos. Encostei minha cabeça no ombro do eu medo e fechei os olhos. Eu medo encostou a cabeça na minha cabeça e fechou seus olhos. Por um momento tudo deixou de existir e só sentíamos o ressoar do vento e da chuva. Estavamos em paz, em uníssono. Tinhamos um acordo, um contrato. Queriamos o mesmo e ambos dispostos a proteger os medos e coragens um do outro. Éramos uma dupla. O Medo e A Coragem. Entrelaçamos os dedos e apertamos forte.
Éramos o melhor e mais destemido casal. Segurar um na mão do outro era a sensação de paz mais incrível do universo.
Eu medo levantou, olhou-meme sorrindo largamente, era a primeira vez que o medo sorria largamente e brincou comigo:
– Coragem você está com medo de pular no mar comigo em dia de temporal? Este temporal é um marco, o prenúncio da nossa vitória, embasada em nossa decisão. Coisas lindas vem por aí.
Eu coragem levantei e sorri largo, segurei na mão do Eu medo e juntos nos jogamos no mar.
A escuridão nos envolveu, o temporal rugiu em nossos ouvidos e a água gelada nos cobriu. Mas lá dentro do turbilhão do mar revolto e do temporal que nos açoitava sem piedade, nos divertíamos juntos e riamos alto, como nunca fizéramos antes. Lá dentro havia luz, uma luz divina que nos acalmava e nos dizia que havíamos feito as pazes. Não precisávamos seguir separados e nem machucar um ao outro com desentendimentos. Podíamos sentar e conversar e perceber, que queríamos as mesmas coisas, tínhamos os mesmos sonhos e só poderíamos realizá-los em conjunto, como uma dupla. Cada um tinha o necessário para dar suporte ao outro.
Sentimos Deus naquela manifestação da natureza. Nos sentíamos deuses, capazes de conseguir tudo que nos faria bem dali para frente…
Decida definitivamente o que você deseja e os milagres irão acontecer…