Será que sabemos quem somos quando falamos do desejos, do tornar-se algo, do ser alguém?
Falamos, lemos, ouvimos tanto sobre a nossa importância diante da vida e, mesmo assim, nós nos equivocamos, quando falamos de planos, de futuro, da realidade.
É uma prática, não muito óbvia, este projeto de vencer, vir a ser alguém. Isto está muito ligado a questões capitalistas. E não adianta pensar em chegar lá, sem pensar que junto chega uma boa conta bancária, uma vida de conforto, algumas viagens, estudo, diversão, estabilidade. Não que não seja bom. É ótimo, mas algumas coisas precisam ser repensadas.
Este vir a ser tem a ver com futuro, nunca é hoje, porque hoje eu ainda estou lutando, e todos os dias estarei arquitetando sobre como serei amanhã.
E, para muitos de nós, os anos passam, a vida voa, já não se tem mais 20 nem 30 e estamos pensando que queremos e precisamos ser alguém.
Sempre que uma pessoa diz para lutarmos por nossos sonhos, parece estar dizendo você tem que enfrentar tudo para chegar ao topo. Mas o que seria este topo?
É tão particular, tão singular. Queremos estar lá com quem? Seria com quem também chegou? E precisamos esgotar uma vida quase inteira para isso? Ou para descobrir que pode ser que não chegaremos?
Talvez a gente tivesse um monte de sonhos realizáveis, sonhos menores, alcançáveis, sem precisar de tanta luta, de tanta dispêndio de energia. Se fôssemos mais parecidos e nos contentássemos com menos coisas, talvez os pensamentos estivessem menos distantes, mais práticos, mais rápidos de se pôr em prática.
E para que não precisássemos ser tão sonhadores, quem sabe algumas metas e objetivos realizáveis.
Há sem dúvida, alguns desejos especiais que tomam um tempo e um esforço maior, mas que a vida não dependa disso para estufarmos o peito e dizer: “Eu sou alguém”.
Nós já somos. E não temos noção da nossa importância, nem da importância do outro. Vivemos esperando, vivemos iludidos. Pode ser que a vida queira nos corresponder no agora e estamos vivendo lá na frente que nem compreendemos as respostas que ela nos traz hoje.
Não vamos perder o foco, perder os sonhos de vista, perder as oportunidades. Só não vale perder o tempo reservado para a vida que está fluindo aqui e não lá, para viver um pouco o sonho do outro, para ser o sonho de alguém ou para acordar para o que de bom o Universo nos reserva.
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