O pesquisador Kevin Harrington descobriu, ao lado de sua equipe, uma forma de atuar contra cânceres em estágios avançados com um vírus geneticamente modificado.
Um novo tipo de tratamento, ainda em fases iniciais de testes, tem se mostrado promissor na infecção e destruição de células nocivas, fazendo com que um paciente nos estágios finais de câncer visse seu tumor desaparecer completamente há dois anos. Para isso, pesquisadores utilizam uma modificação genética do vírus da herpes (herpes simplex).
Chamada de RP2, essa versão mais branda do vírus da herpes tem mostrado importantes sinais de eficácia, chegando a atuar contra uma variedade de tumores avançados em cerca de um quarto dos pacientes que se submeteram ao estudo. Os voluntários do estudo tinham câncer de pele, esôfago, cabeça e de pescoço, e já tinham esgotado suas possibilidades de tratamento, já que os tumores não respondiam à imunoterapia.
As primeiras descobertas da equipe envolvida no estudo foram apresentadas no Congresso da Sociedade Europeia de Oncologia Médica (ESMO) deste ano, e sugerem que esse vírus modificado pode oferecer esperança aos pacientes que não conseguiram nenhum avanço com outros tipos de tratamentos médicos.
Primeiros resultados positivos
Uma equipe do Instituto de Pesquisa do Câncer, em Londres, e do The Royal Marsden NHS Foundation Trust, avaliou que o vírus tem a capacidade de matar o câncer sozinho em nove pacientes; e em combinação com a imunoterapia nivolumab em 30 pacientes no estudo de fase I, que ainda está em andamento.
O vírus RP2 geneticamente modificado, é injetado diretamente nos tumores, sendo projetado para ter uma dupla ação contra os cânceres. Ele se multiplica dentro das células malignas para explodi-las por dentro, e também bloqueia uma proteína conhecida como CTLA-4 – liberando os freios do sistema imunológico e aumentando sua capacidade de matar essas células. O vírus também foi modificado para produzir moléculas chamadas que dão ao vírus capacidades adicionais para ativar o sistema imunológico contra o câncer.
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Três em cada nove pacientes tratados com RP2 por conta própria se beneficiaram do tratamento e viram seus tumores encolherem. Um paciente com câncer de glândula salivar viu seu tumor desaparecer completamente e permanece livre do câncer 15 meses após o início do tratamento. Segundo reportagem da BBC, Krzysztof Wojkowski, construtor de 39 anos, que viu a doença crescer cada vez mais desde seu diagnóstico em 2017.
O paciente contou que os médicos anteriores chegaram a alegar que já não existiam mais tratamentos disponíveis para que ele pudesse fazer, e que estava devastado, mas que a chance de poder participar do estudo acabou se revelando incrível. Krzysztof tomou injeções a cada duas semanas que foram capazes de erradicar completamente o câncer, ficando livre da doença há cerca de dois anos.
Os outros dois pacientes deste grupo tinham câncer de esôfago e melanoma uveal – um tipo raro de câncer de olho – que se espalhou para o fígado. Eles viram seus cânceres encolherem e ainda estavam respondendo 18 e 15 meses após o início do tratamento, respectivamente – o que significa que o câncer não havia progredido.
Sete dos 30 pacientes que receberam RP2 e a imunoterapia nivolumab também se beneficiaram do tratamento. Neste grupo, quatro em cada nove pacientes com câncer de pele melanoma, dois em cada oito pacientes com melanoma uveal de câncer de olho e um em cada três pacientes com câncer de cabeça e pescoço, viram o crescimento do câncer parar ou diminuir.
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Dos sete pacientes que receberam a combinação que viram um benefício, seis permaneceram livres de progressão em 14 meses. Todos os pacientes envolvidos no estudo tinham cânceres muito avançados que não responderam ou não eram elegíveis para as opções de tratamento padrão.
O líder do estudo, professor Kevin Harrington , professor de terapias biológicas do câncer no Instituto de Pesquisa do Câncer, em Londres, e oncologista consultor do The Royal Marsden NHS Foundation Trust, disse: “Nosso estudo mostra que um vírus geneticamente modificado que mata o câncer pode dar um golpe duplo contra os tumores – destruindo diretamente as células cancerígenas por dentro, ao mesmo tempo em que convoca o sistema imunológico contra elas.”
Aproveitando os vírus
O professor Kristian Helin, diretor executivo do Instituto de Pesquisa do Câncer, em Londres, disse: “Os vírus são um dos inimigos mais antigos da humanidade, como todos vimos durante a pandemia. Mas nossa nova pesquisa sugere que podemos explorar alguns dos recursos que os tornam desafiantes adversários para infectar e matar células cancerígenas. É um estudo pequeno, mas os resultados iniciais são promissores. Espero muito que, à medida que esta pesquisa se expanda, vejamos os pacientes continuarem a se beneficiar.”
*Nota: As informações e sugestões contidas neste artigo têm caráter meramente informativo. Elas não substituem o aconselhamento e acompanhamentos de médicos, nutricionistas, psicólogos, profissionais de educação física e outros especialistas.