Vincent van Gogh (1853-1890) é, com certeza, um dos pintores mais famosos de todos os tempos.
Por alguns anos, ele tentou seguir o caminho da teologia, herança de seu pai, mas acabou deixando isso de lado para se dedicar à arte.
Ele teve uma vida muito difícil, marcado por transtornos psiquiátricos, e contou com a ajuda de seu irmão mais novo Theo, para sustentá-lo e apoiá-lo.
O holandês foi um verdadeiro marco no pós-impressionismo, e suas obras são conhecidas no mundo inteiro. No entanto, sua história na arte foi cruel.
Van Gogh morreu com 37 anos, possivelmente por suicídio. Ele produziu 900 quadros, mas vendeu apenas um em vida.
Van Gogh tem fama de “louco” para muitas pessoas, e é conhecido por vários como o cara que cortou a sua própria orelha. Mas a realidade é que as suas obras tinham significados profundos, e ele foi um marco na arte tendo uma grande importância para artistas até hoje.
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A seguir, te mostraremos o significado das 16 obras mais famosas de Van Gogh:
1. Os comedores de batata (1885)
Essa obra mostra uma família jantando às sete horas da noite, conforme indicado no relógio à esquerda do quadro. Também é possível perceber que a família é religiosa, por conta da imagem presente na mesma parede do relógio.
O foco da tela está na família, que é feita de homens e mulheres que trabalham duro, na terra. As características físicas retratadas na família, como os rostos cansados e as mãos fortes, deixam o seu protagonismo claro.
O jantar é composto de batatas, e o contraste entre claro e escuro na tela mostra a maestria de Van Gogh ao compor a obra, que é considerada a sua primeira obra-prima.
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2. O quarto (1888)
Essa obra bastante popular do pintor holandês é uma representação do quarto que Van Gogh alugou em Arles, no sul da França.
Em O quarto, ele usou cores fortes e criou um contraste muito interessante na tela.
Através dessa obra, podemos conhecer um pouco do dia a dia do pintor durante os seus últimos anos de vida. Descobrimos, por exemplo, que no seu quarto havia telas espalhadas pelas paredes e móveis de madeira. pintura acima faz um registro do quarto que Van Gogh alugou em Arles. Na imagem vemos detalhes da vida do pintor como os móveis de madeira e as telas penduradas nas paredes.
Como Van Gogh morava sozinho, o fato de terem dois travesseiros e duas cadeiras na obra é intrigante.
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Alguns acreditam que ele criou essa obra para confortar o seu irmão, Théo, e que ela seria uma forma de demonstrar que ele estava bem.
3. Terraço do café à noite (1888)
No mesmo ano, Van Gogh pintou uma outra cena da cidade de Arles. Dessa vez, ele registrou um terraço na Place du Fórum.
O que torna esse quadro genial é o fato de que mesmo se tratando de uma cena noturna, Van Gogh não usou tinta preta em nenhum momento da obra, usando outros tons escuros, cmoo violetas, verdes e azuis, para retratar com perfeição uma cena noturna.
Essa é uma das poucas obras que Van Gogh não assinou, mas o estilo de pintura e as cartas de Van Gogh, onde ele mencionou essa obra, dão a certeza de que esse foi um trabalho dele.
Registros apontam que ele criou essa obra depois de terminar a leitura de um romance de Guy Maupassant.
4. Os girassóis (1889)
Os girassóis é um dos grandes clássicos de Van Gogh. A maioria de nós tem o seu primeiro contato com essa obra-prima logo na infância, durante as aulas de artes.
Um quadro aparentemente simples, mas que mostra a criatividade do pintor ao retratar um girassol de dez maneiras diferentes.
Essa não é a obra mais “confortável” para os olhos, uma vez que as flores estão “bagunçadas” no vaso, mas ao mesmo tempo, ela representa com maestria a realidade.
O amarelo é a cor central da obra e Van Gogh foi capaz de usá-lo com harmonia.
Segundo informações, essa tela foi criada pelo artista como uma saudação ao seu amigo Paul Gauguin (1848-1903), que o visitou em Arles.
Nessa obra, Van Gogh alterou o seu padrão de assinatura. Ao invés de coloca-la no canto da tela, ele resolveu escrever o seu nome dentro do vaso. Em uma carta que escreveu para o irmão Theo, ele ainda relatou que resolveu assinar apenas com “Vicent” porque as pessoas tinham dificuldades de pronunciar o restante de seu nome.
5. Autorretrato com a orelha cortada (1889)
Um dos grandes clássicos de Van Gogh, esse autorretrato mostra um momento complicado da vida do pintor.
O que sabemos sobre esse acontecimento foi que ele foi motivado por uma briga com o amigo Paul Gaugin, que se mudou para a residência artística no ano de 1889, convidado pelo próprio Van Gogh.
No entanto, não há uma conclusão específica sobre quem foi o responsável por cortar parte da sua orelha.
Ainda há relatos de que Van Gogh teria guardado a parte do membro mutilado e mostrado para uma prostituta chamada Rachel num bordel.
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6. A noite estrelada (1889)
Esse é, sem dúvidas, a obra mais famosa de Van Gogh. A noite estrelada inspira muitos artistas até hoje, e é frequentemente referida pela publicidade.
O que muita gente não sabe sobre esse quadro, é que quando ele foi criado, Van Gogh estava passando por mais um período obscuro de sua vida.
Na época, ele estava internado no hospital psiquiátrico de Saint-Rémy-de-Provence. Ele pediu para que o irmão Theo o internasse no local, depois de passar uma série de surtos psicóticos.
A tela que ganhou o mundo retrata a visão que Van Gogh tinha do nascer do sol em seu quarto no hospital.
A condição de saúde que complicou a vida de Van Gogh não é sabida com clareza, mas suspeita-se que ele tinha depressão profunda e bipolaridade.
7. Campo de trigo com corvos (1890)
Essa obra foi pintada em 10 julho de 1890, quase 20 dias antes de morte de Van Gogh (no dia 29 de julho de 1890). Campo de trigo com corvos foi a sua penúltima obra. A última foi Raízes de árvores, que nunca chegou a ser finalizada pelo artista.
A interpretação mais comum dessa obra é que Van Gogh escolheu retratar toda a solidão que sentia por conta de sua depressão e das perturbações mentais que o acompanharam ao longo da vida.
8. Amendoeira em flor (1890)
Outra obra criada no último ano de vida de Van Gogh, Amendoeira em flor foi um presente do pintor ao seu irmão caçula Theo, que sempre foi seu companheiro.
Em 1890, Theo e sua esposa Johanna tiveram um filho, e Van Gogh pintou essa obra para presentear a família e o bebê. O objetivo do pintor era que o quadro ficasse em cima do berço do bebê, mas Johanna teria colocado na sala porque gostou demais do seu trabalho.
A obra que traz tons pasteis, mais condizentes com o seu objetivo, mostra uma perspectiva diferente, mostrando a amendoeira por “baixo”.
É interessante comentar que o bebê, nascido em dia 31 de janeiro de 1890, recebeu o nome de Vincent, em homenagem ao tio.
Vicent sobrinho foi quem criou o Museu Van Gogh, em Amsterdam no ano de 1973.
9. O carteiro: Joseph Roulin (1888)
Nessa obra, Van Gogh retratou um de seus melhores amigos na cidade de Arles.
O que se sabe sobre Joseph Roulin é que ele era um carteiro e que se encontrava frequentemente com Van Gogh, porque o pintor ia ao local com frequência para enviar cartas a Theo.
A convivência fez com que uma amizade fosse surgindo. O carteiro: Joseph Roulin faz parte de uma série de retratos que Van Gogh fez de Joseph e de sua família. A série contou com cerca de 20 retratos de Joseph, sua esposa Augustine e dos seus três filhos Armand, Camille e Marcelle.
10. A cadeira de Van Gogh com cachimbo (1888)
Assim como O quarto, a obra cadeira de Van Gogh com cachimbo foi pintada na residência artística onde do pintor em Arles.
Nessa obra, vimos uma cadeira de madeira bastante simples, sem braços e revestida de palha. Essa obra é vista como um contraponto ao quadro A cadeira de Gauguin, feita pelo próprio Van Gogh.
Gauguin era reconhecido na época, e por isso a sua cadeira era muito melhor estruturada. Os dois quadros eram pares, e deviam ser expostos juntos.
Van Gogh pintou a sua cadeira em um quadro de tons amarelados, escolhido como uma maneira de representar a sua simplicidade. Já a tela para a cadeira de Gauguin tinha um aspecto mais elegante, de modo a refletir a sua intenção ao criar as duas obras.
Um trabalho realmente genial e de muito conceito.
11. Campo de trigo com ciprestes (1889)
Como é possível perceber através da sua história, Van Gogh adorava representar cipestres. As plantas que se assemelham a labaredas no céu, sempre se destacaram para o pintor no meio de outras plantas, e foram inspiração para diversas obras conceituais do artista.
Essa obra bastante conhecida do pintor é um óleo sobre tela tem 75,5 x 91,5 cm e atualmente está exposta uma galeria na Grã-Bretanha para a apreciação do público.
12. Homem velho com a cabeça em suas mãos (No portão da eternidade) (1890)
Essa pintura traz um sentimento de agonia ao mostrar um homem que claramente está passando por um momento de aflição. A obra foi baseada em um desenho e litografias que Van Gogh fez em 1882.
Sobre o desenho e as litografias que acerca desse tema, Van Gogh declarou:
“Hoje e ontem desenhei duas figuras de um velho com os cotovelos sobre os joelhos e a cabeça entre as mãos. (…) Que bela visão faz um velho trabalhador, em seu terno de bombazina remendado com a cabeça careca.”
Através dessa obra, podemos compreender um pouco melhor a realidade que o pintor estava vivendo nos seus últimos meses de vida. No entanto, mesmo com todos as suas questões psíquicas, Van Gogh ainda acreditava na existência de um “portal da eternidade”.
13. O Dr. Gachet (1890)
O homem representado nessa obra é o médico Paul Gauchet, que foi o responsável por tratar Van Gogh após a sua mudança para a cidade de Auvers.
Segundo os relatos, Gauchet tinha uma paixão pela arte e já fazia parte de sua rotina criar relacionamentos com artistas. Ele e Van Gogh tiveram uma conexão imediata e intensa. No entanto, como parecia ser de praxe na vida do pintor, logo eles acabaram se desentendendo.
Van Gogh chegou a falar sobre o assunto com o irmão em uma carta:
“Creio que não devo mais contar com Dr. Gachet. Em primeiro lugar, ele está mais doente do que eu, ou pelo menos, tanto quanto eu. De modo que não há mais o que falar. Quando um cego conduz outro cego, os dois não caem no buraco?”
Van Gogh pintou a obra duas semanas após conhecer o médico, e disse que a sua intenção nesse quadro foi retratar “a aflitiva expressão de nossa época”.
O Dr. Gachet está exposto no Museu de Orsay, em Paris.
14. Autorretrato com chapéu de palha (1887)
Ao longo de sua vida, Vicent Van Gogh criou um total de 27 autorretratos.
Nesse óleo sobre tela , de 35 x 27 cm, o pintor usou tons de amarelo e retratou a si mesmo com um olhar firme perante o público. Também podemos perceber um tom de ansiedade na obra, e isso é justificado.
Logo depois de concluir esse trabalho, Van Gogh se mudou novamente para o sul da França.
Ele falou algo sobre a obra:
“Gostaria de pintar retratos que daqui a cem anos aparecessem como uma revelação (…) não por fidelidade fotográfica, mas antes (…) pela valorização dos nossos conhecimentos e do nosso gosto presente na cor, como meio de expressão e exaltação do caráter.”
15. Irises (1889)
Esse quadro foi pintado durante o período em que Van Gogh ficou internado no asilo de Saint Paul-de-Mausole em Saint-Remy, França, após muitos casos de hospitalização e automutilação.
Ele continuou se dedicando à pintura durante a sua estada no local. No total, foram cerca de 130 quadros produzidos por ele, e suas principais inspiração eram os jardins. Entre as obras, se destacaram The Starry Night and Irises .
Irises é considerada o primeiro trabalho que Van Gogh desenvolveu no local. Na época, ele ainda não havia tido episódios ruins no asilo, e por isso a sua obra não demonstra sinais claros de tensão e infelicidade, que são percebidos em muitos de seus quadros posteriores.
Nessa obra, é possível perceber que ele retratou as flores com uma verdadeira admiração e alegria. A natureza foi uma verdadeira fonte de inspiração para o pintor, que acredita-se ter sido influenciado por xilogravuras japonesas, produzidas a partir do século XVII.
As obras japonesas serviram de inspiração para diversos artistas de sua época. Nas obras de Van Gogh, as flores são representadas com muita particularidade. Cada uma delas possui uma construção individualizada.
Dando mais uma prova de seu inegável talento, reconhecido tarde demais, ele apresenta uma variedade de curvas e movimentos ao criar o quadro que até hoje é reconhecido como um de seus mais famosos.
16. A casa amarela (1888)
Van Gogh representou diversos ambientes importantes ao longo de sua vida, e A casa amarela retrata mais um deles.
Nessa obra, ele mostra a casa onde morou logo após ter deixado Paris. A casa, como diz o nome da obra, era amarela e ele alugou apenas um quarto do local, que ficava a um quarteirão da praça Lamartine, em Arles.
Van Gogh pintou o quadro no mesmo ano em que se mudou para a casa amarela, que ficava a 16 horas de trem de Paris. Nesse local, ele teve uma vida em comunidade significativa.
Na casa amarela também moravam outros artistas. O local era uma espécie de lar para todos eles, que além de experimentar a rotina em coletividade também trabalhavam juntos, embora cada um tivesse o seu próprio quarto.
A casa amarela tem como principais características o contraste entre o azul e o amarelo, evidenciados no céu e nas casas e também as pinceladas soltas.
Como é possível ver através da obra, o pintor deu destaque à casa onde viveu mas também ao quarteirão e ao ar da cidade.
No fundo da tela, do lado direito, é possível percebeu um viaduto com o trem, o que pode remeter a uma possibilidade de fuga.