O padre Aluizio Ricardo Aleixo fez a cerimônia na Língua Brasileira de Sinais e contou que foi evangelizado por um surdo. Atitude foi considerada acolhedora pelos noivos.
Em Caruaru, no agreste pernambucano, uma cerimônia de casamento abriu as portas para a reflexão sobre a inclusão da população surda na sociedade, inclusive nas igrejas. Pode parecer um assunto antigo, mas a realidade é que a maioria dos lugares não é planejado para receber ou acolher pessoas com deficiência.
A acessibilidade é muito mais do que construir rampas e instalar piso tátil, tornar o ambiente acessível é garantir que todas as pessoas consigam desfrutar da vida de forma igualitária.
Adrielly Monteiro e Adalberto Ferreira planejaram, durante meses seu casamento; de acordo com reportagem do G1, chegaram a mudar a data da cerimônia em decorrência da pandemia. Acostumado com a falta de inclusão e se preparando para um dos momentos mais especiais e marcantes de sua trajetória em união, o casal, que é surdo, convidou dois profissionais intérpretes de Libras para que conseguissem desfrutar da ocasião apropriadamente.
Para a surpresa dos dois, no dia 10 de fevereiro, o padre Aluizio Ricardo Aleixo presidiu a celebração inteira na Língua Brasileira de Sinais (Libras) e em português, simultaneamente.
Nada havia sido combinado anteriormente e a atitude do padre surpreendeu os noivos, que se sentiram acolhidos e respeitados. O momento, segundo Adrielly, serve como reflexão para a sociedade, destacando a importância de todos aprenderem Libras, inclusive os padres.
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Em entrevista, o padre Aluizio revela que foi evangelizado por um surdo, que lhe contou a parábola da ovelha perdida. Na história, um pastor sai para procurar uma ovelha que se perdeu, quando a encontra, chama-a pelo nome, mas ela não responde.
Percebendo que ela estava machucada, o pastor estende a mão para ajudá-la, é quando ela responde ao sinal com força. Seu evangelizador lhe contou a razão: a ovelha era surda e precisava que o pastor lhe desse um sinal. Naquele momento, o padre compreendeu que tinha que cumprir essa missão.
Juntos há oito anos, eles contam que ficaram muito felizes com a surpresa. A noiva revela que a maioria dos religiosos não sabe se comunicar com as pessoas surdas, fazendo da igreja um ambiente inacessível, por isso se emocionaram com o conhecimento do padre. Para Aluizio, a experiência de presidir um matrimônio é sempre especial, mas que ficou marcado com o de Adrielly e Adalberto, já que recebe atenção e percebe a participação de surdos e ouvintes.
Adalberto e Adrielly, ambos professores de Libras, nasceram ouvintes, mas ficaram surdos por complicações da meningite. Ele tinha dois anos e ela, apenas oito meses, quando perderam a audição.
O fotógrafo Djeison Zennon foi quem registrou a cerimônia. Segundo ele, esse foi seu primeiro casamento em Libras. Ele conta que acreditou que poderia ter dificuldades, mas que tudo correu bem e que a noiva é uma excelente observadora.
A experiência mostrou a necessidade que Djeison e sua esposa, também fotógrafa, Penha Ferreira, aprenderem Libras. É importante que a população ouvinte busque incluir, cada vez mais, as pessoas surdas nos espaços públicos e privados. Isso é acessibilidade, e todas as pessoas têm o direito de desfrutar da vida em sua plenitude, sem encontrar barreiras físicas ou emocionais que as impeçam disso.
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