A atriz Isabel Teixeira conquistou o público nos últimos meses, e a história da mulher submissa que “se toca” e abandona a vida de humilhação conquistou o público.
A personagem que mantém um casamento falido, aguentando provocações, xingamentos e agressões apenas para não se separar, não é novidade. Inclusive, são muitas as mulheres que vivem situações parecidas, chegando a aceitar tratamentos prejudiciais e humilhantes porque acreditam que não são dignas de mais do que o que recebem.
Em “Pantanal”, Maria (Isabel Teixeira) é casada com Tenório (Murilo Benício) e suportou uma vida de maus-tratos apenas para manter a família unida. O marido, por sua vez, além de não suportar a presença e as investidas da esposa, cria um apelido que passa a acompanhá-la: Maria Bruaca. O tom pejorativo demonstra o nível abusivo da relação, com direito a relacionamento extraconjugal e até uma segunda família que ele mantém escondida.
Cansada do tratamento desumano e da solidão, a personagem se sente inconformada quando descobre que Tenório tem uma amante e três filhos fora do casamento, e se entrega a um tórrido romance com o peão Alcides (Juliano Cazarré). Desde que passou a enfrentar o marido e a se libertar sexualmente, pensando mais em si e menos nos outros, Maria despertou no público um sentimento de justiça, transformando-se numa das personagens preferidas.
As cenas de Maria Bruaca têm sido as mais aguardadas, e o crescimento da personagem diante até mesmo dos protagonistas Juma (Alanis Guillen) e Jove (Jesuíta Barbosa) não é algo incomum. Um monitoramento feito em junho deste ano nas redes sociais, pela Rede Globo, revelou que ela é uma das mais citadas. Entre memes, fotos e reações, o público menciona seu nome a ponto de ficar em segundo lugar na lista, perdendo apenas para o Velho do Rio (Osmar Prado).
![“Pantanal”: no meio de muitos personagens “chatos”, Maria Bruaca tem sido a salvação da novela!](https://osegredo.com.br/wp-content/uploads/2022/08/2-Pantanal-no-meio-de-muitos-personagens-chatos-Maria-Bruaca-tem-sido-salvacao-da-novela.jpg)
No top 3 apresentado pela emissora, ainda ficou Juma, um prato cheio para lotar as redes com imitações do seu bordão “Tô com reiva!” Para surpresa dos organizadores do monitoramento, Jove ficou de fora da lista, completamente eclipsado por personagens com muito menos tempo de tela, mas que cativaram o público com a atuação e as histórias que corporificam.
O que a atriz pensa
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À revista Veja, Isabel Teixeira comentou que se sente agraciada por saber que o público gosta da sua interpretação, mas faz um alerta de que muitas mulheres devem ter se identificado porque se veem na posição de Maria Bruaca. Para a atriz, o machismo é estrutural em nossa sociedade, e por mais que o feminismo tenha feito importantes avanços, ainda existem relacionamentos abusivos, principalmente em locais mais distantes dos grandes centros.
Isabel afirma que a personagem tem o potencial de suscitar o debate sobre relações de abuso, e que todos deveriam enxergar as novelas como um “tesouro nacional”, algo que ela descobriu recentemente. Através da cultura, na dramaturgia, uma mulher oprimida que se descobre e se arrisca em outra coisa pode ser um impulso para outras que vivem de maneira semelhante.
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Personagens ofuscados
Conforme mencionamos, Juma e Jove foram ofuscados na trama dirigida por Bruno Luperi, talvez por conta das repetições em temáticas que acabaram saturando o público ou pelo distanciamento dos atores e seus personagens. Outro personagem apontado como “chato” ou “ruim” nas redes sociais é Guta (Julia Dalavia), que se mostrou demagoga e pouco ativa na trama.
Ainda que a personagem estivesse envolta em uma narrativa de provável incesto, o público apontou as atitudes com a mãe, Maria Bruaca, como inconsistentes e pouco empáticas. A jovem até chegou a passar sermões sobre autoaceitação e amor-próprio, mas se recusou a ajudá-la no momento em que mais precisou, o que configurou como um ponto negativo.
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A família Leôncio também é apontada como “fonte inesgotável de tédio”, com José Leôncio (Marcos Palmeira) encabeçando-a. De acordo com os espectadores, o personagem é autoritário, não sabe lidar com opiniões contrárias às suas e tem comportamentos machistas que incomodam. Os filhos Tadeu (José Loreto) e José Lucas (Irandhir Santos) também pautam muita reclamação, o primeiro, porque não se cansa de buscar aceitação de um pai que pouco se importa com ele, além da fixação na sela de prata, com a qual ninguém se importa; e o segundo, por comportamentos incisivos com Juma logo no início, os quais irritaram o público.