O papa Francisco disse que o celibato – estado do adulto que não é casado – pode ser revisto pela Igreja Católica.
A declaração foi publicada na sexta-feira (10), em uma entrevista para o portal argentino Infobae.
Ao ser questionado, o pontífice disse que não acredita que o fim da exigência do celibato a padres aumentaria o ingresso de pessoas no sacerdócio. Ele, porém, defendeu que não há contradição em um padre se casar.
“O celibato na Igreja ocidental é uma prescrição temporária: não sei se está resolvido de uma forma ou de outra, mas é provisório nesse sentido; não é eterno como a ordenação sacerdotal, que é para sempre, goste você ou não”, afirmou.
Francisco também citou exemplos de igrejas católicas orientais, que segundo ele permite que seus sacerdotes se casem. “Todos da Igreja oriental são casados. Ou quem quiser. Lá eles fazem uma escolha antes da ordenação: há a opção de se casar ou ser celibatário”, disse.
Apesar da declaração, o pontífice não deu detalhes sobre uma eventual mudança da regra católica, nem mesmo se ela deve ser feita durante seu papado. Francisco, aliás, completa 10 anos como papa nesta segunda-feira (13).
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Na mesma entrevista, o papa disse ter esperança de que o regime de Nicolás Maduro na Venezuela seja modificado. Ao ser questionado sobre as acusações da ONU de que a ditadura venezuelana promove violações de direitos humanos contra dissidentes, Francisco afirmou que “as circunstâncias históricas vão forçá-los [cúpula do regime] a mudar a forma de dialogar”.
Além disso, o papa apontou um “desequilíbrio” no ditador da Nicarágua, Daniel Ortega, e comparou o regime do país da América Central à ditadura comunista na União Soviética e ao regime nazista de Adolf Hitler.
“Com muito respeito, não tenho escolha a não ser pensar em um desequilíbrio na pessoa que lidera [Daniel Ortega]. Lá temos um bispo preso, um homem muito sério, muito capaz. Ele queria dar seu testemunho e não aceitou o exílio. É uma coisa que está fora do que estamos vivendo, é como se estivesse trazendo a ditadura comunista de 1917 ou a ditadura hitlerista de 1935”, disse ele.
Em agosto, a polícia da Nicarágua prendeu o bispo de Matagalpa, Rolando Álvarez, e outras sete pessoas — quatro sacerdotes, dois seminaristas e um funcionário da diocese. Desde então, Francisco vem pedindo, publicamente, pela soltura deles.