Já é sabido que durante nossa existência assumimos muitos papéis. Somos filhos, pais, irmãos, amigos e até, rivais… Vamos nos revestindo de experiências emocionais que nos levam a ir à próximas fases. Porém, estou vivendo um momento ambíguo dentro de minha árvore genealógica. Confuso? Já explico. Estou em situação de desconforto emocional como mãe e como filha.
Tenho que cobrado muito sobre o script que tenho escrito ambos os papéis.
Ando triste, muito triste porque não tenho conseguido fazer com que estas pessoas, que amo, estejam felizes quando estão ao meu lado.
Estou sempre no papel de “cobrança”. Talvez na ânsia de querer o bem, o que não justifica, mas explica, eu tenho atropelado algumas etapas de seus quereres e conquistas.
Mas espere, este não é um texto que tem como tônica a melancolia ou tristeza. Ao contrário, como bem disse minha querida Mari dias atrás em seu texto – É tempo de Reflexão. É tempo de introspecçãoo, e minha queridona Lú em Defeitos, eu???. Sim, resolvi parar e entender o que anda acontecendo dentro de mim. Está mais do que na hora. Tirei minha “venda” dos olhos da alma para enxergar o mais profundo que consegui. Pois bem, percebi que ando irritada e transfiro isso a meus laços de vida. Descobri que pareço um trem sem destino, correndo atrás de estações que deixei de passar por acelerar demais. Não tenho e não posso ter o controle de tudo a minha volta. E é aí que está o problema. Eu sempre tento…
Meu pai já é bem grandinho, com quase 78 anos. Acredito que já sabe o rumo que quer continuar dando a sua vida. Por mais que um sofra com algumas situações, isso não vai mudar. A vida é dele. Não sou mãe, sou filha e como filha, tenho que respeitá-lo. Porque eu quero controlar a vida dele, ou melhor, será que quero? Bela reflexão. Mas sinceramente, não cheguei a nenhuma conclusão. A única coisa que preciso é continuar amando cada vez mais e fazer com que saiba que estarei sempre aqui.
Passando correndo pelo meu estado ser EU… Vamos ao ser mãe. Tenho duas filhas, dois cristais delicados que tive o prazer incomensurável de ver crescer dentro de mim. Imagino muitas vezes que ainda estejam lá feito dois cangurus pequenininhos na minha “bolsa”. E elas não estão mais lá. As duas já criaram personalidades próprias, cresceram e tem suas escolhas! A mais velha me disse claramente hoje: “Mãe, eu odeio quando você decide por mim. Eu tenho que decidir minhas coisas”. Sabe de uma coisa, na hora fique muito injuriada. Passado o momento do susto, cai na real e me enchi de orgulho! Ela cresceu! Amadureceu! Posso dizer que ambas estão “levemente lapidadas” (ainda temos um longo caminho para estarem prontas para a vida), mas já em condições de começar a alçar voos mais longos.
Talvez eu não esteja preparada para a saída delas do casulo. Preciso amadurecer no papel de mãe.
Caraca, que controvérsia… A mãe tendo que amadurecer! A filha tendo que deixar o controle da vida do pai! Que balaio de gatos eu me enfiei. Cheguei à seguinte conclusão: amadurecemos sempre, todos os dias para sempre. Não importa se estou com 20, 30, 40 ou 80 anos. (texto Maturidade, o primeiro texto que escrevi). Isto é constante!
Sou muito apressada, ativa e ligada no 220. Acredito que meu estado de espírito tenha entrado no outono antes do tempo, prematuro. Sim, minhas folhas estão caindo e estou ficando com galhos secos. Mas isto é necessário para que novas folhas venham cheinhas de seiva e viçosas. É assim que a natureza funciona…
Preciso respirar fundo, entrar nos eixos. Eles precisam muito de mim, mas nos devidos papéis e com segurança, sem chiquiles.
Preciso ser e estar forte. Algumas arestas a cortar aqui e ali. Alguns ajustes na rota e com certeza o trem volta para seu trilho no destino certo!
Pathy Bertão, filha ou mãe? Ambas, com muito orgulho, sim senhor!