Enquanto a meta for perfeição e não felicidade, cumplicidade, amizade e respeito, sempre haverá uma trava. Uma trava de conceitos, o que é perfeito pra você pode não ser pra mim.
E nos deparamos com uma questão muito comum, a diferença. Que origina alguns dos muitos problemas na sociedade de uma forma geral, porque seria diferente no relacionamento a dois?! Mas tudo é uma questão de aprender e de respeitar.
A individualidade deve ser respeitada, antes de tudo. Pensamentos diferentes, vontades diferentes, tempos diferentes, não são sinônimos de um casal infeliz. Individualidade é sinônimo de um casal que se respeita, mas principalmente sinônimo de casal.
Casal é feito de dois, logo de dois modos diferenciados de ver a vida, dois jeitos distintos de se portar pela manhã, por exemplo. É sinônimo de casal onde um respeita o outro no simples modo em que o outro é. Se quiser alguém exatamente como você, case-se com você. Depois me conte a tediosa experiência.
Discordar, quer um verbo mais bonito para um texto sobre relacionamento?! Você deve estar me achando louco, mas não. Vamos analisar: Imagina um longo namoro sem a discussão aparentemente chata de qual filme assistir, qual restaurante ir ou para onde viajar. Agora imagine esse mesmo relacionamento cheio de diálogos, planos, pesquisas de roteiro e diretor, cheff e localização ou gastos com filtro solar ou repelente, por exemplo. Não, as duas situações nunca se encontrarão no mesmo relacionamento.
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Não há o que pesquisar ou planejar, tudo já foi decidido por um conselho comum, pronto e ativo, também conhecido como “tanto faz” vindo de uma das partes envolvidas. Longe de mim dizer que um casal deve discordar sempre, mas convenhamos que discordar é bom, entrosa, anima, cria expectativa e ansiedade para dizer o famoso “eu disse que do outro jeito era melhor”, ou simplesmente deixar o outro orgulhoso com um “é, você tinha razão”.
Acima, a primeira coisa que pensou ao deparar com “discordar” foi “brigar” certo?! E continuou lendo meio retraído por estar só tentando entender onde vai chegar esse texto meio sem jeito. Vou aguçar um pouco mais sua curiosidade, porque não brigar?! Brigar é tão bom, principalmente quando o motivo é desnecessário e a reconciliação é digna de um último capitulo de Manoel Carlos, ou quando simplesmente após uma longa guerra de cosquinha já não se consegue lembrar o porquê da briga ter começado.
O maior medo da maioria das pessoas apaixonadas é o tédio. Pois eu associo diretamente o tédio a ausência de discordância e brigas. Nada é mais tedioso que tudo estar sempre perfeito. Dela ou dele fazer sempre exatamente o que você quer ou pensa. Não, eu definitivamente não acredito que duas pessoas distintas possam ter opiniões idênticas sobre tudo a todo o momento.
Eu associo esse excesso de afinidades à omissão de uma das partes, parte essa que se sentirá mal após algumas seções de “você que sabe” o que causará a parte ativa, ou mandona como a primeira a irá chamar, um grande conforto. Conforto esse que aos poucos se transformará em tédio, tédio esse sem explicação, que irá avançar para a discordância de qualquer coisa banal em forma grave, que agravará para brigas tolas com proporções gigantescas seguidas de reconciliações tristes e recheadas de mágoas.
Em meio a tantas contradições e complicações, um relacionamento feliz e saudável é leve, com equilíbrio entre chatices e momentos bons, onde ninguém se doa de mais ou de menos, onde ninguém cobra de mais ou de menos. Deve haver bom senso na hora de escolher pelo o que discutir.
Sim, guarde as forças, as lágrimas e os argumentos infalíveis para quando eles realmente necessitam ser utilizados, para quando por mais que se evite a discussão de acontecer, por qualquer motivo que seja, o outro insiste! Não se esqueça “quando um não quer dois não beijam” amplie a superfície de aplicação da regra. Falei de brigas, discordâncias de forma sadia e natural, me inspirei na desculpa de barraco em festa chique “isso acontece sempre gente”.
Mas como toda pessoa que fala de relacionamento, me senti livre para descrever o que seria bom, o que eu acredito que faz com que não se crie travas e nem discordâncias de grandes proporções que possam chegar a falta de respeito mútuo, o que torna o clima muito desagradável.
Acrescente, então, ao seu amor, carinho, atenção, diálogo, guerras de cosquinha, risadas, muitas risadas, travesseiros, balões de gás ou travesseiros e balões de gás. Adicione mais afinidades aos finais de semana. Compartilhe mais os estresses do dia-a-dia, de segunda á sexta feira somente em horário comercial. Compartilhe também sonhos, metas, planos, o momento em que algo tão pequeno te fez lembrar-se da pessoa amada, a quebra da dieta em plena quarta feira, você sabe que vai ouvir um “não podia ter feito isso” típico de mãe, mas vai compartilhar com quem ama, talvez, o momento mais doce do dia após uma amarga reunião com o chefe ou notícia de um não encontro entre vocês.
Doe tudo o que puder ao outro, compartilhe sempre que for possível – ninguém sabe de tudo ou viu tudo ou não precisa de nada realmente. Tudo que for bom e fizer bem, merece ser dado de bandeja a pessoa que queremos bem. Vamos fazer do relacionamento uma troca, zerar o cronômetro e começar a contar tudo de novo, afinal tudo é novo. É novo aos olhos de quem vê e um olhar apaixonado nunca será igual a um olhar solitário.
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Cada dia é um novo dia, é um dia de aprender e ensinar, crescer e ajudar, brigar e reconciliar, ceder e invadir. Cada dia é um novo dia e esse dia tem que ser o melhor, feito da melhor pessoa que você vê com a melhor pessoa que você pode ser.