Em estudo inédito com testes feitos em camundongos, os pesquisadores da Universidade Médica de Nanjing, na China, constataram efeitos rápidos e positivos.
O Inquérito Telefônico de Fatores de Risco para Doenças Crônicas Não Transmissíveis em Tempos de Pandemia (Covitel), desenvolvido pela Vital Strategies, organização global de saúde pública, e pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel), mostrou um grave aumento no número de pessoas com depressão no Brasil. De acordo com a pesquisa, que analisou o período pré-pandemia até o 1º trimestre de 2022, o diagnóstico médico da depressão aumentou em 41% nos brasileiros.
Na Universidade Médica de Nanjing, na China, um grupo de pesquisadores desenvolveu um medicamento antidepressivo que pode reduzir os sintomas da doença em camundongos em apenas duas horas. Em um artigo publicado na revista Science, a equipe explica como é a nova abordagem para o tratamento da depressão, e os motivos que levam o estudo a ser tão promissor, podendo também reduzir os principais efeitos colaterais, considerados graves pelos médicos.
A maioria dos medicamentos usados para tratar a depressão são inibidores da receptação de serotonina, que reduzem os sintomas da depressão direcionando os transportadores do “hormônio da felicidade”, aumentando sua presença no cérebro. Porém, esses remédios podem levar muitas semanas até que comecem realmente a impactar na saúde dos pacientes, e apresentam efeitos colaterais graves, como aumento no risco de suicídio ou aumento dos pensamentos suicidas nos pacientes.
Pensando nisso, os pesquisadores chineses foram em busca de uma nova abordagem, e se perguntaram o que poderia ocorrer se a serotonina fosse dissociada do óxido nítrico neuronal (nNos) nos cérebros de ratos. Inicialmente, eles pensaram que isso poderia levar a reduções na quantidade de serotonina em alguma parte do cérebro (núcleo dorsal da rafe – NDR) e quantidades aumentadas em outra (córtex pré-frontal).
Para descobrir se a teoria estava certa, os pesquisadores desenvolveram um composto chamado ZZL-7, que quando injetado nos camundongos, acabou modificando o disparo de neurônios que produzem serotonina no núcleo dorsal da rafe e, assim que isso ocorreu, interrompeu as interações entre os transportadores de serotonina e os nNos. Isso fez com que causasse um aumento se serotonina no córtex pré-frontal medial, o que faz com que os cientistas acreditem que pode ser sentido nos humanos como uma redução nos sintomas da depressão.
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A equipe ainda percebeu que o cérebro apresenta um aumento na quantidade de serotonina no córtex pré-frontal quase imediatamente, fazendo com que os efeitos do remédio sejam percebidos dentro de duas horas. Essa forma de dissociação de serotonina e nNos como forma de combate à depressão pode também evitar os efeitos colaterais mais comuns nas terapias tradicionais.
Índice de depressão no Brasil
A Associação Brasileira de Psiquiatria cita que um quarto da população tem ou terá depressão em algum momento da sua vida, e o problema de saúde mental que já estava crescendo no Brasil, acabou explodindo durante a pandemia. As mulheres são mais atingidas pela depressão do que os homens, chegando a atingir 18,8% da população adulta feminina, contra 7,8% da população masculina. Mas os impactos acabam sendo mais devastadores neles, que são os que mais cometem suicídio, chegando a 10.868 casos entre os homens, e 2.964 entre as mulheres, no ano de 2020.
A população LGBTQIA+, indígenas e os policiais preocupam a sociedade, apresentando maiores índices de ansiedade, depressão e estresse pós-traumático. A Organização Mundial de Saúde (OMS) acredita que o suicídio é prevenível, e recomenda quatro diretrizes para lidar com a questão: dificultas o acesso aos principais métodos utilizados; qualificar o trabalho da imprensa para neutralizar relatos e enfatizar histórias de superação; expandir e fortalecer os serviços de saúde mental para identificar casos ainda no início; e trabalhar habilidades socioemocionais em instituições de ensino.
*Nota: As informações e sugestões contidas neste artigo têm caráter meramente informativo. Elas não substituem o aconselhamento e acompanhamentos de médicos, nutricionistas, psicólogos, profissionais de educação física e outros especialistas.