O ser humano tem uma natureza sociável, fazendo conexões e criando comunidades conforme os grupos aumentam, mas nem todas as pessoas têm essa tendência.
Durante nosso processo evolutivo, uma das coisas que nos fizeram capazes de sobressair em relação aos outros animais foi a nossa capacidade de comunicação. Falar, criar reflexões profundas e até usar essas habilidades para ensinar outras fizeram com que nos tornássemos o que somos hoje.
Essa capacidade de comunicação vem atrelada à nossa necessidade de socialização, somos seres que precisam estar próximos uns dos outros, de uma forma ou de outra.
Pode observar, por mais que passemos longos períodos sem sair de casa, ainda assim usufruímos do trabalho e da mão de obra de outras pessoas, como do entregador, do atendente, do caixa etc.
Quando o assunto é relacionamento amoroso, parece que somos ensinados desde a primeira infância que precisamos nos casar e ter uma família para que nossa vida esteja completa. Mas, conforme o tempo passa, para algumas pessoas, essa necessidade de se conectar com o outro se mostra totalmente dispensável, demonstrando que nem todos acreditam no “conto de fadas” edificado durante toda nossa trajetória.
Conseguir compreender que, muitas vezes, o que esperam de nós tem mais a ver com uma construção social do que com nossas verdadeiras necessidades leva tempo. Olhar para si mesmo, identificando seus desejos e vontades, é a melhor forma de ser honesto com a própria existência.
Para aquelas pessoas que preferem ficar sozinhas, que sabem que não precisam correr atrás de qualquer companhia apenas para se enquadrar nas expectativas sociais dos demais, descobrir que a única e melhor companhia que precisam é a própria, é uma revolução.
Este texto não serve para falar sobre dependência emocional ou criticar aqueles que gostam de socializar mais do que ficar sozinhos, apenas para ressaltar que existem várias formas de viver, e que todas podem estar certas.
O que muitos acham que é solidão, para outros pode ser completude ou mesmo plenitude. Ser capaz de viver ao lado dos outros e, mesmo assim, não se sentir triste, caso as pessoas não estejam disponíveis, é um atributo que poucos têm. Só conseguimos ser responsáveis por aquilo que somos capazes de alterar, e isso inclui a forma como encaramos o mundo.
Não precisamos tratar as relações ou nós mesmos com um pensamento fixo. Aquela velha ideia de que “sou assim mesmo, e todos têm que se acostumar” é apenas uma maneira de dizer que até você mesmo desistiu de ser alguém melhor. Ser uma pessoa íntegra, honesta e com verdadeiras qualidades inclui rever a concepção de si mesmo, fazendo aquela famosa autocrítica.
A solidão nem sempre deve ser vista como defeito, como falta ou ausência. A solidão, quando almejada de forma consciente, pode ser capaz de nos ajudar na nossa evolução pessoal, e conseguir dizer que nós somos nossa melhor companhia pode ser uma das melhores maneiras de reconhecer nossas qualidades.
São poucas as pessoas dispostas a olhar para o seu interior, curtindo o próprio pensamento, aproveitando a própria companhia como se fosse tão melhor do que outra. Sabe como você costuma tratar os melhores amigos? Essa deve ser a forma como olha para si: com carinho, com atenção e com gentileza.
Devemos respeitar o próprio tempo, sendo capazes de ultrapassar qualquer julgamento exterior a ponto apenas de fazer aquilo que nos torna melhores.
Chegar em casa depois de um dia de trabalho, servir uma taça de vinho, assistir àquele filme que estava na lista pessoal havia muito tempo, tomar um bom banho, preparar um jantar com seus ingredientes favoritos, colocar aquela música para tocar, abrir aquele livro que está na cabeceira aguardando ansiosamente para ser devorado.
Não existe nada mais divertido e interessante do que apreciar a própria companhia.