Pinóquio pode ter sido um dos filmes favoritos de muitos adultos e até de várias crianças, mas a história real está longe de ser a que conhecemos através da Disney.
A saga de Pinóquio, imortalizada por Carlo Collodi em 1883, revela uma trama muito mais sombria e moralista do que a conhecida versão que encantou o público em 1940.
Na versão original, Pinóquio, um boneco de madeira dotado de vida pela Fada Azul, se entrega a um comportamento rebelde e desobediente, tecendo mentiras e se embrenhando em confusões inimagináveis. Ao seu lado, o Grilo Falante, em vão, tenta ser a voz da consciência, mas acaba ignorado e até mesmo morto por Pinóquio.
Pinóquio segue a raposa e o gato, que fingem ser seus amigos e o convencem a ir para o País das Marionetes, onde ele pode se divertir sem estudar. Eles também dizem que se ele enterrar sua moeda no Campo dos Milagres, ela se multiplicará em mil moedas. Pinóquio é enganado pelos dois, que cavam a moeda e fogem. Pinóquio é preso por ser cúmplice dos ladrões.
![Pinóquio: você sabia que a verdadeira história tem mortes, fantasmas e enforcamentos?](https://osegredo.com.br/wp-content/uploads/2024/01/pinoquio-voce-sabia-que-a-verdadeira-historia-tem-mortes-fantasmas-e-enforcamentos-imagem-1.jpg.webp)
Após esse evento, o protagonista assiste a um espetáculo de teatro, onde reconhece seus amigos marionetes. Ele sobe ao palco e interrompe a peça, causando a ira do diretor, o Fogo-Fátuo, que decide usá-lo como lenha para cozinhar um carneiro. Pinóquio implora ao Fogo-Fátuo que o poupe, e o diretor se comove e o liberta. Ele também lhe dá cinco moedas de ouro para que ele leve para Gepeto.
Conseguindo salvar sua vida, Pinóquio é atacado por dois bandidos, que são a raposa e o gato disfarçados. Eles tentam enforcar Pinóquio em uma árvore, mas ele resiste e eles fogem. Pinóquio fica pendurado na árvore, quase morto, mas é salvo pela Fada Azul, que o leva para sua casa. Ela chama três médicos para examiná-lo: um corvo, uma coruja e um grilo, que é o Grilo Falante.
Tendo sua vida novamente poupada e salva, Pinóquio vai para o País dos Brinquedos, onde nenhuma criança precisa estudar. Ele se diverte por cinco meses, mas depois descobre que se transformou em um burro.
Ele é vendido para um circo, onde é maltratado e obrigado a fazer truques. Ele fica doente e é jogado no mar, onde é engolido por uma baleia, que também engoliu Gepeto. Pinóquio reencontra seu pai e consegue escapar da baleia.
Essas são algumas das passagens mais fortes da história real de Pinóquio, que mostra as aventuras e os perigos que o boneco enfrenta para se tornar um menino de verdade.
A história, em partes, foi adaptada recentemente pelo diretor mexicano Guillermo del Toro, quem é reconhecido por seu cinema fantástico, que mistura elementos de terror, fantasia, ficção científica e, obviamente, fábulas.
- Filmes e Séries: Descubra por que o primeiro episódio é chamado de “piloto”
Pinóquio por Guillermo del Toro
![Pinóquio: você sabia que a verdadeira história tem mortes, fantasmas e enforcamentos?](https://osegredo.com.br/wp-content/uploads/2024/01/pinoquio-voce-sabia-que-a-verdadeira-historia-tem-mortes-fantasmas-e-enforcamentos-imagem-2.jpg.webp)
Pinóquio por Guillermo del Toro é uma animação musical em stop-motion que adapta o clássico conto de fadas de Carlo Collodi, mas com uma visão mais sombria e distorcida. O filme se passa na Itália da década de 1950, sob o regime fascista de Mussolini, e acompanha as aventuras e desventuras do boneco de madeira que sonha em se tornar um menino de verdade.
Aclamado pelos críticos, segundo a Wikipédia, o filme conquistou o Oscar de melhor filme de animação em 2023. Sendo uma verdadeira obra-prima do campo visual, Pinóquio por Guillermo del Toro impressiona pela pela riqueza de detalhes, cores e texturas, que criam um universo fantástico e ao mesmo tempo realista. A técnica do stop-motion confere uma expressividade e uma beleza únicas aos personagens, que são dublados por um elenco de estrelas do calibre de Ewan McGregor, Tilda Swinton, Christoph Waltz e Cate Blanchett.
A trilha sonora, é outro show à parte. Composta por Alexandre Desplat, a trilha sonora combina elementos da música italiana com a atmosfera mágica e sombria da história.
No mais, o filme é também uma obra de reflexão, que traz temas como a inocência, a rebeldia, a mentira, a culpa, o perdão, a amizade, a família e a identidade.
- Filmes e Séries: Bad Boys até o fim: Assista ao primeiro trailer
O roteiro, escrito por Guillermo del Toro e Patrick McHale, segue fielmente o livro de Collodi, mas acrescenta algumas nuances e subtextos, que dialogam com o contexto histórico e social da época.
O filme não poupa o espectador de cenas fortes e emocionantes, que mostram as consequências das escolhas e dos erros de Pinóquio, mas também oferece momentos de humor, ternura e esperança.
Diferenças da história da Disney para a real, de Carlo Collodi
![Pinóquio: você sabia que a verdadeira história tem mortes, fantasmas e enforcamentos?](https://osegredo.com.br/wp-content/uploads/2024/01/pinoquio-voce-sabia-que-a-verdadeira-historia-tem-mortes-fantasmas-e-enforcamentos-imagem-3.jpg.webp)
Como você pode ler, a história original não era das mais meigas, como a contada pela Disney. Muito pelo contrário. Pinóquio passou a aterrorizar Gepeto, além de enfrentar a morte várias vezes. Uma narrativa dessas, para um conto infantil, é impensável atualmente.
Pinóquio era tão somente um pedaço de tronco de madeira que chorava e falava. Sempre que um carpinteiro tentava serrá-lo, ele começava a chorar. Foi assim que o então tronco foi entregue a Gepeto, que sonhava em criar uma marionete.
Com o tempo, Gepeto foi moldando aquele pedaço de tronco chorão, que terminou ganhando o formato de um menino. À medida que foi ganhando liberdade, Pinóquio demonstrou ser totalmente mal comportado.
Tão logo ganhou pernas, a primeira coisa que ele fez foi chutar as pernas de Gepeto. E as agressões não param por aí: ele ainda insultava frequentemente Gepeto, fazia caretas, quando não o desobedecia.
Pinóquio era tudo o que nenhum homem sonhava.
Uma vez Gepeto finaliza Pinóquio, o boneco volta a chutá-lo e foge para as ruas. A fuga faz com que Gepeto entre em pânico e o persiga, o que causou comoção entre os vizinhos.
A polícia também não ajuda: preocupados com o bem-estar da criança de madeira e com um possível castigo, eles prendem Gepeto.
Ainda na história original, de Carlo Collodi, Pinóquio volta para casa e encontra o Grilo Falante, que o critica severamente por desobedecer quem seria seu pai e por fugir de casa. É neste momento que Pinóquio demonstra ser o que é.
Não ouvindo os conselhos do Grilo Falante, Pinóquio fica irritado em ter ouvido semelhante sermão, pega um martelo e joga na direção do grilo, na tentativa de matá-lo. Ele termina matando o grilo, que morre esmagado.
“Com um último e fraco ‘cri cri cri’, o pobre Grilo caiu da parede, morto”, descreve Collodi.
E você acha que Pinóquio se mostrou arrependido pelo ato cruel? Negativo. Ele ainda joga a culpa no grilo, retrucando Gepeto.
Depois do conhecido episódio, quando Pinóquio queima suas pernas na lareira, ele volta a fugir de casa e se envolve em uma série de problemas com personagens ainda mais problemáticos.
O Grilo volta em uma versão fantasma, que ainda continua alertando o boneco de madeira sobre os perigos à vista, mas Pinóquio se junta a um grupo de vigaristas que afirmam que ao plantar moedas de dinheiro, plantas nasceriam e o dinheiro se multiplicaria.
No final dessa história, Pinóquio acaba sendo enforcado.
“Eles correram atrás de mim, e correram e correram, até que me apanharam e ataram uma corda ao meu pescoço. Enforcaram-me numa árvore. ‘Amanhã voltaremos para te buscar, estarás morto e com a boca aberta, e então tiraremos as moedas de ouro que tens escondidas debaixo da língua’, disseram.”
Aí já poderia ter terminado a história desse boneco, mas Collodi, não contente, decidiu prolongar ainda mais as aventuras do boneco malcriado. Pinóquio vai a um teatro e quase terminou sendo queimado. A maioria das suas aventuras terminam de maneira trágica, levando-o quase sempre direto à morte.
Apesar dos inúmeros maltratos sofridos, Gepeto é encontrado por Pinóquio quando ambos foram engolidos por um tubarão.
Pinóquio também é preso por um pescador que queria cozinha-lo, mas acaba se convertendo em burro, em um determinado momento. Somente após conseguirem fugir do tubarão, Pinóquio passa a ter uma postura mais pacífica, oferecendo até um copo de leite a Gepeto.
O final, apesar de tudo, é até feliz. Pinóquio vira realmente um menino, de carne e osso, e faz as pazes com o Grilo, que ele matou nos primeiros capítulos.
“Oh, meu querido Grilo”, diz. “Agora me chamas de querido? Lembra quando me atiraste um martelo que me matou?”, responde o animal. “Tens razão, atira-me também um martelo. Eu mereço”.
Diferenças entre a versão original de Pinóquio e a do filme da Disney
A história real de Pinóquio foi escrita pelo italiano Carlo Collodi e publicada em 1883, como uma série de capítulos no jornal infantil Giornale per i Bambini.
Como você pode ler, a história original é mais sombria do que a versão da Disney, que foi lançada em 1940 e suavizou alguns aspectos e alterou o final.
Algumas das diferenças entre as duas versões são:
Versão original de Collodi
Pinóquio é um boneco de madeira que se comporta de forma rebelde e desobediente, mentindo e se metendo em várias confusões. Ele não ouve os conselhos do Grilo Falante, que ele chega a matar com um martelo, nem da Fada Azul, que se apresenta como sua mãe. Ele também não tem nenhuma consideração por Gepeto, que termina sendo preso e até mesmo abandonado inúmeras vezes pelo protagonista.
A história traz todos os diversos perigos e tentações que Pinóquio enfrenta, como o País dos Brinquedos, onde as crianças se transformam em burros, e a Baleia, que engole seu pai Gepeto. Ele também é enganado pela Raposa e pelo Gato, que o roubam e o enforcam em uma árvore, e pelo Fogo-Fátuo, que o usa como lenha para cozinhar um carneiro. Com todos seus erros, ele termina sofrendo as consequências de seus erros, como ver seu nariz crescido, seus pés queimados e tendo suas orelhas parecidas a de um burro.
Pinóquio é um personagem mais complexo e contraditório, que oscila entre o bem e o mal, a bondade e a crueldade, a ingenuidade e a esperteza. Ele é um reflexo da sociedade italiana da época, que vivia sob a unificação e a modernização, mas também sob a pobreza e a opressão.
No final, Collodi quis fazer de Pinóquio um símbolo da busca pela identidade e pelo sentido da vida.
Versão da Disney
Pinóquio é um boneco ingênuo e curioso, que quer ser um menino de verdade. Ele escuta o Grilo Falante, que é seu amigo e guia, e a Fada Azul, que lhe dá uma chance de se redimir. Ele também tem amor por Gepeto, que ele salva da baleia.
O protagonista passa por algumas das situações da história original, mas de forma mais leve e cômica. Ele também é ajudado por seus amigos, como o Grilo Falante, a Fada Azul e os peixes do mar, e acaba aprendendo a lição e se torna um menino de verdade.
Pinóquio, na versão da Disney, é um personagem mais simples e linear, que segue um arco de transformação, da inocência à maturidade, do egoísmo à generosidade, da mentira à verdade.
Ele é um exemplo de moralidade e virtude, que segue os valores da sociedade americana da época, que vivia sob o otimismo e o progresso, mas também sob a guerra e a crise, e é também uma alegoria da realização do sonho americano.
Diferenças entre a versão da Disney e a de Guillermo del Toro
![Pinóquio: você sabia que a verdadeira história tem mortes, fantasmas e enforcamentos?](https://osegredo.com.br/wp-content/uploads/2024/01/pinoquio-voce-sabia-que-a-verdadeira-historia-tem-mortes-fantasmas-e-enforcamentos-imagem-4.jpg.webp)
Pinóquio é um conto de fadas clássico, escrito pelo italiano Carlo Collodi em 1883, que conta a história de um boneco de madeira que ganha vida e quer se tornar um menino de verdade.
Essa história já foi adaptada várias vezes para o cinema, mas duas versões se destacam: a animação da Disney, de 1940, e o filme de Guillermo del Toro, de 2022.
Essas duas versões têm muitas diferenças, tanto na forma quanto no conteúdo. Algumas delas são:
- A animação da Disney é um desenho 2D, que usa cores vivas e traços suaves, criando um visual encantador e infantil, enquanto o filme de Del Toro é uma animação em stop-motion, que usa tons escuros e texturas rústicas, criando um visual sombrio e adulto.
- Pinóquio, da Disney, se passa na Itália do século XIX, em um cenário bucólico e rural, onde a magia é abundante e divertida, já o filme de Del Toro se passa na Itália da década de 1930, em um cenário urbano e industrial, onde o fascismo é opressivo e violento.
- Enquanto a animação da Disney tem um tom moralista e educativo, que ensina as crianças a serem honestas, obedientes e bondosas, o filme de Del Toro tem um tom crítico e reflexivo, que questiona as crianças sobre suas escolhas, consequências e identidades.
Se interessou por este conteúdo? Veja também: História da Cinderela: leia o resumo e entenda o significado do conto “A Gata Borralheira”