O coordenador da equipe de segurança fala que qualquer pessoa se sente intimidada quando há uma pessoa armada no local, mesmo que seja policial.
Em São Paulo, o coordenador da equipe de segurança do show onde o campeão mundial de jiu-jitsu Leandro Lo, de 33 anos, foi assassinado afirmou ter ficado abalado com o crime. Moisés Amorim, com 15 anos de experiência na vigilância de eventos, criticou a permissão legal de policiais entrarem armados nas boates e casas de show, segundo o UOL.
No dia 7 de agosto de 2022, Leandro Lo levou um tiro na cabeça e morreu, após uma briga no show da banda de pagode Pixote. Henrique Velozo, o tenente da Polícia Militar, teve a prisão preventiva decretada e se entregou na noite de domingo, acusado de ter atirado em Leandro. O tenente foi ouvido e encaminhado ao presídio Romão Gomes. Autorizado pelo Estatuto do Desarmamento de 2003, os policiais têm direito de andar armados, mesmo fora de serviço.
Ainda segundo o UOL, Moisés Amorim, segurança contratado pelo Clube Sírio para trabalhar no local no dia do show de Pixote, diz que o Estado garante o direito de policiais andarem armados 24 horas por dia, entretanto, os vigilantes de evento como ele, não pode desarmá-los para que eles tenham acesso a evento, show, bar ou casa noturna.
![Segurança de balada onde campeão mundial de jiu-jítsu foi morto desabafa: “PM armado nos intimida”](https://osegredo.com.br/wp-content/uploads/2022/08/Imagem-1-Seguranca-de-balada-onde-campeao-mundial-de-jiu-jitsu-foi-morto-desabafa-PM-armado-nos-intimida.jpg)
Segundo o sexto artigo do Estatuto do Desarmamento, é proibido portar arma de fogo em todo território nacional, exceto para as categorias listadas no artigo 144 da Constituição, que inclui policiais civis (estaduais e federais) e militares. Além disso, cabe às próprias instituições regular o porte de armas, porém, os policiais têm o direito de portá-las mesmo fora de serviço.
No dia da morte de Leandro Lo, a equipe de segurança foi orientada a anotar o nome do usuário e os detalhes da arma. Segundo testemunhas, Leandro e Henrique discutiram por causa de uma garrafa de bebida, onde o lutador imobilizou o policial, que em seguida, sacou a arma e atirou na cabeça do atleta. O policial deixou o local logo depois disso, e só foi identificado pelo tenente da PM após ver fotos nos registros da equipe de segurança.
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O chefe dos vigilantes naquela noite diz que, mesmo que tivessem tido tempo de chegar ao local da briga, o fato de haver um homem armado entre quem brigava poderia comprometer a reação da equipe, que estava desarmada. Havia cerca de 40 vigilantes naquele dia e 6 policiais armados, entre militares, civis e federais. Para ele, isso é um problema, pois um PM armado dentro da casa já intimida quem não está. Além disso, Moisés também questiona que um vigilante só tem curso de formação e não treinamento tático específico, por isso, como iria abordar uma pessoa armada?
Não foi a primeira briga!
Conforme o UOL, a briga com o lutador não foi o primeiro episódio violento do tenente Henrique Velozo. Em 2021, ele foi condenado pelo Tribunal de Justiça Militar a nove meses de prisão em regime aberto por ter desacatado e agredido com socos o soldado da PM Flávio Alves Ferreira.
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Entretanto, agora, o policial será julgado pela Justiça comum, já que o crime foi cometido contra um civil. A chamada “Lei Bicudo”, de 1996, transferiu da Justiça Militar para a civil o julgamento de crimes dolosos contra a vida cometidos por policiais militares contra civis.
Além disso, depois do término da investigação, o Ministério Público vai decidir se oferece denúncia contra Velozo. Se a Justiça acatar a denúncia por homicídio doloso, o PM será julgado pelo júri popular e pode pegar até 30 anos de prisão. Além do inquérito na Polícia Civil, também está sendo apurado se o tenente Henrique Velozo não conhecia Leandro antes, já que ele também treinava jiu-jitsu.