Sem dúvidas, construir laços de amizade durante a vida é uma das melhores e mais valiosas coisas que podemos fazer por nós mesmos.
Ao longo do caminho, esbarramos em pessoas muito especiais que nos fazem sermos mais felizes e completos com suas amizades. É através do outro que conseguimos viver novas experiências, aprender a respeitar e a amar o outro de maneira saudável, ter alguém com quem contar quando tudo parece não dar certo, além de poder passar momentos felizes e inesquecíveis juntos.
Em uma amizade, nos tornamos mais responsáveis, solidários e conscientes da dor do outro, o que nos faz evoluir e crescer como pessoa. Mas, a amizade vai muito além disso. Estar espontaneamente ao lado de alguém, é saber escutar coisas que outras pessoas não teriam coragem de dizer, é aceitar o outro do jeito que ele é, mas sem concordar com tudo o que ele faz só porque leva o título de amigo.
Amigo é aquele que preenche, que faz questão de estar ao seu lado e que te respeita como pessoa. Amigo é aquele que mostra quando você está errado, buscando seu crescimento e evolução. Mas, mais do que isso, amigo é aquele que te ajuda a sair de dias tristes e solitários, te mostrando o real valor que a vida tem quando temos alguém para compartilhar.
Só quem tem um amigo de verdade sabe como é difícil resumir essa relação em meras palavras, no entanto, há diversos poemas de amor de amigos que podem nos ajudar a traduzir tamanho sentimento. Neste artigo, iremos explorar alguns poemas de escritores famosos que vão mudar o seu jeito de ver e apreciar suas amizades. Mas lembre-se, assim como qualquer outra relação, bons amigos precisam de cuidado, amor e atenção. Aprenda a valorizá-los!
- Biografias: Warwick Estevam Kerr: o brasileiro que criou abelhas assassinas e transformou a apicultura
15 poemas de amor de amigos que vão emocionar você
Como já dito, as amizades que fazemos ao longo da nossa vida nos moldam e nos fazem crescer, sabendo valorizar o outro. Abaixo, separamos 15 poemas sobre amor de amigos que vão te emocionar e te fazer refletir sobre quem sempre esteve ao seu lado! Confira:
1. Soneto do amigo, de Vinícius de Moraes
“Enfim, depois de tanto erro passado
Tantas retaliações, tanto perigo
Eis que ressurge noutro o velho amigo
Nunca perdido, sempre reencontrado.
É bom sentá-lo novamente ao lado
Com olhos que contêm o olhar antigo
Sempre comigo um pouco atribulado
E como sempre singular comigo.
Um bicho igual a mim, simples e humano
Sabendo se mover e comover
E a disfarçar com o meu próprio engano.
O amigo: um ser que a vida não explica
Que só se vai ao ver outro nascer
E o espelho de minha alma multiplica…”
2. Convite triste, de Carlos Drummond de Andrade
“Meu amigo, vamos sofrer,
vamos beber, vamos ler jornal,
vamos dizer que a vida é ruim,
meu amigo, vamos sofrer.
Vamos fazer um poema
ou qualquer outra besteira.
Fitar por exemplo uma estrela
por muito tempo, muito tempo
e dar um suspiro fundo
ou qualquer outra besteira.
Vamos beber uísque, vamos
beber cerveja preta e barata,
beber, gritar e morrer,
ou, quem sabe? beber apenas.
Vamos xingar a mulher,
que está envenenando a vida
com seus olhos e suas mãos
e o corpo que tem dois seios
e tem um embigo também.
Meu amigo, vamos xingar
o corpo e tudo que é dele
e que nunca será alma.
Meu amigo, vamos cantar,
vamos chorar de mansinho
e ouvir muita vitrola,
depois embriagados vamos
beber mais outros sequestros
(o olhar obsceno e a mão idiota)
depois vomitar e cair
e dormir.”
3. Recado aos amigos distantes, de Cecília Meireles
“Meus companheiros amados,
não vos espero nem chamo:
porque vou para outros lados.
Mas é certo que vos amo.
Nem sempre os que estão mais perto
fazem melhor companhia.
Mesmo com sol encoberto,
todos sabem quando é dia.
Pelo vosso campo imenso,
vou cortando meus atalhos.
Por vosso amor é que penso
e me dou tantos trabalhos.
Não condeneis, por enquanto,
minha rebelde maneira.
Para libertar-me tanto,
fico vossa prisioneira.
Por mais que longe pareça,
ides na minha lembrança,
ides na minha cabeça,
valeis a minha Esperança.”
4. Amizade, de Paulo Leminski
“Meus amigos
quando me dão a mão
sempre deixam
outra coisa
presença
olhar
lembrança, calor
meus amigos
quando me dão deixam na minha
a sua mão”
5. Amiga, de Florbela Espanca
“Deixa-me ser a tua amiga, Amor;
A tua amiga só, já que não queres
Que pelo teu amor seja a melhor
A mais triste de todas as mulheres.
Que só, de ti, me venha mágoa e dor
O que me importa a mim?! O que quiseres
É sempre um sonho bom! Seja o que for
Bendito sejas to por m’o dizeres!
Beija-me as mãos, Amor, devagarinho…
Como se os dois nascêssemos irmãos,
Aves cantando, ao sol, no mesmo ninho…
Beija-mas bem! … Que fantasia louca
Guardar assim, fechados nestas mãos,
Os beijos que sonhei p’ra minha boca! …”
6. Amigo, de Cora Coralina
“Vamos conversar
Como dois velhos que se encontraram
no fim da caminhada.
Foi o mesmo nosso marco de partida.
Palmilhamos juntos a mesma estrada.
Eu era moça.
Sentia sem saber
seu cheiro de terra,
seu cheiro de mato,
seu cheiro de pastagens.
É que havia dentro de mim,
no fundo obscuro de meu ser
vivências e atavismo ancestrais:
fazendas, latifúndios,
engenhos e currais.
Mas… ai de mim!
Era moça da cidade.
Escrevia versos e era sofisticada.
Você teve medo. O medo que todo homem sente
da mulher letrada.
Não pressentiu, não adivinhou
aquela que o esperava
mesmo antes de nascer.
Indiferente
tomaste teu caminho
por estrada diferente.
Longo tempo o esperei
na encruzilhada,
depois… depois…
carreguei sozinha
a pedra do meu destino.
Hoje, no tarde da vida,
apenas,
uma suave e perdida relembrança.”
7. Autobiografia, de Fernando Pessoa
“Ah, meu maior amigo, nunca mais
Na paisagem sepulta desta vida
Encontrarei uma alma tão querida
Às coisas que em meu ser são as reais. […]
Não mais, não mais, e desde que saíste
Desta prisão fechada que é o mundo,
Meu coração é inerte e infecundo
E o que sou é um sonho que está triste.
Porque há em nós, por mais que consigamos
Ser nós mesmos a sós sem nostalgia,
Um desejo de termos companhia –
O amigo como esse que a falar amamos.”
8. Amigo, de Alexandre O’Neill
“Mal nos conhecemos
Inauguramos a palavra amigo!
Amigo é um sorriso
De boca em boca,
Um olhar bem limpo
Uma casa, mesmo modesta, que se oferece.
Um coração pronto a pulsar
Na nossa mão!
Amigo (recordam-se, vocês aí,
Escrupulosos detritos?)
Amigo é o contrário de inimigo!
Amigo é o erro corrigido,
Não o erro perseguido, explorado.
É a verdade partilhada, praticada.
Amigo é a solidão derrotada!
Amigo é uma grande tarefa,
Um trabalho sem fim,
Um espaço útil, um tempo fértil,
Amigo vai ser, é já uma grande festa!”
9. Ao meu maior amigo, de Alexandre Search (Fernando Pessoa)
“Quando eu morrer, eu sei, tu escreverás
Triste soneto à morte prematura;
Dirás que a vida cansa em amargura
E, pálido e frio, tu me cantarás.
Nas quadras, reflectido se lerá
De como, vã e breve, a vida expira
E como em terra funda, dura e fria,
A vida, má ou boa, acabará.
A seguir, nos tercetos, tu dirás
Que a morte é mistério, tudo fugaz,
Verdadeira, talvez, a vida além.
Por fim porás a data, assinarás.
E, relido o soneto, ficarás
Contente por tê-lo escrito bem.”
10. A um amigo, de Almeida Garrett
“Fiel ao costume antigo,
Trago ao meu jovem amigo
Versos próprios deste dia.
E que de os ver tão singelos,
Tão simples como eu, não ria:
Qualquer os fará mais belos,
Ninguém tão d’alma os faria.
Que sobre a flor de seus anos
Soprem tarde os desenganos;
Que em torno os bafeje amor,
Amor da esposa querida,
Prolongando a doce vida
Fruto que suceda à flor.
Recebe este voto, amigo,
Que eu, fiel ao uso antigo,
Quis trazer-te neste dia
Em poucos versos singelos.
Qualquer os fará mais belos,
Ninguém tão d’alma os faria.”
11. Amor e amizade, de Emily Brontë
“O amor é como a roseira brava,
A amizade como o azevinho –
O azevinho está escuro quando a roseira brava floresce,
Mas qual florescerá mais constantemente?
A roseira brava é doce na Primavera
As suas flores de Verão perfumam o ar.
No entanto, esperem que o Inverno venha de novo
E quem chamará à roseira brava bela?
Então rejeita a volúvel grinalda de rosas agora
E cobre-te com o esplendor do azevinho
De modo que quando Dezembro atingir a tua fronte
Ele possa ainda deixar a tua grinalda verde.”
12. Hora de conversar, de Robert Frost
“Quando um amigo me chama lá da estrada
E puxa o arreio do cavalo para uma marcha lenta,
Não fico parado olhando ao redor
Para as colinas que ainda não capinei
Gritando aqui de onde estou: O que é que há?
Não, não enquanto há tempo para conversar.
Lanço minha enxada no chão macio,
Capim pra mais de metro de altura
E um eito: Quer saber? Eu vou ao muro de pedra,
Para visitar um amigo.”
13. Ode à Amizade, de Filinto Elísio
“Se depois do infortúnio de nascermos
Escravos da Doença e dos Pesares
Alvos de Invejas, alvos de Calúnias
Mostrando-nos a campa
A cada passo aberta o Mar e a Terra;
Um raio despedido, fuzilando
Terror e morte, no rasgar das nuvens
O tenebroso seio
A Divina Amizade não viera
Com piedosa mão limpar o pranto,
Embotar com dulcíssono conforto
As lanças da Amargura;
O Sábio espedaçara os nós da vida
Mal que a Razão no espelho da Experiência
Lhe apontasse apinhados inimigos
C’o as cruas mãos armadas;
Terna Amizade, em teu altar tranquilo
Ponho — por que hoje, e sempre arda perene
O vago coração, ludíbrio e jogo
Do zombador Tirano.
Amor me deu a vida: a vida enjeito,
Se a Amizade a não doura, a não afaga;
Se com mais fortes nós, que a Natureza,
Lhe não ata os instantes.
Que só ditosos são na aberta liça
Dois mortais, que nos braços da Amizade,
Estreitos se unem, bebem de teu seio
Nectárea valentia.
Tu cerceias o mal, o bem dilatas,
E as almas que cultivas cuidadosa,
Com teu suave alento aformosentam-se
Medradas e viçosas.
Caia a Desgraça, mais que o raio aguda
Rebente sobre a fronte ao mal votada,
Mais lenta é a queda, menos cala o golpe
No manto da Amizade:
E se desce o Prazer, com ledo rosto
A alumiar o peito de Filinto,
A chama sobe, e vai prender seu lume
Na alma do fido Amigo.”
14. Soneto 104, de William Shakespeare
“Para mim, bela amiga, jamais serás velha,
Pois assim como eras da primeira vez,
Ainda me pareces bela. O frio de três invernos
Ceifou das florestas o calor de três verões,
Três belas primaveras amareleceram no outono,
Eu vi, com o passar das estações,
Três perfumes de abril arderam em três quentes junhos,
Desde que te vi tão jovem ainda a preservar a juventude.
Ah, embora a beleza, mão avara,
Roube de sua imagem, e não perceba seu gesto;
Então tua doce cor, que para mim ainda é fresca,
Alterou-se, e meus olhos podem se enganar.
Por medo de que, ouve bem, envelheças intacta:
Desde que nasceste, morreu o verão da beleza.”
15. Velhos amigos, de Edgar A. Guest
“Eu não digo que novos amigos não são atenciosos e verdadeiros,
Ou que seus sorrisos não são genuínos, mas ainda assim estou te dizendo
Que quando o coração de um cara é esmagado e dolorido de dor,
E as lágrimas caem Descendo por suas bochechas como chuva de verão,
Becoz, sua dor e solidão são mais do que ele pode suportar.
De alguma forma, são apenas velhos amigos, então, que realmente parecem se importar.
Os amigos que passaram por bons e maus momentos, que te conheceram, bem e mal,
Suas falhas e virtudes, e viram as lutas que você teve,
Quando eles vêm até você gentilmente e levam sua mão e diga:
‘Anime-se! ainda estamos com você’, conta,
Os novos amigos podem gostar de você pelo que você é hoje;
Eles só conheceram você rico, talvez, e só o viram gay;
Você não pode dizer o que os atraiu; sua estação pode apelar;
Talvez eles sorriam para você porque você está fazendo algo real;
Mas velhos amigos que te viram fracassar, e também te viram vencer,
Que te amaram tanto para cima quanto para baixo, grudados em você, grosso ou fino,
Que te conheceram como um jovem florescente, e viram você começar a subir,
Na felicidade e na dor, ainda amigos seus e constantes o tempo todo,
Quando os problemas surgem e as coisas dão errado, não me importa o que você diz,
Eles são os amigos a quem você recorrerá, pois você quer o velho caminho dos amigos.
Os novos amigos podem ser mais ricos e elegantes também, mas quando
seu coração está doendo e você acha que seu sol não vai brilhar de novo,
não é a riqueza dos novos amigos que você quer, não é o estilo deles,
não é os ares de grandeza então, é apenas o sorriso do velho amigo,
A velha mão que ajudou antes, estendida mais uma vez para você,
As velhas palavras soando em seus ouvidos, tão doces e, Oh, tão verdadeiro!
A ternura de quem sabe exatamente o que significa a sua tristeza.
Essas são as coisas nas quais, de alguma forma, seu espírito sempre se apoia.
Quando a dor está batendo em seu peito – os novos amigos desaparecem
E para os antigos, provados e verdadeiros, você pede ajuda e alegria.”
Palavras finais
Como visto neste artigo, as amizades que construímos ao longo de nossa jornada são muito preciosas, pois essas conexões nos fazem sentir vivos. Nossos amigos são como verdadeiros irmãos, que estão conosco em todos os momentos de nossa vida, passando por dias felizes e tristes, sem perder o encanto que é estar ao lado de pessoas especiais.
Em meio aos desafios e reviravoltas da vida, a amizade é uma das maiores dádivas que podemos receber. Ela preenche nossos dias com sorrisos, compartilha nossas lágrimas e nos mostra que não estamos sozinhos nessa jornada. Podemos confiar de olhos fechados em nossos amigos, pois sabemos que eles se importam e estão ali sempre para nos ajudar.
Nas poesias citadas neste artigo, somos transportados para um universo de emoções intensas e sinceras. Cada verso, cuidadosamente escolhido pelos poetas, mostra o poder transformador da amizade em nossas vidas e nos ensinam que, apesar dos problemas e dificuldades que enfrentamos no dia a dia, ter amigos ao nosso lado nos dá a coragem e a força para seguir em frente.
Os 15 poemas de amor de amigos aqui apresentados são apenas uma pequena amostra da vasta potência da amizade, celebrando essa dádiva através de palavras que possam traduzir a importância desse sentimento tão especial. Assim, cada poeta, à sua maneira, nos convida a refletir sobre o significado da amizade e a perceber o quanto somos sortudos em compartilhar nossas vidas com pessoas que nos entendem, nos apoiam e nos amam incondicionalmente, independente de qualquer coisa.