Conheça os motivos que levaram a autora a seguir com a novela após a morte de Daniella.
Gloria Perez é reconhecida por muitas pessoas como uma verdadeira “heroína”, especialmente após o lançamento da série documental “Pacto Brutal”, pela plataforma de streaming HBO.
A autora enfrentou a grande perda da filha Daniella Perez, brutalmente assassinada em dezembro de 1992, pelo companheiro de cena Guilherme de Pádua, e sua então esposa, Paula Thomaz.
Através da série, o Brasil todo, incluindo as novas gerações, podem acompanhar todo o cenário da morte de Daniella, bem como a vida da família e amigos 30 anos após a sua partida. No entanto, uma das perguntas que permanece entre o público é o motivo pelo qual Gloria continuou com a novela até o fim, mesmo depois da perda familiar e do elenco.
“De Corpo e Alma”, foi o primeiro trabalho autoral da artista como escritora de novelas, e ela fez questão de seguir criando os capítulos do folhetim da Globo, que permaneceu ao ar até o encerramento previamente planejado.
A dedicação de Gloria ao trabalhou foi realmente impressionante. Apenas 15 dias após a morte brutal, ela retornou ao trabalho e, em meio as próprias investigações sobre a morte da filha, ela encontrou forças para escrever a novela até o final.
![Por que Gloria Perez decidiu escrever "De Corpo e Alma" até o fim: ficou marcada por tragédia](https://osegredo.com.br/wp-content/uploads/2022/08/Screenshot_115-1.jpg)
“Esse gesto permitiu que eu não enlouquecesse. Porque senão eu ia bater a cabeça na parede. Aquilo me prendia ao real, no cotidiano”, afirmou Gloria Perez sobre a sua decisão.
Uma história de muita determinação
“De Corpo e Alma” estava no ar há apenas quatro meses na época do assassinato de Daniella Perez, e estava fazendo um enorme sucesso no horário nobre da TV Globo, chegando a conquistar mais de 50 pontos de audiência.
O crime deixou todo o elenco da novela profundamente abatido, e eles pediram o fim imediato da trama. Até mesmo a TV Globo chegou a pensar na possibilidade de tirar o folhetim do ar durante um tempo.
No entanto, Gloria, em uma força sem tamanho, mesmo completamente abatida pela perda da filha de maneira tão brutal, se recusou a abandonar o trabalho, e criar cenários alternativos que permitissem que a novela se encerrasse mais cedo ou mesmo sem um final.
Assim como muitas outras pessoas que se deparam com grandes perdas na vida, ela viu no trabalho uma maneira de concentrar a sua atenção em outra coisa. Daniel Filho, que dirigiu a novela, disse que a autora confessou que “continuar a trabalhar seria uma maneira de não morrer com a filha”.
![Por que Gloria Perez decidiu escrever "De Corpo e Alma" até o fim: ficou marcada por tragédia](https://osegredo.com.br/wp-content/uploads/2022/08/Screenshot_116-1.jpg)
A única condição imposta por ela era não criar a cena em que Daniella deixaria a trama. Essa missão, tão importante, foi assumida pelos outros autores de “De Corpo e Alma”, Gilberto Braga e Ana Maria Moretzsohn.
Eles decidiram que a personagem Yasmin viajou para estudar fora do país. A cena da despedida de Yasmin foi feita por uma dublê, e emocionou o país todo ao ir ao ar menos de um mês após a morte da atriz.
Também foi realizada uma homenagem póstuma à Daniella, na qual foram usadas imagens de arquivo, depoimentos de autores e diretores. Bira, que era interpretado por Guilherme de Pádua, condenado pela morte da atriz, nunca mais foi nem citado na novela.
O último capítulo do folhetim foi ao ar em 5 de março de 1993, e Gloria fez questão de incluir na trama alguns temas relevantes, como a morosidade da justiça e a inadequação do código penal.
![Por que Gloria Perez decidiu escrever "De Corpo e Alma" até o fim: ficou marcada por tragédia](https://osegredo.com.br/wp-content/uploads/2022/08/1-Entenda-por-que-Gloria-Perez-decidiu-continuar-escrevendo-De-Corpo-e-Alma-apos-morte-da-filha.jpg)
“Senti que precisava defendê-la. Para tal, tinha que fazer um esforço sobre-humano de ser mais forte que a dor. Eu trabalhava, ao mesmo tempo, fazia campanha pela mudança na lei”, disse Gloria.
A autora batalhou muito para tornar o homicídio em crime hediondo, que na época ainda não era em nosso país. Em um movimento enorme, que contou com o apoio do Brasil inteiro, ela conseguiu o feito em 1994, após recolher mais de um milhão de assinaturas.