Os pilotos seguem regras rígidas durante o voo. Entenda!
Os voos de avião fazem parte da rotina de diversas pessoas ao redor do mundo, mas mesmo tão normais, muitas coisas sobre essas viagens são desconhecidas ao grande público. Por exemplo, sabemos que os pilotos seguem diversas regras para garantir a segurança de todos a bordo, mas você sabia que entre elas existe uma que afirma que não é permitido que os pilotos comam a mesma comida?
O Telegraph Travel resolveu se aprofundar mais sobre esse tema, e conversar com algumas pessoas que trabalham na área para entender o motivo dessa regra que, aparentemente, pode parecer até mesmo um pouco sem sentido.
Um porta-voz da Virgin Atlantic, uma das maiores companhias aéreas do Reino Unido, disse ao portal de notícias que se ambos é responsabilidade do capitão garantir que os pilotos operacionais comam diferentes refeições durante o voo, e caso eles solicitem a mesma, a tripulação de cabine deve informar ao comandante, que aprovará ou negará o pedido.
Além disso, os pilotos nos controles devem fazer suas refeições em horários diferentes. Isso porque, caso uma das refeições esteja contaminada, a tripulação de voo não ficará mal ao mesmo tempo, o que facilita a preservação da vida de todos a bordo.
As regras foram definidas após alguns incidentes. Conforme contado pelo Telegraph Travel, em fevereiro de 1975, 196 passageiros e um comissário de bordo da Japan Airlines tiveram intoxicação alimentar grave após comerem omeletes, em um voo de Tóquio a Paris.
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O presunto usado na refeição estava contaminado com a bactéria estafilococos e, quando o avião parou para reabastecer em Copenhague, 143 pessoas estavam passando tão mal que precisaram de hospitalização.
Por um total acaso, os pilotos não consumiram o presunto, optando por bife, e por isso conseguiram pousar a aeronave em segurança. Esse episódio trouxe uma grande lição e ajudou a mudar as regras de alimentação dentro dos voos.
Algo triste sobre esse caso é que, apesar de ninguém ter morrido por conta do incidente, o cozinheiro responsável suicidou-se pouco depois.
Um relatório da Autoridade de Aviação Civil de 2010 trouxe dados importantes sobre o mesmo assunto. Conforme o Telegraph Travel, os dados revelaram que entre 30 e 50 pilotos, operando voos de ou para um aeroporto do Reino Unido, ficam incapacitados nos controles todos os anos – diversos deles por conta de intoxicação alimentar.
O relatório ainda mencionou um incidente a bordo de um 747, em que o capitão precisou de oxigênio e outro que resultou em um pouso de emergência em Málaga.
Passageiros também recebem refeições diferentes dos pilotos
Os pilotos e a tripulação de cabine não apenas comem refeições diferentes entre si, mas também dos passageiros.
A companhia aérea da Finlândia, Finnair, informou que em voos de longa distância, a tripulação de voo e de cabine comem as mesmas refeições da classe executiva que nossos clientes (o comandante e o primeiro oficial fazem refeições diferentes). E que, em voos mais curtos, com opções mais limitadas, a tripulação faz refeições dedicadas.
Já a Virgin explicou que as comidas diferentes para os passageiros têm a função de oferecer alguma variedade, acrescentando que em sua maioria elas são compostas de sanduíches, saladas, uma seleção de pratos quentes e snacks que incluem fruta, frutos secos, batatas fritas e chocolate.
Apesar de oferecer comida para a tripulação, as companhias aéreas ouvidas pelo portal de notícia informaram que também permitem que a tripulação leve suas próprias refeições.
Steve Derebey, um piloto americano, deu sua opinião sobre as refeições oferecidas pelas companhias no site Quora:
“Após 35 anos e pelo menos seis casos de intoxicação alimentar, exceto em circunstâncias extremas e controladas, não consumirei uma refeição da tripulação”.
Ele disse que confia na segurança das cozinhas, mas acrescentou que uma vez que as comidas deixam o local, não confiam em mais nada.