A busca por prazer imediato é um dos grandes males da sociedade atual. E a internet tornou isso muito mais fácil. Bastam poucos segundos para acessar um site de pornografia e obter diversos tipos de vídeos com conteúdos de nudez.
A adesão do público a esse tipo de conteúdo é impressionante. Em 2018, o Quantas Pesquisas e Estudos para o Canal Sexy Hot fez uma pesquisa e descobriu que mais de 22 milhões de brasileiros afirmavam consumir pornografia.
Deste total, 76% eram homens e 24%, mulheres. E os grupos que mais consumiam esses conteúdos eram os jovens, principalmente aqueles com menos de 35 anos (58%).
Embora a pornografia ainda seja normalizada por muitas pessoas, especialmente quando voltada para homens, existem diversas comprovações de que esse tipo de conteúdo é prejudicial, não apenas a nível pessoal, mas também para toda a sociedade.
Conteúdos de nudez se comunicam com os produtos químicos em nosso cérebro, com efeitos que vão muito além do imaginamos. Ao longo desse texto, vamos explorar vários cenários da pornografia e mostrar 9 efeitos do vício nesse tipo de conteúdo. Continue a leitura para saber mais.
O que leva ao consumo da pornografia?
Todos sabemos que as companhias influenciam diretamente em nossos hábitos. Mas as razões para começar a consumir esse tipo de conteúdo podem ser mais profundas.
- Bem-Estar e Saúde: Aveia: 8 benefícios, contraindicações e como consumir
A maioria das pessoas possui algum gatilho, seja solidão, exaustão mental ou física, saudades, entre muitos outros. Sob a influência desses sentimentos, elas buscam na pornografia uma de obter recompensa fácil e instantânea. E quanto mais intensos e frequentes são esses gatilhos, mais o consumo aumenta.
A ação da pornografia é similar a das drogas no sentindo de que a sensação de recompensa diminui com o passar do tempo, fazendo com que a pessoa aumenta a frequência do consumo desses conteúdos.
Pornografia faz mal de verdade?
![Pornografia faz mal? 9 efeitos do consumo no cérebro – e na sociedade](https://osegredo.com.br/wp-content/uploads/2024/05/1-pornografia-faz-mal-9-efeitos-do-consumo-no-cerebro-e-na-sociedade.jpg.webp)
Algumas pessoas duvidam dessa afirmação, principalmente aquelas que não consomem esse a pornografia frequentemente. Mas a realidade é que ela faz mal sim, especialmente para os compulsivos.
Conforme explicamos acima, quando o consumo vai muito além do “normal”, como um estímulo sexual, por exemplo, a pessoa desenvolve um vício, e sente um desejo compulsivo de consumir cada vez mais pornografia.
- Bem-Estar e Saúde: Roacutan: para que serve, como usar e efeitos colaterais
E isso pode levar a uma série de efeitos negativos. Veja 9 deles na lista abaixo:
9 efeitos do consumo de pornografia – no cérebro e na sociedade
1. Vício em prazer imediato
O consumo de pornografia ativa a área do cérebro ligada ao prazer imediato, assim como drogas, como a maconha e a cocaína.
Ou seja, esse hábito está ligado à dopamina, substância química relacionada ao prazer e à felicidade, e também ao centro recompensa de nosso cérebro. Quando consumimos algo agradável, nosso corpo libera a dopamina, e nos faz buscar esse consumo novamente, levando em muitos casos ao desenvolvimento de um vício.
2. Relacionamentos prejudicados
Várias pessoas defendem que o consumo de conteúdos de nudez pode acender a chama novamente no relacionamento. Mas não é isso que concluiu um estudo que acompanhou casais ao longo do tempo.
A pesquisa mostrou que as pessoas casadas consumiam pornografia frequentemente em 2006 relataram níveis significativamente mais baixos de qualidade conjugal em 2012. Além disso, o consumo de pornografia foi o segundo indicador mais forte de que um relacionamento estava prejudicado.
- Bem-Estar e Saúde: Caminhada: quais são os efeitos de percorrer 5 km todos os dias?
Existem várias outras pesquisas, como essa e essa, que mostram que as pessoas em relacionamentos românticos que consomem esse tipo de conteúdo tem maior probabilidade de experimentar um divórcio ou uma separação.
A conexão real entre um casal é um dos pontos mais importantes para manter um relacionamento romântico saudável ao longo dos anos. É importante manter isso sempre em mente.
3. Estímulo à violência
Quando pensamos em filmes pornô, o primeiro pensamento que vem em nossas mentes e´que se trata de um conteúdo voltado para o ato sexual. Mas será que esses conteúdos não podem também conter indícios de violência.
Um grupo pesquisadores analisou centenas de cenas pornográficas populares e descobriu que 88,2% continham violência física ou agressão, e 48,7% continham agressão verbal.
Outro estudo realizou um estudo sobre vídeos pornográficos presentes no Pornhub e descobriu que 40% deles continham agressão ou violência visível, enquanto 25% continham agressão verbal.
Uma terceira pesquisa sugeriu que 45,1% dos vídeos do Pornhub e 35,0% dos vídeos no XVideos retratavam violência ou agressão. E, em todos esses casos, as mulheres eram sempre os alvos das agressões.
4. Piora na performance sexual
Se você acha que o vício em pornografia não traz qualquer tipo de prejuízo para o seu desempenho na cama, pense novamente. A realidade é que o exagero nesse tipo de conteúdo frequentemente leva a menos sexo e a experiências insatisfatórias.
Uma pesquisa mostrou que o consumo rotineiro de pornografia está associado à disfunção sexual tanto para homens quanto para mulheres. Outro estudo comprovou que esse hábito também leva a problemas com excitação e desempenho sexual. E um terceiro ainda associou o consumo desses conteúdos com diminuição da satisfação sexual.
Esse tipo de conhecimento científico nos faz refletir e entender que a pornografia não é uma ferramenta para melhorar os relacionamentos, mas sim para prejudicá-los de diversas maneiras.
5. Normalização do abuso
Um estudo analisou títulos de filmes pornográficos em alguns dos sites adultos mais populares do Reino unido e descobriu que 1 em cada 8 títulos sugeridos a usuários iniciantes descrevia atos de violência sexual.
O mesmo estudo também sugere que 1 em cada 3 e até 9 em cada 10 cenas pornográficas contêm violência física ou agressão. Um fator que torna essa realidade ainda mais preocupante é o fato de que em 95% das vezes, os alvos da violência e da agressão na pornografia responder de forma neutra ou com prazer. Isso envia aos usuários a mensagem de que a agressão sexual é normal ou mesmo desejável, e promove a normalização do abuso durante o sexo.
6. Problemas de saúde mental
Vários estudos revisados indicaram uma relação perigosa entre o consumo de pornografia e a saúde mental. Eles mostram que esses conteúdos podem estar relacionados à depressão, ansiedade, solidão, um sentimento de menor satisfação com a vida, e um sentimento de pior autoestima e saúde mental geral.
Outras pesquisas também descobriram que essa relação é ainda mais forte quando o motivo principal do consumo de pornografia é buscar uma saída para emoções negativas, e também quando o consumo de pornografia se torna compulsivo.
Ao invés de trazer um senso maior de poder pessoal, como vários consumidores de pornografia afirmam, o que a ciência mostra é que esse vício diminui cada vez mais a sensação de valor de uma pessoa.
7. Dificuldades com memória e disciplina
Conforme já falamos anteriormente, o consumo de pornografia está associado à dopamina, que por sua vez se liga ao centro de recompensa do cérebro. Por conta disso, o consumo exagerado desse tipo de conteúdo pode afetar esse sistema de recompensa.
É por isso que várias pessoas podem enfrentar dificuldades para dormir ou até mesmo para se lembrar de suas responsabilidades e compromissos quando consomem pornografia de forma muito intensa.
Além disso, uma pesquisa comprovou que o consumo de pornografia também incentivar a valorização de recompensas imediatas. Dessa forma, quanto mais tempo precisamos esperar por uma recompensa, menos valiosa ela se torna.
8. Incentivo ao tráfico sexual
Essa é uma associação que passa despercebida frequentemente. Mas é um fato que tráfico sexual tem várias ligações com a pornografia. Até mesmo nos filmes pornográficos convencionais essa realidade está presente, e com muito mais frequência do que podemos imaginar.
O tráfico sexual é uma situação em que um ato sexual comercial é induzido pela força, coerção ou fraude, ou em que a pessoa induzida a praticar os atos sexuais ainda não tenha completado 18 anos de idade. Na indústria pornográfica, esse tipo de coerção é algo muito comum, e legalmente se enquadra como tráfico sexual.
É difícil para o consumidor de pornografia garantir que o conteúdo que consome é consensual e não conta com qualquer tipo de abuso, especialmente nas vertentes mais extremas. Portanto, a maneira mais saudável de não participar desse cenário é simplesmente não consumir esse tipo de conteúdo.
9. Dificuldade nas relações sociais
Além de todos os efeitos na saúde mental e sexual que vimos nos tópicos acima, o vício em conteúdo pornográfico também afeta diretamente a relação dos consumidores com as pessoas ao seu redor, uma vez que os torna cada vez mais distantes, com o pensamento compulsivo focado nesses conteúdos.
Em casos mais sérios, a pessoa pode perder totalmente o foco nas suas atividades do trabalho e até mesmo com os amigos e familiares. Isso porque o pensamento de se isolar e focar naquilo cresce cada vez mais.
Terry Crews e a pornografia
Esse vício pode atingir qualquer um. O ator Terry Crews, famoso por interpretar o Julius em ‘Todo mundo odeia o Chris’ e Latrell Spencer em ‘As Branquelas’, já falou abertamente sobre o seu problema com a pornografia.
Crews comentou que o seu vício chegou em um ponto tão sério que prejudicou o seu casamento. E como ele tinha dificuldade de lidar com o vício, tratava ele como um segredo. Isso permaneceu até o ator perceber que a dependência de conteúdo pornográfico estava gerando consequências irreversíveis para a sua vida.
Foi então que ele procurou a reabilitação para conseguir se recuperar e conseguir seguir a sua vida. Atualmente, depois de enfrentar o longo e difícil processo, o ator está livre do vício e sempre aborda o assunto como uma forma de conscientizar e ser uma voz contra a pornografia.
Mas engana-se quem pensa que esse vício afeta apenas os homens. Embora eles sejam maioria no consumo de pornografia, as mulheres também tem um consumo significativo.
Segundo o relatório anual do Pornhub, de 2022, 64% dos visitantes eram homens e 36% mulheres. No Brasil, a proporção foi de 61% homens e 39% mulheres em 2022.
Isso prova que esses conteúdos estão cada vez mais divididos igualmente entre os dois públicos. A internet facilita muito esse processo, além do entendimento que as mulheres alcançaram de que são seres sexuais e que também podem gostar e procurar conteúdos voltados ao sexo.
Mas ao recorrer à pornografia como forma de exercer a sua sexualidade, elas também estão expostas aos mesmos efeitos que citamos acima.
Será que eu sou viciado em pornografia?
Se você chegou até aqui, provavelmente está se fazendo esse questionamento. Obter uma resposta definitiva para essa pergunta é complicado, porque também é difícil definir um limite entre o que é um consumo saudável e o que é perigoso.
No entanto, existem alguns fatores importantes para prestar atenção, que podem indicar que o seu consumo está fugindo do padrão saudável e que você está desenvolvendo um vício/compulsão por esse tipo de conteúdo.
Esses fatores estão ligados diretamente a como ela organiza o seu dia a dia. Se uma pessoa começa a deixar as suas obrigações de lado para assistir conteúdos pornográficos, seja no trabalho, nos relacionamentos, e em outras áreas da vida, isso é um sinal de que a coisa está fora do controle. E a situação fica ainda mais grave quando essa negligência prejudica as pessoas à sua volta.
Um exemplo comum entre pessoas com vício em pornografia é deixar de desejar sexo, ou até mesmo de praticá-lo, para se auto-satisfazer através desse tipo de conteúdo. Entre aqueles que estão em um relacionamento romântico, esse tipo de comportamento é extremamente destrutivo.
Outro ponto importante para entender se você desenvolveu um vício em pornografia é analisar a sua forma de consumo: é comum entre os compulsivos abrir várias telas de navegador ao mesmo tempo para encontrar o “vídeo perfeito” e até mesmo pular a gravação para os momentos que os trazem maior excitação. Através desse hábito acontece uma liberação de altas doses de dopamina, que traz o prazer e também a dependência.
Grande parte das pessoas só percebem o seu vício quando já estão em um nível elevado de dependência. Por isso, é importante ficar atento a todos os sinais e buscar ajuda antes da situação chegar em um nível crítico.
Como tratar o vício em pornografia?
Se você chegou a conclusão de que desenvolveu um vício em pornografia que está prejudicando a sua qualidade de vida, saúde e relacionamentos, é essencial procurar apoio profissional especializado para conseguir se recuperar o quanto antes.
Cada caso é um caso, mas alguns formatos de tratamento que podem ser aplicados incluem reabilitações, acompanhamento psicológico, terapia individual – ou até mesmo em grupo, além de colocar em prática técnicas para controlar seus impulsos.
O mais recomendado é procurar um profissional para avaliar a sua situação de forma particular e oferecer uma orientação personalizada, que consiga atender às suas principais necessidades associadas ao tratamento.
Existe também um método de auto-observação que pode ser adotado. Corte o consumo de pornografia por um período de 15 a 30 dias e analise o seu comportamento durante esse tempo.
Como foi para você? Sentiu que foi mais fácil do que imaginava ou precisou travar uma luta diária consigo mesmo para se manter longe dos vídeos? Se você notou uma dificuldade acima do normal, pode estar lidando com um possível vício.
Nesses casos, é importante partir para um plano de ação para combatê-lo:
- Busque mais informações sobre como a pornografia afeta o seu cérebro e como funciona a indústria pornô;
- Tente identificar qual o gatilho que te leva a procurar esses conteúdos;
- Se estiver em um relacionamento, converse com o seu parceiro sobre o assunto;
- Evite acessar plataformas de fotos e vídeos curtos, pois podem despertar o desejo de visitar os sites pornôs;
- Instale um aplicativo bloqueador para evitar o consumo de pornografia;
- Preencha as suas horas vagas com atividades que você goste e desenvolva novos hábitos saudáveis, para que não sobre mais espaço para esses conteúdos na sua vida.
Conforme você percebeu ao longo desse artigo, a pornografia é realmente uma inimiga, que vem acompanhada de consquencias sérias e precisa ser combatida em um nível diário, pelo bem individual e também da nossa sociedade.
No entanto, é importante manter um ponto sempre em mente: o problema é a pornografia, não a masturbação.
Masturbar-se é uma prática encoraja e que conta com uma série de benefícios para o corpo, como melhora de humor, aumento de autoestima e do hormônio da felicidade, redução de estresse, entre outros.
O problema é que as pessoas viciadas em pornografia se masturbam de forma compulsiva. Mas se você conseguir estabelecer essa prática de forma natural e saudável, focando no autoconhecimento, ela está mais do que liberada.
Nota: As informações e sugestões contidas neste artigo têm caráter meramente informativo. Elas não substituem o aconselhamento e acompanhamentos de médicos, nutricionistas, psicólogos, profissionais de educação física e outros especialistas.
Se interessou por este conteúdo? Veja também: Teste de gravidez caseiro: como fazer?