Acredito que seja porque, depois de tanto esforço e de tantas lutas, conhecemos o nosso mundo. E mesmo que não seja o mundo com que sonhamos, ainda que não nos traga a realização, o enraizamento e a plenitude que buscamos, é o nosso mundo. Não nos trará surpresas.
Podemos adormecer muito tristes pela ausência de quem nos quis bem e que rejeitamos. Podemos acordar no sonambulismo existencial de quem nada tem que lhe dê identidade e significado.
Contudo, recusamos a mudança pela qual a nossa alma aspira.
Há dias em que desejamos, desesperadamente, que a mudança tivesse ocorrido. Que outro mais corajoso, mais destemido tivesse ocupado o nosso lugar, a nossa vida.
Mas ficamos presos ao sofrimento e incapazes de construir um caminho novo.
Talvez porque não acreditamos o suficiente. Temos receio de transformar os sonhos em realidade. Sabemos o que queremos, conhecemos a raiz da nossa felicidade e intuímos que somos capazes de mais do que aquilo que fazemos. Mas escondemo-nos, tornamo-nos sombras ocultas, olhares fugazes e clandestinos. Adiamos o amor e a alegria de uma vida vivida, plena de significado. De intenção e de ação. Não há nada mais errado.
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O caminho correto é aquele que nos ensina a natureza e que ressoa intimamente no nosso coração. É a aceitação dos ciclos, daquilo que em nós nasce e em nós morre, para que haja expansão, para que cada um de nós evolua, em comunhão harmônica com os demais.
As montanhas surgiram de grandes convulsões geológicas, as estrelas são marcas fundamentais do caos criador do cosmos. As árvores superam a nudez que o Inverno lhes impõe, para voltar a florir na Primavera.
A fé mostra-nos que não estamos sós. Deus não nos abandona nunca, mas exige-nos aceitação, rendição e depois, a iniciativa da criação. Da doação inteira ao que de nós há de vir.
A transformação permite a revelação. E seguimos em frente, apesar do medo. Apesar das dúvidas. Apesar dos preconceitos, que já não definem os anseios do nosso coração.
De que adianta ser fiel aos valores dos vizinhos, permanecer no rumo que o destino escolheu para eles, se é distinto do que determinou para nós?
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Se nos sentimos tristes, vazios, se somos invadidos pelo desalento, pela incompletude, não estamos no nosso caminho. O nosso caminho está onde está o medo de avançar, mas também a alegria, a paixão, a vontade de viver! E o medo, ante a nossa ousadia, afasta-se aos poucos, porque não lhe foi dada guarida.
O medo é o companheiro do ego e do apego.
Não existe medo quando aceitamos a totalidade daquilo que somos, quando abrimos o coração ao amor, quando arriscamos o desejo de uma vida desafiante, plena e feliz.