O Mamonas Assassinas, banda que virou um fenômeno nos anos 1990, teve um final trágico e precoce em 1996, quando o avião em que viajavam caiu na Serra da Cantareira, em 2 de março, matando todos os membros da banda, além do piloto, co-piloto e funcionários.
A formação incluía o vocalista Alecsander Alves (Dinho), o guitarrista Alberto Hinoto (Bento), o tecladista Júlio César Barbosa (Júlio Rasec), o baterista Sérgio Reoli e seu irmão, o baixista Samuel Reoli — ambos com o sobrenome abreviado de Reis Oliveira.
Em um vídeo gravado poucas horas antes do acidente, Rasec previu a tragédia. Conhecido pelo cabelo laranja avermelhado, ele havia ido ao salão de seu cabeleireiro e amigo Nelson de Lima para retocar a cor. Durante a conversa, o músico se mostrou preocupado, sem saber o motivo.
Lima perguntou sobre a viagem do grupo a Portugal, onde fariam alguns shows, e Júlio respondeu com piadas sobre mulheres portuguesas terem bigode. Em seguida, ficou sério ao falar de um sonho que teve.
“Não sei, essa noite eu sonhei com um negócio… Assim, parecia que o avião caía. Não sei. Não sei o que quer dizer isso”, disse ele no vídeo. O registro foi exibido no Jornal Nacional após o acidente.
Outra coincidência marcante foi uma fala de Dinho no documentário MTV na Estrada – Mamonas Assassinas, onde o vocalista ironizava sobre falhas técnicas em outro avião que usariam.
“Esse avião quase caiu na selva amazônica porque quebrou o radar. Tenho uma boa e uma má notícia para você que vai voar com a gente, câmera man. Qual você quer primeiro? A boa é que eles consertaram. A ruim é que quebrou de novo. Ah, e o combustível não tá passando do reservatório para o tanque”, explicava o vocalista, rindo.
Na mesma cena, Júlio brincava com o amigo. “Você é o Dinho do Mamonas Assassinas?”, perguntava o ruivo. “Eu era”, respondia Dinho.
O acidente do Mamonas Assassinas
Formada por cinco jovens de Guarulhos (SP), o Mamonas Assassinas sofreu o acidente em seu auge. O grupo fazia aparições constantes na TV e tinha uma rotina intensa de shows pelo Brasil e até no exterior.
Em 2 de março de 1996, o avião em que viajavam após um show em Brasília tentava pousar no Aeroporto de Guarulhos quando caiu, matando o quinteto, além do ajudante de palco Isaac Souto, o segurança Sérgio Saturnino Porto, o piloto Jorge Germano Martins e o co-piloto Alberto Yoshihumi Takeda.
A aeronave decolou de Brasília por volta das 23h. Durante o voo, o clima estava relativamente bom, mas ao se aproximar de São Paulo, as condições meteorológicas começaram a se deteriorar, com nuvens baixas e pouca visibilidade. O avião deveria pousar no Aeroporto Internacional de Guarulhos, e o piloto Jorge Martins foi instruído pela torre de controle a seguir o procedimento padrão para aterrissagem.
Por volta da meia-noite, ao se aproximar do aeroporto, o piloto iniciou o procedimento de arremetida devido à falta de visibilidade. Durante a manobra, a comunicação entre a cabine de comando e a torre de controle foi perdida. Poucos minutos depois, a aeronave se chocou contra a Serra da Cantareira, uma área montanhosa ao norte de São Paulo, a uma altitude de aproximadamente 1300 metros.
A causa do acidente foi determinada como erro do piloto, que perdeu contato com a torre de controle e acabou chocando a aeronave com a Serra da Cantareira ao tentar arremeter, errando a direção.
Filme sobre Mamonas Assassinas
A carreira dos Mamonas Assassinas foi meteórica e efêmera. Em apenas oito meses, os meninos de Guarulhos conquistaram o Brasil com músicas irreverentes e letras politicamente incorretas. O único disco lançado pelo grupo ainda está, mesmo após 27 anos da morte do quinteto, entre os dez mais vendidos do Brasil, com 3 milhões de cópias.
A lembrança da banda continua forte no imaginário dos fãs e desperta interesse até de jovens que não eram nascidos na época do acidente. Não por acaso, um musical sobre os Mamonas Assassinas, lançado em 2016, foi um sucesso de público. Além da cinebiografia Mamonas Assassinas — O Impossível Não Existe, que reconta a história da banda.