Um professor de português de 35 anos gerou grande agitação nas redes sociais ao compartilhar uma foto e fazer uma brincadeira sobre se inscrever no concurso Mister Bumbum. Em entrevista ao Terra, Pablo Jamilk explicou que a piada teve ampla repercussão em diversos meios de comunicação e também resultou em críticas e associações inadequadas a seu respeito.
Residente em Cascavel, no Paraná, Pablo é um doutor em letras que há aproximadamente uma década compartilha conteúdo sobre Literatura, Língua Portuguesa e Filosofia nas plataformas de mídia social. Com mais de meio milhão de inscritos em seu canal no Youtube e mais de 380 mil seguidores no Instagram, a brincadeira com a legenda: “Foto da minha inscrição para o Mr. Bumbum 2023. #pablojamilk #humor”.
Nos comentários, diversas pessoas estão elogiando, com uma delas até expressando: “grandes probabilidades de ganhar”, enquanto outra afirmou: “O professor de Português mais lindo do mundo!!!”.
Quando notou a repercussão em torno da foto, ele menciona que já antecipava receber críticas, mas procurou extrair algo positivo da situação.
“Esses conteúdos [de educação] têm um percentual muito menos viralizante do que quando aparece uma fofoca ou algo dessa maneira. Então, pensei: vou deixar que isso tome uma proporção gigantesca, porque tanto as pessoas que acharem interessante ou aquelas que quiserem criticar vão acabar chegando ao meu perfil. E lá vão encontrar o que eu faço de verdade”, declara.
Segundo Pablo, essa foi uma forma humorística de continuar oferecendo um serviço educacional no país. Apesar da brincadeira, ele assegura que não se inscreveu, embora tenha contado com o apoio da família, mesmo que a tentação fosse significativa.
“Eu não tenho a menor condição de fazer uma inscrição. Mesmo porque eu acho que nem poderia participar”, ri.
Mesmo tendo se divertido com todo o alvoroço, o doutor em Letras revela que experimentou o preconceito em primeira mão, algo que não é uma novidade para ele, considerando sua aparência que foge ao estereótipo tradicional de educador.
“Na verdade, isso acontece há muito tempo. Dentro da minha carreira eu tenho um doutorado em linguística cognitiva, então, sou pesquisador nesse campo. Comecei muito cedo, porém, sempre lidei com essa quebra de estereotipação. Quando você pensa em professor de português, qual é a primeira imagem que vem a sua mente? Provavelmente um senhor, com o jaleco, falando de uma maneira mais polida né?”, pergunta.
De fato, Pablo se distancia desse convencional. Ele é assíduo na academia, usa brincos, ostenta um corte de cabelo considerado ‘moderno’ e possui inúmeras tatuagens pelo corpo, incluindo as mãos; assim, já se habituou à falta de reconhecimento devido à sua aparência.
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“Essa foi uma forma que eu escolhi de tentar primeiro criar um impacto para a pessoa prestar atenção a imagem e depois ouvir o que quero dizer. Porque se ela parar para ouvir o que eu tenho a dizer, tenho certeza de que ela vai ficar num ambiente em que vai ter conhecimento e que ela vai se sentir acolhida. […] Então, é preciso que nós consigamos renovar essa imagem do professorado”, destaca.