Ángel Maria estava ensinando inglês aos seus alunos da faculdade, quando áudios vindos de seu computador vazaram, revelando o momento em que seu companheiro a agrediu.
A violência doméstica é considerada por jurídicos e sociólogos como um fenômeno social, em alguns países, e é preciso estratégias efetivas para seu combate direto. Como o relacionamento entre casais é algo que foge do círculo social, mantendo-se também no ambiente privado, é necessário que existam denúncias de agressão para que algo seja feito.
Muitas famílias preferem não se envolver em casos de violência doméstica, ou porque tentam acreditar que nada de muito ruim irá acontecer ou porque acreditam que a agressão seja uma forma válida de punição. Independentemente de qual seja o lado, ambos são danosos e podem levar ao feminicídio das vítimas.
A quarentena tem se mostrado um período ainda mais complexo para quem sofre com violência doméstica, isso porque o isolamento social forçou casais a conviverem em tempo integral, além de ser mais difícil ainda para as vítimas denunciarem.
Com os casos de covid-19 em alta, o balanço geral mostra que o número de registros de boletins de ocorrência presenciais caiu, ao mesmo tempo em que o número de assassinatos de mulheres por questões de gênero subiu.
A professora Ángel Maria Garibay Kintana estava dando uma aula on-line de inglês para os acadêmicos da Universidade Autônoma do Estado do México, quando foi brutalmente interrompida por seu marido. Áudios captados pelo computador da docente revelam que ela foi agredida por seu companheiro, mesmo lhe tendo implorado piedade.
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Os alunos ouviram toda a agressão e começaram a buscar ajuda, entrando em contato com a polícia e perguntando para Ángel se ela estava bem. O homem, que não pôde ser visto pelos acadêmicos, manda que a professora “não se levante de novo” e, logo em seguida, golpes são ouvidos. A professora pede que ele pare de agredi-la, mesmo assim a violência continua.
O caso serviu de alerta para estudantes e grupos de mulheres do México, que acreditam que aquela não foi a primeira vez que a professora sofreu agressões físicas. O tom de submissão percebido na voz da vítima é um dos sinais que demonstram que a violência que ela sofre é corriqueira.
Grupos de feministas mexicanas se empenharam para descobrir quem era o homem no áudio. Segundo reportagem da Forbes México, o agressor foi identificado como Octavio García Limón, membro do Partido da Ação Nacional.
As denúncias mostram que o político teria ficado com raiva porque Ángel estava usando seu computador para lecionar, algo que ele já havia proibido.
A Universidade começou uma investigação do caso e a professora se sentiu motivada a denunciá-lo. Em nota, o Partido da Ação Nacional informou que cancelou a militância do suspeito e pediu que justiça fosse feita nesse caso, afirmando que não tolera nenhum tipo de violência ou sexismo.
Logo após o ocorrido, os alunos de Ángel protestaram pelas ruas, mostrando indignação pelo caso e em apoio à professora. Mesmo num momento tão difícil, ela conseguiu romper o ciclo de agressões.
Nem sempre é fácil interromper os abusos e violências sofridas em um relacionamento, muitas vítimas se tornam dependentes financeira e emocionalmente de seus algozes, não tendo, em grande parte das vezes, para onde fugir.
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