A novela “Vale Tudo” está prevista para ganhar um remake em 2025 e já gera grandes expectativas entre o público. Considerada uma das obras mais emblemáticas da TV Globo, a trama é lembrada por seus personagens icônicos, com destaque para a vilã Odete Roitman, o centro de uma das maiores intrigas da televisão brasileira.
Para os que não se recordam, o ponto culminante de “Vale Tudo” é o mistério: “quem matou Odete Roitman?”. A morte de Odete, vivida por Beatriz Segall, é um dos momentos mais impactantes da história, mantendo o segredo bem guardado até seu desfecho.
A curiosidade sobre este assassinato foi tamanha que, de acordo com o Jornal O Globo, as ruas das cidades esvaziaram quando a revelação do assassino foi ao ar, chegando ao ponto de inspirar apostas no jogo do bicho.
Com o remake se aproximando, especulações sobre quem interpretará Odete Roitman começam a surgir. Entre os nomes considerados estão Fernanda Torres, Nanny People, Debora Bloch, Natália do Vale, Malu Galli e Gloria Pires. Qual dessas atrizes você imagina ser a escolha ideal para o papel? Participe da votação!
A nova versão de “Vale Tudo” está programada para estrear em março, substituindo a novela “Mania de Você”, que será lançada em setembro. O remake terá 173 episódios, em comparação com os 204 da versão original. A obra continua sendo aclamada pela crítica como uma das mais significativas na história da dramaturgia brasileira.
Em 1989, dono da Globo ficou decepcionado com o final de “Vale Tudo”
Há 32 anos, em 6 de janeiro de 1989, o país inteiro estava ligado na Globo para assistir ao episódio final de “Vale Tudo” e finalmente descobrir o assassino de Odete Roitman (interpretada por Beatriz Segall). A revelação bateu recordes de audiência, mas a decisão sobre a identidade do assassino desagradou muitos, inclusive o proprietário da emissora.
O clima natalino de 1988 já tinha sido atípico: seguindo o exemplo de Marco Aurélio (Reginaldo Faria), os espectadores ignoraram o Papai Noel. Na véspera de Natal, a Globo exibiu uma cena onde apenas um disparo de revólver era ouvido. Com isso, o mistério começou.
A emissora lucrou bastante com a curiosidade do público: além de uma longa espera por espaços para anúncios durante o horário nobre, uma empresa de caldos gastou 300 mil dólares para promover um concurso.
O desafio era acertar quem havia feito os disparos e o prêmio era de 5 milhões de cruzados. A Globo recebeu 3 milhões de cartas de espectadores de todo o país. Eugênio (Sérgio Mamberti), o mordomo, era o principal suspeito com 24% dos votos.
Até o jogo do bicho aproveitou a onda: o jornal O Dia, em 8 de janeiro de 1989, reportou que apenas no Rio de Janeiro, as apostas somaram mais de 350 milhões de cruzados.
Para confundir a imprensa, que era mais fácil de manipular numa época sem internet ou redes sociais, a Globo distribuiu roteiros falsos. Esses scripts indicavam suspeitos improváveis, como Olavo (Paulo Reis) e até o jovem Bruno (Danton Mello). Finais alternativos com César (Carlos Alberto Riccelli) e Queiroz (Paulo Porto) como atiradores também foram gravados.
Quando chegou a hora da revelação, Leila (Cassia Kis) foi descoberta como a assassina, tendo matado Odete por engano ao confundi-la com Maria de Fátima (Glória Pires), a amante de seu esposo Marco Aurélio, a quem a empresária acusava de corrupção momentos antes de sua morte.
A cena crucial foi filmada com quase todo o elenco presente, que só ficou sabendo quem era o criminoso na manhã do aniversário de Cassia Kis, e a gravação se estendeu até o final da tarde.
Foi muita tensão. Ainda estou com dor de cabeça. O diretor, Ricardo Waddington, nos chamou e disse que tínhamos uma grande responsabilidade nas mãos. Acho que o final da novela me deu a oportunidade de mostrar o meu trabalho, pois, até então, eu havia servido apenas de apoio aos outros atores disse a atriz ao jornal O Dia.
Eu achei o desfecho fantástico. Leila era uma mulher comum demais, carente, com valores horrorosos, desequilibrada. Acredito que o fato dela ter sido escolhida como a assassina foi a melhor solução acrescentou.
Entretanto, nem todos ficaram satisfeitos com o desfecho. Roberto Marinho (1904-2003), então dono da Globo e um assíduo espectador da série, afirmou que não sabia quem era o assassino e considerou a escolha muito previsível após a revelação.
Com todo o sucesso da questão do assassino, acabamos por dar um mês de tranquilidade ao Sarney brincou Dennis Carvalho à revista Veja em 11 de janeiro de 1989, referindo-se aos problemas políticos e econômicos do então presidente.
Apenas no Rio de Janeiro e em São Paulo, cerca de 13 milhões de pessoas acompanharam o final da trama. Surpreendentemente, o penúltimo episódio teve mais audiência que o último. Porém, no momento da revelação, a Globo alcançou 86 pontos de audiência no Rio.