Oficiais do Catar avisaram o repórter que iam destruir a câmera caso a equipe não interrompesse as filmagens.
Um repórter da TV2, da Dinamarca, foi ameaçado por seguranças do Catar durante sua entrada ao vivo no dia 15 de novembro, nas ruas de Doha, capital do país. Atualmente o Catar é sede da Copa do Mundo, que começou no último dia 20 de novembro.
Pelas imagens que foram compartilhadas pelo jornalista em suas redes sociais, o repórter estava conversando com o apresentador do canal quando os agentes de segurança do Catar chegam ao local em um carrinho parecido aos usados em golfe. Os oficiais não permitem que o repórter continue com a matéria e ameaçam destruir a câmera.
O repórter então pergunta aos oficiais por que a equipe não poderia filmar se o país convidou “o mundo inteiro para vir aqui”. O jornalista afirma que o lugar onde estava era público e não havia razão de ser impedido de filmar. “Você quer quebrar a câmera? Vá em frente”, retruca o repórter identificado como Rasmus Tantholdt, da TV2 da Dinamarca.
Logo após, o repórter apresenta suas credenciais da Copa do Mundo e a sua licença para filmar no país e mesmo assim, foi impedido de voltar à entrada ao vivo.
Depois do incidente, que viralizou na internet, o Comitê Supremo do Catar pediu desculpas à emissora TV2 da Dinamarca e ao repórter pelo ocorrido. Segundo Rasmus Tantholdt, os catarinos têm medo de que determinadas situações sejam filmadas e divulgadas. “Minha experiência, depois de viajar para 110 países é que, quanto mais roupa suja você tiver no porão, mais difícil para os jornalistas reportarem”, afirmou durante sua reportagem na emissora dinamarquesa.
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O repórter ainda comentou sobre outras situações semelhantes que tem presenciado no Catar. Segundo Rasmus Tantholdt, a imprensa pode ser atacada a qualquer momento ou ameaçada enquanto trabalha para informar o mundo sobre a Copa do Mundo. “Não é um país democrático”, afirmou.
O Catar tem sido alvo de críticas. Desde leis machistas do país e o descaso total com os direitos humanos, que surgiu após denúncia de suposta utilização de mão de obra escrava na construção dos estádios, o país da Copa do Mundo tem se tornado um desafio para os profissionais da imprensa. Acredita-se, segundo o site Metrópoles, que de 15 a 18 mil pessoas tenham morrido enquanto trabalhavam na construção dos estádios.
O incidente com o repórter também provocou novas críticas ao governo teocrático e muçulmano do Catar. Os organizadores do evento afirmaram que conversaram com Rasmus Tantholdt após o incidente e ofereceram um pedido de desculpas, pelo ocorrido. Segundo os mesmos organizadores, Rasmus Tantholdt e sua equipe foram interrompidos por “engano”. Também foi emitido um aviso para todos oficiais e polícias catarinas para que “respeitem as licenças de filmagem”, que estão em vigor para o torneio mundial.
Repórter brasileira é assediada no Catar
Segundo o site IG Esportes, uma repórter brasileira foi perseguida por dois homens e filmada sem seu consentimento.
A jornalista Isabelle Costa, usou suas redes sociais para denunciar o assédio que sofreu durante trajeto para chegar ao estádio Lusail, onde o Brasil joga contra Camarões nesta sexta-feira (02/12).
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Segundo a repórter, ela foi abordada, filmada e seguida por alguns homens. “Estava chegando no metrô e percebi a movimentação de dois homens me seguindo e gravando”, comentou Isabelle Costa. A jornalista ainda disse que um deles teria perguntado se a repórter era “atriz pornô”. “Total constrangimento”, alegou Isabelle Costa sobre a situação embaraçosa que viveu no país da Copa do Mundo.
Ela também relatou que após os homens perguntarem se ela era “atriz pornô”, ambos deixaram o lugar rindo. “Eles saíram correndo quando viram que eu estava gravando”, comentou.