Mãe do pequeno Jorge, Kate usa as redes sociais ativamente para falar de política e maternidade, e a resposta ao bilhete foi apenas uma de suas publicações sobre o tema.
Encontrar uma instituição escolar que caminhe lado a lado com o que as famílias pensam na hora de criar seus filhos é um desafio e tanto, principalmente quando os responsáveis precisam conciliar horários e administrar da melhor maneira possível o tempo que têm com as crianças. É justamente por isso que a comunicação entre os profissionais da escola e os familiares precisa ser afinada, sempre colocando a criança em primeiro lugar.
Com o impulso das redes sociais, discursos progressistas ganharam mais destaque, principalmente entre mulheres, que compartilham suas experiências e lutas, tanto na maternidade, quanto no ambiente de trabalho.
A professora Kate Lane recebeu um bilhete da escola do filho Jorge, pedindo que enviasse frutas para que as crianças fizessem uma salada de frutas em comemoração à chegada do Outono.
Até aí, aparentemente não existe nenhum problema, não é mesmo? Mas Kate destacou um incômodo que sentiu em relação à comunicação escolar, o bilhete estava destinado às “mamães”. Sem hesitar, a mãe respondeu na própria agenda do filho, compartilhando posteriormente nas redes sociais e viralizando rapidamente.
“Olá, Cristina, gostaria de sugerir que os bilhetes viessem destinados aos ‘responsáveis’ e não somente à ‘mamãe’. Entendo que muitas vezes é a mãe quem se encarrega das tarefas domésticas e dos filhos, mas precisamos lembrar que os ‘papais’ também são responsáveis e que muitas crianças são criadas por outros membros da família, como avós, tios, tias etc. Assim seria uma maneira de não repetirmos esse discurso que só responsabiliza a mãe/mulher pelo cuidado com a casa e filhos(as)”, escreveu Kate.
![Resposta de mãe ao bilhete da escola viraliza: “Papais também são responsáveis”](https://osegredo.com.br/wp-content/uploads/2022/09/Screenshot_247.jpg)
![Resposta de mãe ao bilhete da escola viraliza: “Papais também são responsáveis”](https://osegredo.com.br/wp-content/uploads/2022/09/Screenshot_248.jpg)
A publicação rapidamente foi impulsionada nas redes sociais, viralizando e sendo muito compartilhada por outras famílias.
Com tamanha repercussão e, consequentemente, críticas de quem acredita que o discurso de equidade de gênero e de erradicação do machismo é “bobagem” ou “exagero”, Kate decidiu responder, explicando que a forma como lidou com o bilhete é uma forma de “lutar por igualdade de direitos”.
“Isso não é mimimi, isso é lutar por igualdade de direitos, isso é lutar por democracia, isso é lutar para que sejamos respeitadas. E isso é um papel fundamental da escola: ensinar a ser cidadão. Se tem gente que ainda hoje não conseguiu entender isso ou pensa diferente, ok, só não precisam fazer piadinhas ofensivas”, disse a professora na ocasião.
Equidade de gênero
Reconhecer as especificidades e as características dos grupos minoritários podem auxiliar no processo de “equilibrar a balança” social, levando em conta os direitos dos indivíduos e compreendendo verdadeiramente suas vulnerabilidades e necessidades particulares.
Quando se fala em “equidade de gênero”, supera-se a “igualdade de gênero”, reconhecendo que, ao longo da história, certos grupos foram desprezados em detrimento de outros, tentando alcançar a justiça que envolve o tecido social.
Por exemplo, quando falamos de equidade, levamos em conta que mulheres com deficiência precisam de um olhar específico sobre suas questões físicas e de saúde, assim como as mulheres que estão gestantes e as mulheres negras ou indígenas necessitam de cuidados e estratégias públicas que levem em conta suas vulnerabilidades específicas, caso contrário ainda assim viveríamos em um universo injusto, onde as possibilidades só alcançam aqueles que possuem privilégios.
Ainda que o discurso pareça algo “inofensivo”, feministas apontam que ele reforça estereótipos sexistas, como se confinassem as mulheres ao ambiente doméstico, realizando trabalhos não-remunerados e sem possibilidade de ocupar espaços e de se desenvolverem profissionalmente. Kate, assim como milhões de outras mulheres, reclamam essa equidade parental, em busca de uma divisão realmente justa das atividades domésticas e do cuidado.