Há alguns meses uma amiga me surpreendeu com um dos melhores presentes que já ganhei: um jogo de cartas com perguntas sobre a vida. Bem simples! Basta retirar a carta e responder à pergunta. Elas vão desde algo simples como “qual o seu sorvete favorito?” a perguntas complexas como “como você se vê daqui há cinco anos?”.
Aquele jogo que vai muito bem em uma viagem com amigos, jogada no sofá com as amigas, happy hour, jantar, com a família etc. E foi encantador como essa brincadeira me levou a conhecer ainda mais aqueles que eu já conhecia muito bem. E também a entender que eu não conheço tão bem aqueles que eu pensava conhecer demais. Em ambos os casos se tornou um aprendizado e uma descoberta linda sobre pessoas queridas na minha vida.
Uma brincadeira que se tornou uma experiência incrível! Eu descobri que a habilidade dos sonhos da minha mãe era surfar (nunca soube disso).
Agora eu sei qual o maior medo do meu marido. Eu sei do que meu pai se orgulha. Minha prima me descreveu perfeitamente apenas respondendo a pergunta sobre qual seria o título do livro da minha vida (e mostrou o quanto ela me conhece e fiquei muito feliz por isso). Entre as perguntas sobre quem são seus mentores, eu me emocionei ao saber que sou a mentora de uma grande amiga. E que outra amiga jantaria comigo se ela pudesse escolher cinco pessoas no mundo para jantar (tudo bem, talvez ela só tenha sido gentil).
Mas entre todas as perguntas deste jogo, eu percebi algo fantástico! Existe uma pergunta que descreve muito uma pessoa. Claro que ninguém pode ser definido por apenas uma resposta, mas após tantos relatos, vi que essa pergunta diz muito sobre o que somos e o que valorizamos.
Se você ganhasse R$ 100 milhões, o que você faria? Quantas possibilidades de respostas existem e quantas variedades de respostas eu já ouvi.
Cada resposta descreve exatamente o que pensamos sobre a vida, o que esperamos, nossas expectativas de futuro, os nossos objetivos e os nossos valores.
Ouvi pessoas respondendo que doariam a grande parte do valor. Que enorme coração eles têm! E que alegria saber que tenho pessoas tão generosas ao meu lado. Acredito do fundo do coração que elas doariam muito deste valor. São pessoas que lutam pelo que acreditam, que se preocupam com o próximo e que querem fazer parte da mudança do mundo.
Outros investiriam a maior parte para ter uma renda para o futuro e também ajudariam suas famílias. Pessoas que pensam no futuro, buscam segurança financeira, já estão satisfeitas com seu estilo de vida atual e fariam algumas (poucas) extravagancias no momento presente.
Ouvi pessoas respondendo que realizariam seus sonhos materiais, parariam de trabalhar e não fariam doações. Fariam apenas uso próprio. Que duro foi saber que eu amo e convivo com pessoas tão egoístas.
Alguns nem saberiam o que fazer. Pessoas indecisas sobre o agora e o futuro. Que até reclamam da sua vida atual, mas que se ganhassem este dinheiro não saberiam o que fazer com ele.
Quando conhecemos uma pessoa imaginamos que elas têm valores e objetivos de acordo com o que elas falam e a forma como agem frente as diversas situações da vida. As ações das pessoas podem demonstrar muito sobre o que ela é, mas não é apenas isso.
Augusto Cury, psiquiatra e escritor de autoajuda, diz: Não se conhece um ser humano pela doçura da voz, pela bondade dos gestos ou pela simplicidade das vestes, mas tão somente quando se lhe dá poder e dinheiro.
Após um jogo distraído de cartas, tenho que concordar que o dinheiro e o poder dizem muito sobre nós, sobre o que realmente valorizamos e sobre o que buscamos na vida.
Por fim, na minha vez de retirar esta carta, confesso que minha própria resposta não me agradou muito, mas definiu muito bem o que eu desejo e valorizo.