Quando a gente decide partir começa naturalmente a se abraçar com um novo mundo. Não falo apenas de um mundo geograficamente novo. Falo da quantidade de informações desconhecidas que passamos a consumir.
A minha partida foi em maio de 2015, mas a decisão veio lá em fevereiro. Os motivos para a viagem? Ainda me faltam as justificativas bonitas, mas uma teve um peso a mais na balança. Eu precisava estar sozinha comigo. Não falo da solidão “sumam todos daqui”. É a solidão que extingue compromissos, hora para tudo, pega o carro e vai logo ou a vontade que ficou de ter aqueles escassos cinco minutinhos na cama.
Não foi uma crise existencial, uma grande perda ou um descontentamento profissional. Foi só uma necessidade de pular, de dar um salto para dentro de mim, de estar sozinha para ter controle sobre os próprios respiros e suspiros. A rotina agitada é inimiga da respiração e eu queria ares mais leves.
Em um desses meses de pré-viagem eu li um texto do blog Antônia no divã, desses em que não é apenas o chapéu que serve, é a fantasia inteira… Um dos trechos dizia:
“É preciso ir embora. Ir embora é importante para que você entenda que você não é tão importante assim, que a vida segue, com ou sem você por perto.”
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Eu pensei sobre isso e em como a gente não arreda o pé porque se acha importante demais. Existem muitas desculpas para ficarmos exatamente no lugar em que estamos: uma hora é o emprego, outra o relacionamento, quase sempre o dinheiro curto ou “ó, meu deus, quem vai cuidar do meu cachorro?”
No fundo, a gente sente um medo danado de ir embora porque só de pensar na possibilidade de ninguém sentir a nossa falta, já dói. E eu vou te dizer… Depois de oito meses longe do ninho, tenho uma notícia boa e aquela outra “que a gente geralmente não quer saber”.
Como manda o roteiro, vou começar pela segunda: se não fosse o rebuliço que as viagens causam nas redes sociais, a maioria das pessoas nem perceberia que você foi até a esquina. A boa? Como dizem os refrões do momento, tem “aquele 1%” e isso vai fazer a diferença. Eu garanto que é somente nesse 1% que você vai pensar quando fechar os olhos e só ver saudade. A gente pode não ser tão importante como imagina, mas o pouco que é… isso é o que realmente importa.